quarta-feira, 19 de março de 2014

       
          O  Lixo do homem

         Li num livro de História antiga do Japão, que os pesquisadores descobriram cemitérios de ostras, onde moraram os primeiros habitantes  japoneses.  Salvo algumas estacas no chão, marcando onde moraram, só havia conchas de ostras. Isso atestava que consumiram esses animais para sobreviverem.
         Esses japoneses ainda meio bichos, meio gentes viviam nas florestas das ilhas e, por certo devem ter sofrido muito para se protegerem das feras, e das intempéries como chuva, vento, neves... E o único vestígio de sua passagem foi o cemitério de conchas fossilizadas, enterradas na terra dos vales onde habitaram.
      Esses humanos dos primórdios dos tempos não eram civilizados, não tinham modos, não conheciam nada, eram xucros como animais indomáveis e, sua luta diária era apenas a busca de comida e de proteção.
       Muitos devem ter sido atacados para servirem de pasto para as feras, porque nem possuíam abrigos para se defenderem delas. E por milênios, a luta pela sobrevivência continuou.
     Pouco a pouco, descobriram meios de defesa e proteção próprios. E acabaram se reunindo em grupos ou tribos, para melhor se protegerem. E aí premido pela necessidade, despontou o homem faber que passou a construir armas para caçadas, coberturas para seus abrigos, chegando a usar as peles dos animais como vestimentas para o corpo. E aí, inventaram os vasilhames. E com a descoberta do fogo tudo mudou.
         Devagarinho, o homem foi sofisticando suas invenções. Cada geração acrescentava novas descobertas, ou invenções ao arquivo da humanidade. E desde a descoberta do fogo e da roda, muita coisa se acelerou. Havia mil possibilidades para inventar e melhorar as descobertas. E veio a máquina, o motor, o avião, o filtro d’água, o remédio, a panela, a geladeira... E por aí foi...
     E chegamos à nossa Era. Era moderna, onde tudo se cria, se reinventa e se transforma a cada segundo, numa celeridade nunca antes sonhada. Era da Informática, das Usinas Nucleares, Era Global... Era das Máquinas... Das Aeronaves... Dos Robôs... Do Petróleo... Da Microfibra... Da Fibra Ótica...


   Infelizmente, o homo sapiens, que transformou esse mundo numa imensa linha de montagem de invenções, não descobriu ainda um meio de controlar o lixo. O lixo doméstico das cozinhas e banheiros, o lixo contaminado de hospitais, o lixo do comércio, com os milhões de folders, panfletos, caixas, embalagens e sacolas... O lixo das Usinas Nucleares...
         Como é lixo mesmo, as pessoas não têm o cuidado necessário para lidar com ele, e dar uma destinação cuidadosa e adequada. Muitas donas de casa ao eliminar pelancas de carnes e ossos de frangos não têm o cuidado de congelá-los para colocar no lixo. Por que congelar? Para evitar que apodreçam ao sol quente nas lixeiras atraindo varejeiras, que fazem a festa se multiplicando em milhões... Tão simples, mas que pode ser adotado por todos que limpam peixes, frangos e outros animais. Essa medida ajuda a diminuir o mau cheiro e a proliferação de moscas, que tanto incomodam a gente. E como tem mosca em Mirandópolis!
   Felizmente, em nossa cidade o lixo reciclável está sendo reaproveitado e o recolhimento está acontecendo. Com isso percebemos que, a quantidade do lixo reciclável é superior ao do lixo de cozinha e banheiro.
     No Japão, o lixo reciclável tem que ser embalado em sacolas apropriadas: Sacos Azuis para papel e todos os derivados, como caixas, papelão, livros, cadernos; Sacos Vermelhos para plásticos, sacolas e garrafas pet; Sacos Verdes para recolhimento de vidros, espelhos, copos, garrafas; e Sacos Amarelos para recolher metais como canos, latinhas de cerveja e refrigerante, pregos. Os cidadãos têm que comprar esses sacos, que são muito caros. O Professor Kakutani, que deu aulas na Escola Japonesa daqui, nos explicou que, os sacos são caros para desestimular a população a produzir lixo.
         Taí uma medida interessante: Desestimular a produção de lixo. Nas escolas e nos escritórios do Brasil joga-se muito papel, por hábito. Papel sulfite e cadernos são usados e jogados a torto e a direito. Não acreditam? Olhem os cadernos de seus filhos e netos. Verão que os cadernos de 2013 ficaram com a metade ou mais folhas sem usar. E vai tudo pro lixo. Por que reciclar o que não foi usado ainda? Não é burrice?
         O povo tem que ser reeducado. Comprar cadernos mais finos, porque esses de dez ou mais matérias só servem para enriquecer os fabricantes, e os comerciantes que os vendem. Os pais pagam por algo que os filhos-alunos nem irão usar. E quem paga mais caro é a Terra que fica cada vez mais deserta de árvores...
      Mas, o que tem a ver os japoneses primitivos que consumiam ostras com a humanidade de hoje? Tem que eles não conheciam a Civilização da Era Moderna, mas viveram frugalmente e não destruíram o ambiente em que viveram. Os primitivos só deixaram restos de ostras, como atestados de sua passagem na Terra. Não emporcalharam o mundo que pisaram, como fazem hoje os “civilizados”.
      Tenho um amigo em São Paulo, o mirandopolense Jozé Augusto Lisboa que, costuma observar o chão de asfalto das cidades por onde percorre, para fotografar coisas inusitadas que lá estão enterrados: pregos, parafusos, moedas, chaveiros, ferramentas, tampinhas, pedaços de carros, placas e pedaços de pneus, que atestam a passagem do homem moderno pela Terra. Do homem Civilizado.
         E estou escrevendo isso por estar indignada tanto quanto os meus amigos Isabel e Dedé, pela falta de consciência de cidadãos mirandopolenses, que jogam seus lixos, suas imundícies à beira das estradas vicinais. Não acredita? Dê uma passadinha lá no começo da vicinal que vai para a Usina. A subida logo após a ponte virou um imenso lixão a céu aberto, por conta de gente irresponsável, que tem o capricho de levar suas porcarias e seus dejetos e jogá-los lá...  De vez em quando, tem também bando de urubus se banqueteando na imundície. E a chuva vem e traz todas aquelas porcarias que estão em sacos plásticos, para o corguinho que há na ponte...
     E assim, cidadãos de Mirandópolis estão matando mais um veio d’água, por pura irresponsabilidade e falta de cidadania. Bando de idiotas! E o duro é que idiotice não tem cura. Não sabem que matando o corguinho, a mata ciliar também irá morrer junto, e o calor vai ficar insuportável?  Já imaginou o pedaço sem a área verde?



         
         A Prefeitura poderia colocar uma caçamba no local para recolher esse lixo. Mas, ninguém se preocupa com o lixo e não gosta de ver seu nome ligado a ele, porque lixo não dá votos, não é mesmo?
      É uma cadeia de desleixo e irresponsabilidade, que tão facilmente poderia ser solucionado. Até já ouvi falar que, criaram no município o Departamento de Meio Ambiente. Então, por que nada foi feito até agora para resolver esse problema? 
      Sugiro que o pessoal desse Departamento dê uma circulada na cidade, nas periferias, e veja quanta coisa tem que ser mudada. Há tanto que fazer!
         Ou isso não é tarefa do Departamento de Proteção ao Meio Ambiente?

          Mirandópolis, março de 2014.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
                  

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