quarta-feira, 20 de junho de 2018


Boys, be ambitious!





Há mais de duzentos anos, o Japão pelejava para melhorar a produção agrícola, a fim de atender às necessidades de sua população que crescia sem parar. Nunca havia comida suficiente.
Para tal fim, o Governo de Saporoo, na província deHokkaido instalou uma Escola Agrícola para formar técnicos, que orientassem melhor os lavradores da região. Ora, Hokkaido é a porção extrema Norte do País, e é uma ilha que sofre temperaturas rigorosíssimas de até 40 graus negativos. E a vida se torna quase impossível.
Mas, a Escola foi instalada e, dentre os Professores foi contratado Dr. Willian Smith Clark, Professor de Botânica e Zoologia, que era um dos Presidentes da Escola Agrícola de Massachusetts, dos Estados Unidos.
Inicialmente foi difícil a comunicação entre o Professor e alunos, mas durante oito meses todos se empenharam e conseguiram chegar a excelentes resultados. Dentre os formandos houve quem desenvolveria técnicas para fertilizar ovas de salmão, multiplicando com sucesso sua produção. Salmão, o peixe de carne vermelha, que atualmente é apreciado no mundo inteiro em forma de sashimi. Outros alunos partiram para a pesquisa do petróleo, que viria a mudar radicalmente a indústria de automotores. Petróleo que viria a revolucionar a história da humanidade.
As novidades introduzidas pelo Professor Clark foram tão importantes para a economia de Hokkaido, que em sua homenagem há várias estátuas suas espalhadas pela Província, demonstrando assim a gratidão do povo japonês. Para nunca mais esquecê-lo, por ter salvo a cultura agrícola, pastoril e pesqueira de Hokkaido.
Os ensinamentos e a postura do Professor foram tão marcantes, que mesmo sem querer mudariam a vida de vários  alunos seus. Alguns, impressionados pela retidão de seu comportamento adotaram a religião cristã que ele seguia, além de abolir hábitos nocivos à saúde como o consumo do álcool. Muitos o elegeram como um exemplo a seguir em suas vidas.
Quando seu tempo se esgotou, o Professor Clark voltou para a América. E essa despedida foi marcada por dois fatos interessantes. Todos os seus alunos montados em cavalos acompanharam-no solenemente até o local da despedida final. Então ao se despedir dos alunos, o Professor proferiu a derradeira frase: “Boys, be ambitious!” ou seja, “Jovens, sejam ambiciosos!
“Boys, be ambitious!”
Não era um chamado para a ganância, para a ambição desmedida de acumular bens materiais. Era um chamado para perseguir um sonho, e realizar algo em benefício da humanidade. Foi assim que os alunos interpretaram essa mensagem. E a frase ficou célebre e conhecida em todo o Japão. E muitas   vidas se transformaram graças a essa pequena frase, conduzindo estudantes para os mais nobres objetivos. Muito se escreveu sobre essa frase, e muita gente saiu da inércia graças a esse chamado, mudando totalmente sua forma de encarar os desafios da vida.
Jovens, sejam ambiciosos!
Infelizmente, hoje muitos jovens estão totalmente perdidos na flor da idade. Nada fazem e só pensam em beber, andar de carros importados, levar vantagem em tudo. Sem falar dos mortos vivos dos becos de fumo...
O que aconteceu com a humanidade?
Por que jovens promissores estão cada vez mais se drogando, como se a anfetamina fosse a substituição de todos os sonhos, de todas as ilusões, de todas as ambições?  Jovens superinteligentes, que se julgam poderosos e invencíveis é que estão se perdendo cada vez mais para as drogas.  Exemplos tristes e lastimáveis foram o Fred Mercury, Raul Seixas, Cazuza e tantos outros... E crianças tão pequenas e inocentes estão sendo levadas para esses caminhos de perdição. Caminho sem volta. A droga atua no cérebro da criatura e lhe rouba toda a força de vontade, transformando-a num robô ávido por mais veneno. E conforme vai se drogando, vai aniquilando sua saúde física, suas forças, seu alento. No final, acaba virando um morto/vivo, um zumbi...
É desolador pensar que, menos de dois séculos da passagem do Professor Clark por Hokkaido, o mundo tenha se transformado assim. E não é só no Brasil. A desgraça de jovens perdidos ocorre no mundo todo, no Japão, na Índia, na China, no Oriente Médio, nos Estados Unidos, na América Latina...
No início dos tempos, a humanidade usou a religião para impor respeito e medo aos jovens. A Religião foi usada até a exaustão de forma errada, com promessas de castigos inenarráveis punindo os transgressores, e premiando os crentes passivos. Mas, o tempo passou, os jovens evoluíram e não viram nada acontecer para os maus, para os que vivem à margem da lei. E muitas vezes assistiram a cidadãos honestos, cumpridores das leis, tementes a Deus sendo punidos com tragédias dolorosas e inexplicáveis. Então, aconteceu uma revolução no modo de pensar da juventude. Cada jovem passou a querer usufruir do bom e do melhor, e levar vantagens em tudo, chegando ao topo da escala social, para ficar inatingível. Aliada à pouca fé, a Religião foi descartada. E  todos se voltaram para a busca de bens materiais, que nunca satisfaz e deixa um vazio na alma.
E foi assim que a juventude se perdeu para sempre. Sem Deus, sem acreditar em nada. Juventude sem esperança...
Entretanto, ainda há esperança no mundo.
A antiga Escola Agrícola hoje é a famosa e mui conceituada Universidade de Hokkaido, que além dos Cursos voltados à Agronomia, Pecuária, Pesca, Meio Ambiente, Veterinária e Zoologia, ainda oferece outros na área de Medicina e Saúde, Arquitetura, Informática e Direito.
        Como vários Centros de estudos e pesquisas que há no mundo atual, a Universidade de Hokkaido se transformou num modelo de encaminhamento de jovens para seus destinos, através da pesquisa, do trabalho prático, da peleja diária em benefício da Humanidade.
E o lema dessa famosa Escola é
“Boys, be ambitious!”
Que essa frase desperte também em vocês jovens, o desejo de  realizar algo em benefício da humanidade. E responder à pergunta: O que você vai deixar quando partir? 
Boys, be ambitious!




Mirandópolis, janeiro de 2016.
kimie oku in


Ps. Texto modificado para uma palestra no Centro Educacional 323 SESI de Mirandópolis.

Em 20 de junho de 2018.


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