terça-feira, 8 de julho de 2014


Lições dessa Copa

A Copa está finalmente chegando ao fim. Foi mais de um mês de muito barulho, festa, alegrias, churrascos, cerveja, farras, ansiedades, protestos e prisões.
Foi a oportunidade de conhecemos alguns fatos que foram divulgados pela mídia, como o belo exemplo dos japoneses que, deram um show à parte, limpando os estádios, mesmo perdendo todas as partidas. Detalhe: Eles recolheram o lixo que torcedores nossos jogaram lá, porque os japoneses evitam sujar o ambiente, onde quer que estejam. Outra imagem belíssima foi a dos africanos lutando bravamente, dando tudo de sua raça para vencer os difíceis adversários. Os argelinos e os nigerianos marcaram presença nessa competição, e serão lembrados por muito tempo.  E os goleiros se transformaram em paredões, defendendo seu espaço com garra, saltando, dançando, retorcendo, contorcendo, trombando e pegando bolas ditas indefensáveis. A imagem negativa ficou por conta de Suarez do Uruguai, com sua vocação para morder pessoas. Denegriu a impressão que o mundo tinha da famosa Seleção Celeste. Burrice e paranoia de quem não consegue pensar em equipe. Outro fato interessante foi a predominância dos empates e, a apelação para a prorrogação e decisão por pênaltis. Os goleiros conseguiram a façanha de definir resultados catando as bolas. Isso comprovou que todas as seleções têm igualdade de força e técnica, e que ninguém é dono da bola. Mesmo as famosas seleções campeãs passaram apertado, diante de times que nunca conquistaram a taça. Está comprovado que o futebol evoluiu em todos os recantos do planeta.
     E agora, aconteceu o pior, um colombiano atingiu o ídolo da nossa Seleção, excluindo-o da competição por ter machucado uma das vértebras. Tenho visto no face book a revolta dos torcedores brasileiros, maldizendo o colombiano, exigindo uma punição severíssima para deixá-lo fora das Copas. Entretanto, analisando friamente, acredito que ele não teve nenhuma intenção de fazer o que fez. Foi uma triste fatalidade, porque quando o colombiano saltou, o nosso herói parou bem à sua frente e foi atingido. Ninguém planeja quebrar nenhum adversário numa competição, e acredito firmemente que o colombiano deve estar arrasado com o resultado da disputa de bola.
     E os torcedores fanáticos do Brasil estão enfurecidos porque esse incidente eliminou o maior trunfo da nossa Seleção, o Neymar. Acho, porém que devemos pensar no jovem como um ser humano apenas, independentemente de ser jogador de bola ou não. Pensemos nele como uma pessoa que se feriu em serviço, e precisa voltar a recuperar a condição física, para não ficar com sequelas. Que volte a andar normalmente, que consiga correr e se possível recuperar toda a energia e a força que o caracterizaram até agora.
     Acidentes de trabalho ocorrem em qualquer atividade, ainda mais num jogo de futebol, onde entram a força bruta, a velocidade e movimentos bruscos na disputa de bola. E não adianta culpar o jovem colombiano, porque o que aconteceu foi um imprevisto, porque ninguém planeja isso de antemão.
     E fico assustada vendo os comentaristas de plantão falando tanta bobagem contra o agressor, taxando-o de criminoso, bandido e outros absurdos. Isso só estimula o ódio e um preconceito que não cabe nessa questão. Aliás, há comentaristas e comentaristas, que fazem de tudo para aparecer na mídia. As emissoras de tevê e rádio devem controlar essas falas, que só destilam veneno. E é muito tempo para esses faladores soltarem o verbo na tevê. Como falam e se repetem até à exaustão!  
Seleção brasileira? Tem que aprender a caminhar sem Neymar. Não é responsabilidade exclusiva dele. Em qualquer serviço, quando o titular fica doente, outro o substitui. Não temos alguém que se lhe iguale? Pior para nós! A engrenagem tem que funcionar, bem ou mal, cumprir a agenda e fazer bonito se possível. O show tem que continuar, porque compromisso é compromisso. Mesmo num balé, quando o primeiro bailarino fica indisposto, alguém tem que assumir e não decepcionar os assistentes. Quem sabe se não é a chance de outro se destacar?
Ou, na pior das hipóteses, o Hexa não será dessa vez ainda. Tudo está na mão de Deus.

Mirandópolis, julho de 2014.


kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/

Post scriptum: Hoje dia 08 de julho, após publicar a crônica acima, o Brasil sofreu uma goleada histórica de 7 a zero da Alemanha. E o show acabou. Vamos disputar o 3º lugar no dia 11 próximo com a Holanda ou Argentina. Não era nem para ter sonhado com o Hexa!

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