sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

                               Até que alguém nos separe!

         Outro dia, papeando entre amigos percebemos que a nossa geração de 60, 70, 80 anos é a que manteve os casamentos indissolúveis, sem trocar de parceiros.


Ultimamente, as separações ocorrem diuturnamente, e fica difícil perguntar do parceiro ou da parceira a amigos que não se vê há um bocado de tempo...  Os casais estão trocando os pares logo após o casamento, mesmo tendo jurado se amarem até que a morte os separasse...
Conheço casamentos que duraram quatro meses apenas, apesar da cerimônia ter sido uma coisa de sonhos, com a noiva vivendo o papel de uma princesa que encontrara um príncipe encantado... Outros casamentos que se dissolveram após trinta anos de vida em comum também aconteceram...
Antigamente, o casamento era para sempre. O juramento dizia: “Ser fiel ao outro até que a morte nos separe!”
Essa jura de amor perdeu o sentido e deveria ser substituído com ...  “Até que alguém nos separe!” Porque é isso que acontece amiúde.
Com essa onda de separações, há famílias com filhos de três uniões diferentes e o convívio nunca é fácil. Principalmente na adolescência. Em nossas famílias ainda prevalecem só filhos de uma única união. Se bem que isso não garanta a harmonia total.
Acredito que a nossa geração será para a história da humanidade a última geração de casamentos únicos. Depois de nós, muitos casais trocaram de parceiros uma ou duas vezes.
Não deve ser nada fácil acertar os ponteiros com dois, três parceiros diferentes sobre a saúde e a educação dos filhos. O desentendimento é a tônica nesses diálogos. E os filhos ficam sendo jogados como bolinhas de pingue pongue, pra lá, pra cá. E como ficam os seus sentimentos, já que não pediram para nascer?
Vendo novelas japonesas e coreanas, percebi que essas separações ocorrem também nesses países onde a educação é mais rígida. E em países de regime totalitário também ocorrem... E a religião não faz diferença. Católicos, evangélicos, budistas, muçulmanos, todos têm histórico de dissolução de casamentos...
Quando eu era jovem e solteira, uma amiga de infância voltou para casa após uns meses de casamento. Ora, na época não se  admitia uma coisa dessas. O noivo trouxe a moça e devolveu aos pais. Foi um bochicho escandaloso, mas ninguém soube a razão verdadeira do fato. A moça era educada e boazinha. Talvez fosse inocente demais, quem sabe? Acho que a família que era de origem japonesa achou isso o maior desaforo que um genro poderia aprontar. Mas aconteceu, e isso foi nos anos cinquenta...
Daí pra cá tudo ficou mais aceitável. E as separações ocorrem muitas vezes na mesma velocidade em que se casam... Até o divórcio ser aprovado no Brasil, as separações eram mais raras. Mas, hoje... Além disso, os casamentos formais estão praticamente extintos. Os jovens dizem “Vamos juntar os trapos” e vão morar juntos, mesmo sem o consentimento dos pais e demais familiares. Antigamente, o casamento tinha que ser sacramentado e abençoado pelo Padre e comprovado pelo Juiz de Paz e testemunhas.  E mais importante que tudo isso era a bênção dos pais e amigos... Os jovens modernos dispensaram tudo isso.
E as viúvas procuram parceiros, com quem nem se dão ao trabalho de casar... São os Namoridos, já aceitos como membros da família.
Como ficou a sociedade com essa troca troca de pares?  Para quem está vivendo esses dramas é tudo normal e aceitável. Mas, para os avós fica um pouquinho complicado, porque há netos consanguíneos e outros que não são. Mas, passam a ser netos desde que se tornem meio irmãos dos verdadeiros netos... E também há o risco de casamentos entre irmãos consanguíneos, uma vez que há tantos lares desfeitos e filhos esquecidos no mundo, que não sabem quem são seus verdadeiros pais.
Conheci um jovem que estava a fim de descobrir o verdadeiro pai... E juntou um dinheiro para viajar e encarar a fera... Mas, um amigo lhe disse: “Rapaz, se ele te abandonou quando nasceu e nunca se deu ao trabalho de vir te conhecer, pra que você quer vê-lo? Será que ele te acolherá com amor? Ou será uma outra decepção?”  E aí, ele desistiu da ideia.
E assim, há tanta gente neste mundo que foi jogada pelo pai, e vive ao Deus dará. Quando há uma mãe que assume e cuida, ainda poderá ser salvo. O mais estranho de tudo isso é que os bichos não jogam suas crias, mas o homem ser racional é capaz disso.
Eu não sei como será o futuro da humanidade com essa avalanche de filhos de pais diversos... Acredito que irão ocorrer  fatos estranhos, como a união de irmãos consanguíneos, que os cientistas não recomendam. Gens iguais se cruzando podem gerar filhos com anomalias ... E isso ninguém quer.
Por enquanto, enquanto os casais não permanecerem fiéis um ao outro, os padres deverão mudar o juramento.
“Até que alguém os separe!”
Mirandópolis, fevereiro de 2017.
kimie oku in


Um comentário: