terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


                         MIL   DECIBÉIS

       Na sociedade dos civilizados, é preciso lembrar sempre que, o direito de um cidadão finda onde começa o de outro, ou que a nossa  liberdade  termina onde começa a do próximo.

   Neste final de semana, tivemos um incômodo que chegou ao paroxismo, por conta de uns jovens, que cismaram que a nossa pacata cidade é terra de ninguém.  Ligaram um som a mil decibéis e nem se preocuparam com a vizinhança.
       O som era tão alto que,  provocou mal estar a todos os moradores do bairro. A cabeça parecia explodir, o coração acelerava, e provocou um tremendo estresse. E os loucos que se acharam no direito de nos atormentar, não conheciam limites. Acredito que não estavam normais. Por horas e horas, esses garotos atormentaram a vizinhança, com a loucura de seu som e  nenhuma autoridade tomou providência.
      O bairro é ocupado por moradores idosos e aposentados, e todos são pacíficos, que não causam problemas a ninguém. E justo aqui, aterrissaram esses meninos, órfãos de educação, para fazer graça à custa de sofrimento de alheios. Foi exatamente a reprodução de um filme de terror.
      Gostaria de saber se se reproduzisse esse show lá nas suas casas,  seus santos familiares agüentariam.  O som era tão irritante, que despertava até instintos assassinos, nos pacatos cidadãos locais.  Nessas horas, há o risco de alguém perder o juízo e sair atirando, para acabar com o que lhe perturba.
      Ora, sabemos que  o nosso ouvido é um órgão delicado que suporta o som  ou o barulho, até um certo limite. Além desse limite, há o perigo de se romper o tímpano,  de causar sangramento,  e como conseqüência  a  danificação irremediável da audição. Ninguém merece. A pessoa fica surda de vez.
       E parece que era essa a intenção dos garotos. Mesmo porque, se eles consideram normal o volume de seu som naquelas alturas, devem todos eles, ter problemas de audição.
      Mas, nós moradores locais não merecemos passar por isso. E como somos civilizados, demos uma colher de chá,  para ver se eles abaixavam o volume. Que nada, mais e mais se divertiram atormentando a todos, sem limites. Alguém teve que pedir providência das autoridades. E não venham dizer que somos extremistas, que sabemos muito bem de nossos direitos.
      E os carros de som que passam todos os dias, fazendo as propagandas de promoções das lojas?  Deveria haver um limite para o volume, para se evitar a poluição sonora,  porque esta também faz muito  mal à saúde. Mas, ninguém se importa. Ignorância  ou omissão das autoridades?
     Entretanto, os carros funerários que passam comunicando o falecimento de pessoas,  o fazem de forma respeitosa, com volume aceitável, e a cidade toda fica sabendo quem faleceu e, quando será o funeral. Então pra quê, aquela  gritaria desvairada  para dizer que aqui ou ali, há uma venda especial de mercadorias? Os lojistas não se dão conta que, o próprio anúncio é um desrespeito aos seus prováveis clientes?
       E  os jovens que se acham no direito de ligar o som do carro no volume máximo, em frente à casa da gente e pensam que agradam... Ora, cada pessoa gosta de um tipo de música, e ninguém é obrigado a curtir o que não gosta. Para tudo há um limite. É assim que funciona a sociedade.
     Quem não consegue respeitar as normas da boa vizinhança, que vá morar  numa ilha deserta. Lá, ninguém se incomodará  com os seus excessos e  tampouco será  barrado  por alguém.
     Enquanto isso, gostaria que as autoridades acordassem para o problema do som em volume máximo, que carros de  publicidade,  igrejas  “em nome de Deus”,  e jovens enlouquecidos  executam  num desrespeito total aos cidadãos dessa pequena cidade.
        Que realmente parece ser terra de ninguém.
        Sem nenhuma autoridade.

              Mirandópolis, 6 de fevereiro de 2012.
                             kimie oku
                        (kimieoku@hotmail.com)

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