Chuva!
Deus
é perfeito em sua obra!
Quando a gente fica desesperada por água,
por chuva, eis que ela vem em pleno mês de agosto.
Mês de agosto que a gente costuma chamar de mês de cachorro
louco, mês de desgosto, por causa da secura do ar, da poeira e do sol quente...
No calendário do Santo que comanda o Universo, tudo tem o seu
tempo certo. Tempo de sol quente para amadurecer os frutos, tempo de seca para
descansar o solo, tempo de frio para controlar o crescimento das árvores para
não crescerem até o infinito... E tempo das benditas chuvas para irrigar o solo
para não deixá-lo morrer... Nós suas criaturas, nunca paramos para pensar na
perfeita sincronia da obra de Deus. Achamos natural que a Primavera venha florir
os jardins, que o Verão quentíssimo venha sazonar os frutos, que o Outono seja
um intervalo para a natureza recuperar o fôlego. E que o Inverno venha para
renovar tudo... Tudo numa sequência sem falhas, numa lógica perfeita.
O que todos estão estranhando hoje são as chuvas de agosto, que
neste ano vieram sem que ninguém contasse com elas. Porque as chuvas só eram
esperadas para setembro/outubro... Mas elas vieram! Até parece que o Senhor dos campos do
Universo mudou sua agenda de repente. Aí entra a Suma Sapiência de Deus: era
preciso irrigar a terra ressequida um pouquinho antes, para que não se
perdessem as obras dos homens... Abaxizeiros, pastos secos, gado sedento,
hortas desmilinguidas, árvores sem folhas estavam implorando água. E os bravos cultivadores
disso tudo olhavam os céus à procura de nuvens, orando diariamente para que
Deus se lembrasse de suas plantas...
E Deus não resistiu.
E mandou chuva em boa medida para todos se salvarem, para que a
esperança renascesse nos corações. Bendita chuva! Em apenas um dia, a chuva
purificou o ar, lavando a atmosfera e nos concedendo oxigênio puro com fartura!
E as gripes desaparecerão, as tosses se calarão, os pulmões se
encherão de ar fresco e puro renovando o sangue de todos...
E as mudas que irriguei durante sessenta dias com sacrifício e
não cresciam, de repente com a chuvarada parece que despertaram de seu sono
letárgico, e estão exibindo folhas novas, verdes, verdes. Milagre da chuva, da
natureza, que o homem não consegue nunca realizar. As pastagens estão ficando
coloridas em todos os tons de verde, e os bezerros felizes correm de um lado
para outro. Felicidade!
As árvores depois dessa ducha maravilhosa mostram folhas
brilhantes, que estavam sufocadas nas camadas de poeira e fuligem. E balançam
docemente suas ramas como se bendizessem a vida.
Sempre que vem uma chuva tão ansiada como essa, é inevitável
lembrar de um senhorzinho que conheci quando dava aulas em escolinhas rurais. Como
não chovia há sete longos meses, o homem sofria demais sustentando 13 famílias
de colonos que o ajudariam a plantar algodão... Sete meses arando a terra
ressequida pra lá, pra cá... E pausas para perscrutar o céu em busca de
nuvens... E nada de chuva. E a terra solta fazendo redemoinhos que chegavam até
os céus. E o homem fiando as compras para alimentar todo aquele povo. E a chuva
que não vinha. As sementes prontas. As máquinas engraxadas. A vontade desperta
para semear o algodão. A terra pronta para receber a água que deveria vir dos
céus... Mas ela não vinha. E todo mundo triste, desanimado. Aí, o homem pegava
uma garrafa de cachaça e dava um gole para todos os homens. Então, eles se
animavam e diziam: Amanhã ela vem!
Dia 19 de outubro, onze horas da noite.
Acordei com um faiscar de relâmpagos que me assustaram. E um
ribombar de trovões, que se emendavam uns nos outros, sem parar até os confins
da Terra. Assustada com o barulho, pulei da cama, e fiquei ouvindo o barulho
que parecia derrubar a pobre casa dos meus anfitriões. E então, ouvi o choro...
tinha gente chorando na casa. Devagarinho, fui espiar. Era a família toda
ajoelhada no chão de terra da pobre salinha, rezando e chorando. O homem dizia:
Chora, mulher, chorem crianças! Deus se lembrou de nós! Ele não nos abandonou!
A chuva veio! Vamos rezar! Vamos agradecer! Amanhã vamos plantar!
E ali ficaram por um bom tempo, enquanto os clarões dos
relâmpagos registravam a cena, como se estivessem fotografando. Nunca mais
esqueci isso. Foi a cena mais bela de gratidão a Deus que presenciei.
Quando a chuva amainou, o homem calçou umas botas, vestiu uma
capa, pegou uma lanterna e foi ver suas terras. E disse para a mulher
assustada: Vou ver a terra beber água, mulher!
E ele só voltou ao amanhecer.
E nesse dia, ninguém foi à escola.
Fiquei intrigada...
Aí, eu vi. Todos os alunos estavam na roça, atrás de seus pais
que batiam umas máquinas manuais de semear. As máquinas punham as sementes de
algodão nas covas, e os meninos iam atrás tapando os buracos com os pés.
Parecia uma grande festa. Todo mundo falando ao mesmo tempo, rindo e brincando.
Depois, quando as férias chegaram, vim embora.
Soube mais tarde que a colheita foi muito boa.
Dá pra esquecer uma coisa dessas?
Mirandópolis, agosto de 2017.
kimie oku in
Água fonte de vida!!!Muito boa!!!
ResponderExcluirFoi maravilhoso conhecer esse homem. E sou grata a Deus pela visão inesquecível que Ele me proporcionou.
ExcluirBênção de DEUS a quem NELE acredita.
ResponderExcluirEu tinha apenas dezoito anos e mudei completamente depois que vi essa cena... A fé de Tomo san solidificou meu caráter, Ulisses.
ExcluirDiz o Renato Teixeira em sua canção Tocando em frente: É preciso a chuva para florir...
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