domingo, 1 de maio de 2022

 

Carência...


Na última Cirandada percebi a importância das nossas reuniões.

Os idosos isolados por dois anos sentiram que a vida estava indo embora... E muitos deles sofreram com a obrigação do confinamento.

Só de saber que não podiam sair, que deveriam permanecer em casa, os levou ao desespero. Mesmo sabendo do vírus inimigo que rondava o ar,  ficar limitado aos quatro cantos da moradia foi  difícil demais.

Os idosos em sua maioria não têm vida social ativa. O máximo que  usufruem é de uma conversa com os vizinhos,  um abraço nos netos, um contato rápido com os filhos, uma ida na quitanda onde encontram amigos...

E tudo isso foi proibido.

Foi como apagar a luz de suas vidas.

Tudo ficou nebuloso, incerto e triste. 

Todos os idosos ficaram de castigo.

Para a gente jovem é menos traumático. Porque eles têm a vida toda pela frente.

Mas, os idosos já estão no limiar da vida, ninguém garante o porvir... E é aí que estava a ansiedade. Terminar a vida nessa agonia, sem uma alegria, sem um contato, do quarto para a cozinha, da cozinha para a varanda. Só espiando a vida que estava indo embora.

O ser humano é gregário, não gosta de ficar só.

Então na última Ciranda, a conversa, as confissões, a cantoria, a dança libertaram os cirandeiros. E todos riram muito, soltaram a franga.

E na despedida:

"Quando será a próxima?"

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