O Jornal
De repente, um pensamento me ocorreu:
“ O Jornal é necessário?“
Nos primórdios dos tempos, quando o homem
começou a se comunicar com seus parceiros sentiu a necessidade de algo além da
fala, para atingir outros que não estivessem à vista. Usando códigos acabou
inventando a escrita. E o mais incrível é que surgiram diversas formas de
escrita: grego, egípcio, aramaico, arábico, fenício, sânscrito... Que por sua vez,
deram origem a milhares de línguas escritas em diferentes recantos do planeta.
Assim, hoje temos línguas escritas originárias do alfabeto grego como o
Português, o Espanhol, o Inglês, o Francês... O Japonês, o Tibetano, o Coreano
tiveram origem no alfabeto chinês, que era quase uma escrita pictográfica,
usando símbolos semelhantes aos objetos representados... E a escrita
pictográfica mais conhecida é a dos egípcios, que ainda está nas tumbas de seus
Faraós...
Voltando à comunicação, depois que
inventaram o alfabeto, tudo ficou mais fácil. Escritos nas areias, nos
rochedos, nos portais de casas sinalizavam uma ordem, um aviso, uma
advertência, que atingia de forma muito eficaz a massa. Dispensou um
anunciante, que deveria ficar repetindo em alto e bom som até a exaustão, essas
ordens e essas advertências...
E depois da invenção do papel, a escrita se vulgarizou.
Panfletos, jornais e livros foram produzidos, formando uma indústria, que se
propagou no mundo todo. Escolas direcionaram os ensinamentos baseados em livros
didáticos, que facilitaram bastante o processo ensino-aprendizagem. A
transmissão do conhecimento ficou muito mais eficiente.
Não só o alfabeto como o sistema de numeração decimal adotado no
Ocidente aceleraram a comunicação entre vários países, e está sendo absorvido
pelo Oriente, entre os árabes, chineses, hindus e japoneses. É a necessidade de
entendimento imediato em transações comerciais, sociais e políticas. Peace,
stop, love, war, tsunami, money, dólar, café são palavras de domínio público no
mundo todo, assim como o sistema de numeração decimal arábico que usamos. O
mundo tem muita pressa.
No mundo atual a Tecnologia vai invadindo e substituindo tudo: os
livros não têm mais leitores... As Bibliotecas estão às moscas... E os jornais
estão se reduzindo de volume e de edição. A Internet conectou o mundo todo e as
informações são acessíveis em segundos. Isso facilitou bastante a vida de
todos. Entretanto a Tecnologia não dispensa a escrita de letras e numerais, e
nem a linguagem fonética. Ainda. Por enquanto, os alfabetos são indispensáveis
até que se criem outras formas de simbologia mais rápida e eficiente.
E quanto ao Jornal? É indispensável?
Será dispensável em futuro bem próximo.
Ultimamente,
os jornais passaram por uma mudança radical. Foram reduzidos de tamanho para se
adequar às exigências econômicas e continuar circulando. Os cadernos dos grandes
jornais atuais estão cada vez mais finos. Porque o momento atual é de grave
crise econômica e é preciso se adequar à dança dos números...
Mas, o jornal tem uma característica que outros meios de
divulgação não têm. É um papel, que publica informações silenciosamente a que
se pode reportar a qualquer momento, sem dificuldade. É barato e acessível até
ao mais simples cidadão. Não requer tecnologia e nenhuma parafernália para sua
leitura. E possibilita a leitura e releituras de informações sobre os
acontecimentos sociais, políticos, esportivos, culturais e econômicos, além de
acesso às informações sobre os mais diversos assuntos. E ainda, o Jornal é
formador de opinião pública, que é um fator muito importante. Quem lê, acaba
sabendo mais sobre o que está ocorrendo no mundo e não vive alienado. Mesmo assim
será descartado.
O jornal está condenado. Irremediavelmente.
Também as Bibliotecas e as Livrarias. Assim como as Escolas. Porque os
conhecimentos podem ser acessados via Internet sobre os mais diversos assuntos.
E os arquivos do Google satisfazem a maioria de seus usuários. Embora
incompletos. Que serão melhorados com a passagem do tempo.
A cada dia a Internet está dominando a área da comunicação. E o
primeiro a cair será o jornal. E depois serão os livros. Porque logo, logo se
tornarão obsoletos e ultrapassados. E é um caminho sem volta. É uma batalha
perdida de antemão.
Inexoravelmente.
E aí, fica a questão:
O jornal é indispensável?
Até quando?
Mirandópolis, julho de 2017.
kimie oku in
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