terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

 

         Quem seriam?

Acho que todos os meus amigos devem ter no fundo de uma gaveta, umas fotografias antigas de gente que conviveu com seus pais ou avós... De gente que nunca conheceram...

Eu também tenho umas fotos lindíssimas do século passado, dos primeiros imigrantes japoneses que não tenho coragem de descartar, porque parecem pessoas vivas... São fotos caprichadas preservadas em capas especiais, com o timbre da loja que as fotografou. Fotos das décadas de 1920 e 1930.

Algumas têm até dedicatórias tão caprichadas para o meu pai, datadas de 1925... Por onde andarão seus descendentes? Que foi feito de seus familiares? Será que há alguém dessas famílias convivendo entre nós? E que ligação havia com meu pai, além de uma boa amizade? Trabalharam juntos? Ou se conheceram por outras circunstâncias? Foram profissionais ligados à área da saúde? Papai trabalhou com o médico Dayan nessa época... Então penso em médicos e farmacêuticos... Só por Deus.

Cada foto guarda na imagem, uma época, uma história, uma vida, que só os próximos testemunharam. Os chapéus, os óculos, os trajes são de outro tempo, mas são bem elegantes e bonitos. Como as famílias moravam distante umas das outras, e não havia meios de comunicação como telefones e meios de locomoção, os contatos se perderam... Naqueles tempos ninguém tinha carros, alguns raros remediados possuíam caminhões, que eram usados para transportar a produção agrícola para a cidade...

Sempre que vejo essas fotos, fico me perguntando por quê nunca perguntamos aos nossos pais sobre esses amigos? Quem eram? Onde moravam? Como se conheceram? Nomes, nível de amizade, relação de trabalho... Talvez ele tenha nos contando, mas acho que não demos importância... E assim suas histórias se perderam nas brumas de um passado distante...

Mas, acredito firmemente que seus descendentes estejam por aí, pelejando pela vida, exercendo alguma função importante na sociedade e, cuidando de seus familiares, assim como nós.

Assim também creio que os descendentes de Dr. Dayan devem estar em algum lugar, levando uma vida tranquila como nós...

E apenas como um simples arquivo, resolvi publicar essas fotos, para a posteridade. Quem sabe, alguém se manifeste e revele alguma ligação.

E para maior segurança, vou doá-las para Ana Caldatto, Colecionadora de Emoções, que está organizando um belo Museu aqui na cidade.

Assim serão preservadas.

Para sempre.

Mirandópolis, fevereiro de 2022.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

 


























 

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