quarta-feira, 8 de janeiro de 2020


            Estudando a língua materna
     
      De repente me deu uma vontade imensa de voltar a estudar a Língua Japonesa.
      E me inscrevi num grupo de estudos de pessoas que pesquisam, estudam e trocam ideias sobre o alfabeto e a cultura japonesa. O grupo é de “Caligrafia Japonesa e Kanji” no face e é muito interessante. Tem gente afiada que ensina os iniciantes e tem gente que estuda pra caramba. Estou tentando me localizar no grupo, mas estou bastante animada, porque não estou sozinha nesse aprendizado.
      E ao longo dos anos que venho estudando, percebo que quanto mais estudo, mais quero saber e mais kanjis são criados no dia a dia. Então, em Japonês, você nunca saberá tudo, como no Português, que se resume no alfabeto com vinte e seis letras ou sinais.
      O alfabeto japonês é originário do antigo chinês, mas bem simplificado. Muitos ideogramas lembram as figuras que representam. Inicialmente, eram usados ícones, que foram simplificados para facilitar a escrita. A palavra RIO é representada por três traços, que escorrem de cima para baixo. MAMÃE é representada por um quadrado (bolsa ou útero) amarrado onde há duas gotas (leite). E por aí vai...
       Saber o significado dos traços facilita a memorização. A questão é que existem muitos ideogramas e decorar todos eles é uma barra. A lembrança mais singular e comovente que tenho é de meu pai traçando com o dedo, os ideogramas na mesa da cozinha. Ele usava as gotas d’água que caiam das tampas de panelas, quando mamãe punha a mesa para a gente almoçar ou jantar. Éramos tão pobres que nem usávamos toalhas na mesa. E na tábua crua e lisa, papai desenhava os ideogramas, que só ele sabia ler. Sempre ele fazia assim e por respeito à sua concentração, nunca perguntamos o que significavam aqueles símbolos. Mais tarde descobri algumas anotações suas e constatei que ele tinha uma letra muito bonita.
      Nunca frequentei uma Escola Japonesa quando criança. Getúlio Vargas proibiu o funcionamento de Escolas japonesas, porque o Brasil estava ao lado dos Aliados e contra o Japão na Segunda Guerra. O governo brasileiro temia uma rebelião dos japoneses aqui radicados com a derrota do Japão. E com isso, perdi a oportunidade de estudar a língua materna na infância. Só depois de adulta e já me aposentando como Professora é que passei a estudar o Japonês. E descobri que estudar a Língua japonesa é um grande desafio.
      Já li muitos livros japoneses sobre alguns heróis do Japão e copiei textos e mais textos com o pincel e tinta a carvão. Aprendi muitos ideogramas, mas estudar sozinha é desanimador.
      Mas, agora bola pra frente! Achei um grupo no face que também estuda. E estou muito animada.
      Gambarimashou ou vamos pelejar!
      Mirandópolis, janeiro de 2020.
      kimie oku in


Nenhum comentário:

Postar um comentário