quarta-feira, 14 de abril de 2021

 

          

 Brimos Turcos

 

Perdemos há pouco o último dos moicanos...

Bem, acho que de verdade era um sírio libanês.

Um vizinho quieto, sério e tranquilo que cuidava de sua vida.

Quem o via andando pelas ruas da cidade, nunca imaginaria

que viera das longínquas terras do Oriente.

Daquele Oriente, onde as guerras nunca chegam ao fim...

Ele, como tantos outros amigos e parentes seus, vieram ao Brasil com certeza em busca de paz.

E aqui construíram suas vidas.

Inicialmente como negociantes, como mascates.

Lá pelos idos de 1940, 1950,1960 se aventuravam pelos sítios e fazendas...

Em lombos de animais e carroças...

Batendo de porta em porta...

Oferecendo tecidos em metros

 para as gentes, que não tinham acesso a esses luxos.

E era uma festa, quando apareciam com aqueles

cortes de tricoline e seda para camisas e vestidos;

de caxemira para calças e paletós masculinos.

Nada de tecido sintético...

Nessa época, as cidades eram pequenas.

E a maioria da população morava

em distantes fazendas...

Então, esses imigrantes árabes assumiram essa tarefa.

De prover as pessoas com o que era necessário

para confeccionar suas vestimentas.

Porque esses moradores rurais nem possuíam

meios de locomoção para virem à cidade.

Essa forma de comércio que devem ter herdado de

seus antepassados das Arábias,

fez a ligação tão necessária entre

o vendedor e o consumidor.

Com a venda ambulante.

O sonho dos "Brimos turcos"

como eram chamados,

era abrir uma lojinha na cidade,

para prover a todos com  mais conforto.

E aqui tivemos famosos "turcos" com suas belas lojas,

que na verdade eram sírios libaneses...

Seu Asman Sheeran,

seu Mohmad Fayes Omar,

seu Mohmad Zogbi,

e seu Ahmad Fayes Omar......

aos quais rendo essa pequena homenagem,

como comerciantes construtores de Mirandópolis.

Do Oriente Médio vieram

para engrandecer o nosso Brasil.

A todos eles a nossa gratidão.

Mirandópolis, abril de 2021.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

 

 

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