quinta-feira, 17 de junho de 2021

 Rememorando...


Hoje fui me submeter ao exame médico para renovar a Carta de motorista.

Como sempre, no Dr. José Elias.

Porque era uma tarde fresca, cheia de sombras, fui a pé.

Distância de apenas quatro quadras...

O Doutor foi gentil, fez o teste de acuidade visual rapidinho, me perguntou sobre a saúde, sobre remédios que tomo, se já usei maconha e cocaína, se fiz cirurgias pesadas, se já precisei de psiquiatra...

E me liberou.

Aliviada por ter terminado, vim caminhando calmamente.

Passei pela casa que foi da amiga Lena. E me lembrei da última vez que estive com ela. Há quantos anos? Arranhei ao piano algumas canções e ela dançou feliz, mesmo estando ligada a um tubo de oxigênio... Aquela figura loira tão querida feliz por ouvir um piano... Meu coração apertou de saudades...

Olhei para o outro lado... E vi onde o Doutor Roberto Yuassa atuou. Por anos seguidos, com aquela simplicidade de gente sábia e bonachona. Nunca quis me cobrar as consultas. E dizia, se não melhorar, volte! Quantas vezes, me abordou de repente no mercado, como se tivesse vergonha de se expressar. E só dizia palavras boas, com fundamento. Ah! Doutor, Doutor!

 Mais alguns passos e a casa da dona Cacilda, mãe da Landa Junqueira. Casa fechada, à venda. Casa onde minha mãe passou horas gratificantes, tomando café com ela. A amiga tinha algumas dores, que mamãe procurava minimizar com sessões de Johrei... Já no fim da vida, dona Cacilda começou a distribuir suas preciosas porcelanas para as amigas que amava de verdade. Uma chávena de chá ou de café, um prato, que seriam bem cuidados depois de sua partida...

Na outra quadra, a Prefeitura. Onde atuaram minha irmãzinha Akemi e seu esposo Mitsutoshi. Foram embora tão jovens, deixando-nos sem chão, sem entender nada. Akemi tão linda, tão bondosa foi o orgulho, a estrela de nossa família. Mi chan e Akemi chan...

Do outro lado, a casa cuja parede levou a vida da netinha amada da família Terçariol... Como foi dolorosa essa partida, que ocorreu diante dos avós... Seu Terça deve estar com ela agora...

Na quadra seguinte, a casa que foi da Nair, minha amiga de basquete... Éramos tão baixinhas, mas jogamos basquete por mais de dez anos na AABB. Segundas, quartas e sextas feiras, à tardezinha, religiosamente. A imagem que ficou é de uma moça loira correndo sorridente, de camiseta branquinha e uns shorts rosa. Saudades dela, Ademar Bispo.

Virando a esquina, a casa que frequentei por anos seguidos. A casa da Mafalda... Mafalda e Guedes... Curso de Administradores Escolares no CENE, com a Lena, você e eu, o trio inseparável. A Faculdade em Dracena... Lanches no Gato que ri...  Batatas fritas... Estatística do Bereta, o terror do Curso... Depois, você acamada, sopas que levei pra ver se a tirava da cama...  Os lanches que tomamos juntos, Guedes, você e eu...  Nossa! Como é duro ver essa casa repleta de lembranças... Fechada!

A casa do seu Nelson, que gritava alegre: Bom dia, vizinha! Era a personificação da bondade. Levava sua esposa a caminhar todos os dias pelas ruas da cidade, com carinho e extremo cuidado. Hoje a Marlene curte imensa saudade...

E diante de minha casa, a casa onde morou o seu Osvaldo Vilas Boas. Tão simples, sempre bonito, bem vestido, deixou a Hilda sozinha...

E um dia, alguém vai se lembrar de mim ao passar na minha calçada?

A vida é uma colcha de saudades...

Mirandópolis, junho de 2021.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário