Eutanásia
Na última semana essa palavra foi
pensada e pronunciada várias vezes em
casa, com um misto de dor e muita pena.
Mas, as circunstâncias tornavam-na inevitável. E eu ficava arrepiada sempre que
a ouvia...
Nina, uma boxer de 14 anos estava na
fase terminal de sua doença, com tumor no cérebro e sofrendo muito. Convulsões,
que deixavam impotentes a quem estava perto cuidando...
Tive uma experiência dolorosa de
eutanásia. Então, só de pensar no ato final, meu coração se encolhia de dor.
Porque não é nada fácil tirar a vida de um animal, mais ainda de um animal que
amamos. Tivemos que executar o Fred, um boxer lindo que teve leishmaniose. E na
época, ainda não havia cura...
Pelos anos de companheirismo e carinho
não poderia pedir a um Veterinário para simplesmente acabar com ele. Fiquei com
ele no colo até o fim, mas demorou muito para entregar os pontos... Chorei o
tempo todo e o Tom me disse que isso não deixava o Fred partir... Estava com pena de mim... As palpitações
vitais foram cedendo e senti a vida se esvair de seu corpo magro e maltratado
pela doença.
Como amava o nosso sítio, o enterramos
lá à sombra da mangueiras... Deve ouvir
o canto de todos os passarinhos e o latido de outros cães que lá aparecem.
Acredito que deve estar nos campos verdes do Criador, correndo atrás de outros
companheiros e latindo firmemente para alguma vaca, como gostava de fazer. Ou
nadando nos açudes sob o céu de verão... Fred...
Quando meu filho disse que a Nina seria
executada, sofri dolorosamente só de pensar no que ele e a Juliana teriam que
passar. A ideia da eutanásia não saia de minha cabeça, e pedi a Deus para que
fosse misericordioso e levasse a Nina de forma natural. E assim foi. Deus a
levou sem que fosse infligido mais sofrimento a ela.
Gosto e aprecio os animais, mas a morte
do Fred me traumatizou para sempre. Nunca mais quero me apegar a esses
bichinhos, porque eles se apossam de nosso coração e um dia vão embora. Já
bastam as mortes de membros da família, que
despedaçam nossa alma...
Eutanásia?
Medida extrema e muito dolorosa.
Em algumas circunstâncias é inexorável.
Mas, é bem mais aceitável a morte natural.
O Senhor é o único dono de nossas vidas...
Nina...
Mirandópolis,29 de janeiro de 2018.
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