sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

 GENTE DE FIBRA - Egídio Vicente de Souza

        Gente de fibra de hoje é o senhor Egídio Vicente de Souza. É paraibano de 62 anos , nascido  na cidade de Souza.
        Da Paraíba tem  lembranças duras – lá carregou muita lenha em jumentos, para queimar nas caieiras.
        Caieira era um forno cavado no chão, com uma cobertura ovalada por cima, onde se queimava o calcário para produzir cal. O calcário é uma pedra britada, que se colocava no interior do forno e era queimado. Depois de queimado, era retirado e molhado para se transformar em cal.
        O senhor Egídio carregou lenha até os quinze anos. Então, resolveu migrar para o Estado de São Paulo.
        Veio se fixar em Guaraçaí, onde já residia um irmão. Ali se tornou arrendatário, plantando algodão. Por essa época viveu “queimando lata”, isto é, lavava, passava e cozinhava a própria comida. Tinha que se virar sozinho.
        Naqueles tempos duros, quem o ajudou muito foi o senhor José Barreto e sua esposa Aparecida, da Fazenda Aroeira em Guaraçaí. Eles o acolheram como a um filho.
        Com dezenove anos, seu Egídio fez o serviço militar em Lins. Depois foi para Campo Grande, em Mato Grosso, onde
trabalhou como frentista num Posto de Gasolina.
        Em 1972 veio para Mirandópolis. Casou-se com Maria Francisca , com quem teve três filhos, hoje já adultos e estabelecidos na vida.
        Em Mirandópolis trabalhou como lavrador, como saqueiro da Casa Moreira, motorista do Supermercado Estrela, como meeiro da Fazenda Acácia e também  como motorista da 
Transportadora 
Nova Vida.
        Há quatro anos, quando pescava no Rio Tietê com amigos, o seu Egídio foi acometido de violenta dor na perna esquerda. Era um aneurisma, e teve que amputar a perna, para sobreviver. Mas, logo colocou uma perna mecânica, e retomou a vida, ajudado sempre pela atenciosa  e gentil companheira Maria.
 Sua ajuda foi fundamental na convalescença, e na adaptação
 à perna mecânica.
        Hoje o senhor Egídio anda com o auxílio de uma bengala e dirige um carro, que tem os controles adaptados. 
Dirige uma pequena casa de comércio, que não exige 
 esforço físico.
        O senhor Egídio é  um cidadão tranqüilo, de bem com a vida, sem traumas e sem revoltas. Diz que é grato a Deus, porque perdeu a perna, mas recebeu a graça 
de continuar vivendo.
        É grato também aos compadres Zé Barreto e dona Aparecida, por serem seus amigos mais próximos, até hoje.
Ama-os de coração.
        Seu maior sonho é aposentar-se e morar com dona Maria  na sua chácara em Pereira Barreto.
        Egídio Vicente encarou os dissabores da vida e os superou.
        Egídio Vicente de Souza é gente de fibra!

                Mirandópolis, maio de 2011.
                                 Kimie oku

       Post-scriptum :
         Seis meses após essa entrevista, o senhor Egídio faleceu.
       Durante um ano, ele e a esposa participaram ativamente da Ciranda. Era um homem simples, mas encantador pela generosidade do coração.
       Na Ciranda ficou a imagem de um homem feliz, cantando e animando  a todos. Dona Maria continua na Ciranda.
         Egídio Vicente, valeu te conhecer!
                  
                    Mirandópolis, 9 de fevereiro de 2012.
                                           kimie oku (kimieoku@hotmail.com)

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