domingo, 27 de novembro de 2016

A morte do nosso Planeta
  
 Quando Deus criou o homem, lhe deu um lugar para morar, o planeta Terra. E há milhões de anos, os seres humanos e os demais viventes têm pisado esse chão, que inicialmente era um verdadeiro paraíso para se morar.
      Não acredito na história ridícula de Adão e Eva, mas creio piamente que o Paraíso existiu em nosso planeta. Era um lugar coberto com florestas imensas, onde viviam os homens e todos os seres viventes de forma mais ou menos pacífica... Havia rios e cascatas onde seres aquáticos viviam livres e saudáveis.
      Era para o homem viver eternamente nesse paraíso, mas  obcecado em procurar meios para facilitar sua vida, ele foi aos poucos destruindo tudo que havia ao seu redor. Destruiu as matas, poluiu os rios, apodreceu o solo com venenos tóxicos... Caçou até a extinção a maioria dos bichos, mesmo os que não eram fontes de sua alimentação. Muitos foram mortos pelo simples prazer de caçá-los e vencê-los.
      E nessa esteira de destruição, aos poucos conseguiu desertificar várias regiões da Terra e despovoá-las. As regiões habitáveis estão se reduzindo cada vez mais.
     A irresponsabilidade do homem em relação à natureza chega a níveis inomináveis. Ninguém se importa com o meio ambiente, com as árvores que estão sendo devastadas, com os rios sendo assoreados e com o ambiente poluído. É como se cuspisse no prato que come todos os dias...
    Eu sinto essa irresponsabilidade em todos os níveis governamentais, e até nas Ongs, que gritam e esperneiam mas já se calaram diante da tragédia de Mariana... Parece até que se esqueceram dos moradores ribeirinhos, que sofrem as consequências e sofrerão por muito tempo ainda. Ninguém se preocupa com a dor alheia. E as autoridades fazem cara de paisagem, para o problema que devastou imensas áreas, em dois importantes Estados.
      Na Chácara Prando, onde realizamos os encontros da Ciranda, há uma matinha ciliar em volta de um corguinho de pouca água que, corre mansamente na sombra. Esse córrego era alimentado por pequenas minas, ou olhos d’água, que havia logo acima. Certa vez fomos conhecer a matinha de perto, e até pensamos em realizar um encontro à sombra das árvores, porque é um lugar muito bonito e agradável. Há um imenso salão natural, com cobertura totalmente verde, que poderá ser usado como local de veraneio. Ainda não fizemos nenhum piquenique lá... Mas, quem sabe um dia? É totalmente verde e refrescante lá.
     Pois bem, daí uns tempos, foi feito um loteamento, onde se construíram muitas casas, logo acima da Chácara dos Prando. E ao realizarem a terraplenagem do espaço, toda a terra removida veio ladeira abaixo... E enterraram todos os olhos d’água...
      Chamaram o IBAMA, mas nada foi feito.
     A areia tomou conta do espaço, e as minas foram enterradas. E a água que corria por lá diminuiu drasticamente de volume. E não vai demorar para a matinha ciliar perder a força e acabar secando... Chega a doer o coração ao constatar que, aquela bela matinha estará extinta em futuro próximo...
      O que assusta nesse episódio é que pequenos veios de água estão sendo enterrados todos os dias e ninguém se preocupa. Ninguém toma uma atitude. Um olho d’água é enterrado aqui, outro ali, e logo o córrego acabará secando. Ora, os córregos e os pequenos riachos são os afluentes que alimentam os rios. Quando se extinguem os afluentes, em consequência os rios acabarão morrendo. E a morte de um rio significa a morte da biodiversidade que vive em suas águas.
     Todos comentam que os rios estão sendo assoreados com as terras que descem das roças, dos morros e das colinas. Os lavradores trabalham a terra e quando ela fica solta sem plantio, vem a chuva e leva toda a camada cultivável para os lugares mais baixos, onde correm os ribeirões. Para se evitar que essa terra se deposite no leito dos riachos, sempre existe uma proteção natural de árvores que é a chamada mata ciliar, porque funciona como os cílios que não deixam os ciscos atingirem nossos olhos.
     Mesmo com tantas leis de proteção ao meio ambiente, percebe-se a irresponsabilidade de empresas que trabalham com a terra e com os rios. As matas ciliares estão se reduzindo mais e mais e, os leitos de rios estão virando depósitos de todo lixo que o homem produz. Não sei que destino estão dando ao lixo biológico dos hospitais da cidade, mas um tempo atrás era jogado no córrego que passa na Área Verde... E o córrego alimenta rios e as pessoas nadam neles, consomem seus peixes... Daí, vira um círculo vicioso: aumenta a população doente que vai para os hospitais e produz o lixo biológico, que por sua vez é jogado nos rios, onde se desenvolvem e multiplicam rapidamente as bactérias, os vírus e os fungos... Tudo errado! Espero que isso não esteja mais acontecendo.
      Os rios são fontes de vida e como tais devem ser preservados, para que toda a natureza se desenvolva de forma saudável.
    No Japão, o tratamento dado aos rios e aos mananciais é de tal reverência, que até fazem romarias anuais em alguns vilarejos, para agradecer a bênção da água. Festivais são realizados com danças e orações de forma muito tradicional, em agradecimento à água que alimentou os arrozais e pedindo que ela nunca falte... E assim, todos os cidadãos aprendem desde muito pequenos a respeitar os córregos, os rios, enfim a água tão indispensável à vida.
      Em alguns povoados primitivos, os pequenos rios foram desviados de seu curso natural para correrem nos quintais das casas. Mas, tudo feito com pedras para garantir que a água corra sem desperdício. E os moradores cultivam pequenas hortas alimentadas por essa água gratuita que desce do morro. E as donas de casa lavam os legumes nessa água corrente... Lavam suas louças. E os restos de comida alimentam os peixes que lá vivem tranquilamente. Em perfeita harmonia com outros seres viventes. Relação respeitosa e harmônica dos moradores com todos eles...
      Quando temos muito, nem sempre aprendemos a poupar, a evitar o desperdício. No Japão há pouca terra cultivável, então cada pedaço é cuidado como um tesouro herdado de ancestrais. .
      No Brasil, há extensões e extensões de terras não cultivadas, por isso damos pouca importância às áreas que nos pertencem. Deixamos que derrubem o único pé de ipê que há no meio dos canaviais, para não atrapalhar as máquinas que vem colher os talos de cana. Deixamos destruir as matas ciliares, porque alguém quer a madeira das árvores centenárias para vender...
     E assim, caminhamos de olhos vedados para não testemunhar os crimes, que se cometem todos os dias contra a natureza.
       E poderia ser diferente.
       Quem não gosta de zelar da casa onde mora?
    Quando uma parede apresenta infiltração de água, procuramos consertá-la, para evitar que a casa caia. E procuramos mantê-la limpa e organizada, para o bem estar de todos que moram nela.
      Assim deveria ser com a Terra.
    Porque a Terra é a nossa morada, desde que nascemos. E quando morremos, também nossos ossos descansarão nela.
      Mesmo que seja apenas por gratidão, devemos cuidar mais da Terra e proteger a natureza.
      Namastê, minha gente!

      Mirandópolis, novembro de 2016.
      Kimie oku in

     



                      

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