Estudando a língua materna
De repente me deu uma
vontade imensa de voltar a estudar a Língua Japonesa.
E me inscrevi num
grupo de estudos de pessoas que pesquisam, estudam e trocam ideias sobre o
alfabeto e a cultura japonesa. O grupo é de “Caligrafia Japonesa e Kanji” no
face e é muito interessante. Tem gente afiada que ensina os iniciantes e tem
gente que estuda pra caramba. Estou tentando me localizar no grupo, mas estou
bastante animada, porque não estou sozinha nesse aprendizado.
E ao longo dos anos
que venho estudando, percebo que quanto mais estudo, mais quero saber e mais
kanjis são criados no dia a dia. Então, em Japonês, você nunca saberá tudo,
como no Português, que se resume no alfabeto com vinte e seis letras ou sinais.
O alfabeto japonês é
originário do antigo chinês, mas bem simplificado. Muitos ideogramas lembram as
figuras que representam. Inicialmente, eram usados ícones, que foram
simplificados para facilitar a escrita. A palavra RIO é representada por três
traços, que escorrem de cima para baixo. MAMÃE é representada por um quadrado
(bolsa ou útero) amarrado onde há duas gotas (leite). E por aí vai...
Saber o significado dos traços facilita a
memorização. A questão é que existem muitos ideogramas e decorar todos eles é
uma barra. A lembrança mais singular e comovente que tenho é de meu pai traçando
com o dedo, os ideogramas na mesa da cozinha. Ele usava as gotas d’água que
caiam das tampas de panelas, quando mamãe punha a mesa para a gente almoçar ou
jantar. Éramos tão pobres que nem usávamos toalhas na mesa. E na tábua crua e
lisa, papai desenhava os ideogramas, que só ele sabia ler. Sempre ele fazia
assim e por respeito à sua concentração, nunca perguntamos o que significavam
aqueles símbolos. Mais tarde descobri algumas anotações suas e constatei que
ele tinha uma letra muito bonita.
Nunca frequentei uma
Escola Japonesa quando criança. Getúlio Vargas proibiu o funcionamento de
Escolas japonesas, porque o Brasil estava ao lado dos Aliados e contra o Japão
na Segunda Guerra. O governo brasileiro temia uma rebelião dos japoneses aqui
radicados com a derrota do Japão. E com isso, perdi a oportunidade de estudar a
língua materna na infância. Só depois de adulta e já me aposentando como
Professora é que passei a estudar o Japonês. E descobri que estudar a Língua
japonesa é um grande desafio.
Já li muitos livros
japoneses sobre alguns heróis do Japão e copiei textos e mais textos com o
pincel e tinta a carvão. Aprendi muitos ideogramas, mas estudar sozinha é
desanimador.
Mas, agora bola pra
frente! Achei um grupo no face que também estuda. E estou muito animada.
Gambarimashou ou
vamos pelejar!
Mirandópolis, janeiro
de 2020.
kimie oku in
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