40 Graus
A chuva que passou por aqui deu uma
pequena trégua ao calorzão, que estava de matar. Os marcadores estavam se
aproximando perigosamente dos 40 graus, à sombra. As plantas morrendo, o gado
sem capim, os açudes secando, as hortas esturricando os legumes, o milharal que
nem embonecou, as mangas cozidas por
dentro no próprio pé... Triste amostra do que o sol implacável faz com a Terra.
Mas, caíram umas chuvas e a desgraça maior foi afastada.
Entretanto, com dois dias sem chuva, o calor
voltou com força total. E às dez horas da manhã, já está de estralar pipocas no
asfalto. Sem climatizadores e ventiladores, a vida está ficando irrespirável.
Nessas horas, eu me lembro do filme “Rio
40 Graus” de Nelson Pereira dos Santos, que foi lançado em 1955. O filme mostrou
os contrastes gritantes entre a paisagem belíssima, que cercava a cidade do Rio
de Janeiro, e a vida dura, difícil e desorganizada da sociedade dos cariocas.
Como disse a canção de mesmo nome Rio 40 Graus de Fernanda Abreu, Fausto
Fawcett e Laufer: “... Cidade maravilha, purgatório de beleza e de caos...”
O Rio é uma cidade litorânea e tem altas
temperaturas durante a maior parte do ano. E 40 Graus não é impossível,
principalmente nesses tempos quentíssimos. Mas, o corpo humano não suporta tais
temperaturas, então é necessário e urgente controlar o clima, para as pessoas
não morrerem como morrem as plantas e os animais mais sensíveis.
E todo mundo reclama do calor, da falta de
água, do gado morrendo, dos legumes e verduras chegando a preços astronômicos.
Da falta de aparelhos para refrigerar ambientes, e de seus preços assustadores.
Mas, o que me espanta é que ninguém,
ninguém vai até a verdadeira causa desse calor insuportável. Nem os
governantes, nem os Departamentos responsáveis pela preservação do meio
ambiente, ainda não levantaram a bandeira de “Reflorestar o Mundo”. É urgente e
inadiável começar a plantar árvores e mais árvores para melhorar o clima da
Terra, para preservar a fauna e para garantir mais chuvas, que refresquem esse
nosso chão.
E o mais triste é constatar que, os
cidadãos aqui da cidade cortam árvores e ninguém os pune. Conheço gente que,
derrubou árvores para exibir a beleza da casa reformada e, outros que as
derrubam porque dá trabalho varrer as folhas que caem... Eles não pensam nos
benefícios. E não pensam nas dezenas de pássaros que têm ninhos em seus galhos,
com ovos e filhotinhos... E quando circulam por aí, ficam enlouquecidos
procurando uma sombra, para abrigar o seu carro...
Tenho um amigo, o Osvaldo Resler que
empunhou essa bandeira de plantar árvores e defendê-las para que não as
derrubem. E todo mundo sabe que ele só fala nisso, mas não sabem valorizá-lo e
respeitá-lo como merece. Os alienados são os outros que, ainda não atentaram
para a necessidade de replantar árvores.
Sabemos, como ele já cansou de denunciar
que, as máquinas derrubam velhas árvores cheias de vida na calada da noite, e
seus troncos e galhos são enterrados para não deixarem os vestígios do crime. E
tudo prá que? Para transformar os campos em canaviais, que fornecem o álcool,
que dá o Money... Mundo cão! Quando
não houver mais o que beber, o que comer, o homem comerá dinheiro? E que mundo
deixará para as gerações futuras? Para os filhos, os netos e seus descendentes?
Um
mundo devastado, sem árvores (Você faz ideia de um mundo sem árvores?). Árvores que amortecem o barulho das
indústrias, dos carros e dos aviões. Sem árvores seria insuportável viver nas
grandes metrópoles. O povo ficaria totalmente surdo. Árvores que dão sombras
benfazejas, que são ilhas de refúgio no
asfalto escaldante. Árvores que enfeitam a paisagem com suas flores, folhas e
seus pássaros. Árvores que purificam o ar absorvendo os gases e fornecendo o
oxigênio para nós. Árvores que amenizam as temperaturas, barrando os raios
solares...
Honestamente, gostaria de saber a razão de
nenhum governante encarar essa missão de reflorestar o mundo. Mesmo que a Governante-mor
não assuma isso, a nossa Prefeitura poderia facilmente implantar um projeto de arborização,
incentivando a população com sementes, mudas e fertilizantes. Não é um projeto
caro. O que é necessário é vontade política, convocação da população e metas,
como plantar mil árvores durante o ano. É claro que deve haver uma ordem, uma
organização, para não plantar em lugares inadequados. Acredito que a população
irá aderir com entusiasmo, e cuidará para que as mudas se transformem em
grandes árvores, que produzam sombras frondosas.
Talvez a ideia não seja ambiciosa, mas é
assim que deve ser. Começar devagar e ir crescendo aos poucos e envolver todos
os cidadãos, porque ninguém gosta de ficar ensopado de suor e viver irritado,
porque o calor sobe à cabeça. Quando o tempo refrescar agora, com a mudança de
Verão para Outono, já poderíamos ter esse Projeto pronto para por em prática.
Tenho certeza absoluta do sucesso dessa
plantação, porque é em benefício de todos. Taí uma sugestão séria para quem
quiser abraçar a causa. Pelo menos não ficaríamos de braços cruzados chorando
de calor, e reclamando dos que nada fazem para melhorar o clima da Terra.
Ou vamos tentar sobreviver com 50 Graus?
Mirandópolis, fevereiro de 2014.
Em principio no que vou falar, obrigado minha amiga e respeitosa Kimie Oku por citar meu nome na sua e espetacular crônica que retrata muito bem o valor que nossas árvores têm em relação a nossa vida e também dos outros seres, animais e vegetais. Sem elas será um fim dramático para nossas vidas e sempre falo nas minhas postagens que o ser homem está em plena extinção. Eu e um senhor de nome João que mora numa simples e meiga casa no bairro "Pito Acesso" e quem dificuldades de se locomover, estamos simplesmente chegando a quase quinhentas arvores plantadas sós na explanada da estação da ferrovia da NOB. É uma realidade que está lá para quem quiser conferir, elas agora com a chegada das águas estão frondosas e belas, todas são ciliares de matas de nossa região. E ainda como nossa amiga disse, “ele está sempre implicando e defendendo as arvores da cidade e do campo, e ninguém o ouve e dá-lhe credibilidade", é isso, estou cansando de ver nosso poder público de todas as esferas Federal, Estadual e Municipal e até os próprios donos dos imóveis da cidade "acham" que elas são um estorvo para frente de suas edificações, aí, cortam-nas demasiadamente e até subtraem-nas (arrancam) que tal fato chega a levar a morte. Fico triste de quando passo e vejo alguém cortando uma arvore seja ela o que for frutífera ou não, e tenho pena da ignorância do feitor de tal ato, ele não sabe o que está fazendo. Na nossa legislação é crime e ainda maior um crime contra nossa natureza, nosso ecossistema. Somente a educação e uma campanha, começando pela esfera municipal em formar bosques, porque plantar uma arvore em qualquer lugar e sem cuidados, elas não conseguem sobreviver, isso tenho consciência porque sofri com agressões no bosque da estação, com fogo e danos pelo próprio HOMEM. Quando pequenas tive que regá-las para não padecerem com a seca. Não adianta somente doar mudas, mas tem que ter um lugar correto e fiscalizar, inclusive as que podam na cidade, fiscalizar o antes e depois das podas para que façam de acordo com o regulamento que existe na municipalidade. Salvem nossas arvores!
ResponderExcluir