Rememorando...
Hoje
fui me submeter ao exame médico para renovar a Carta de motorista.
Como
sempre, no Dr. José Elias.
Porque
era uma tarde fresca, cheia de sombras, fui a pé.
Distância
de apenas quatro quadras...
O
Doutor foi gentil, fez o teste de acuidade visual rapidinho, me perguntou sobre
a saúde, sobre remédios que tomo, se já usei maconha e cocaína, se fiz
cirurgias pesadas, se já precisei de psiquiatra...
E me
liberou.
Aliviada
por ter terminado, vim caminhando calmamente.
Passei
pela casa que foi da amiga Lena. E me lembrei da última vez que estive com ela.
Há quantos anos? Arranhei ao piano algumas canções e ela dançou feliz, mesmo
estando ligada a um tubo de oxigênio... Aquela figura loira tão querida feliz
por ouvir um piano... Meu coração apertou de saudades...
Olhei
para o outro lado... E vi onde o Doutor Roberto Yuassa atuou. Por anos
seguidos, com aquela simplicidade de gente sábia e bonachona. Nunca quis me
cobrar as consultas. E dizia, se não melhorar, volte! Quantas vezes, me abordou
de repente no mercado, como se tivesse vergonha de se expressar. E só dizia
palavras boas, com fundamento. Ah! Doutor, Doutor!
Mais alguns passos e a casa da dona Cacilda,
mãe da Landa Junqueira. Casa fechada, à venda. Casa onde minha mãe passou horas
gratificantes, tomando café com ela. A amiga tinha algumas dores, que mamãe
procurava minimizar com sessões de Johrei... Já no fim da vida, dona Cacilda
começou a distribuir suas preciosas porcelanas para as amigas que amava de
verdade. Uma chávena de chá ou de café, um prato, que seriam bem cuidados
depois de sua partida...
Na
outra quadra, a Prefeitura. Onde atuaram minha irmãzinha Akemi e seu esposo
Mitsutoshi. Foram embora tão jovens, deixando-nos sem chão, sem entender nada.
Akemi tão linda, tão bondosa foi o orgulho, a estrela de nossa família. Mi chan
e Akemi chan...
Do
outro lado, a casa cuja parede levou a vida da netinha amada da família
Terçariol... Como foi dolorosa essa partida, que ocorreu diante dos avós... Seu
Terça deve estar com ela agora...
Na
quadra seguinte, a casa que foi da Nair, minha amiga de basquete... Éramos tão
baixinhas, mas jogamos basquete por mais de dez anos na AABB. Segundas, quartas
e sextas feiras, à tardezinha, religiosamente. A imagem que ficou é de uma moça
loira correndo sorridente, de camiseta branquinha e uns shorts rosa. Saudades
dela, Ademar Bispo.
Virando
a esquina, a casa que frequentei por anos seguidos. A casa da Mafalda...
Mafalda e Guedes... Curso de Administradores Escolares no CENE, com a Lena,
você e eu, o trio inseparável. A Faculdade em Dracena... Lanches no Gato que
ri... Batatas fritas... Estatística do
Bereta, o terror do Curso... Depois, você acamada, sopas que levei pra ver se a
tirava da cama... Os lanches que tomamos
juntos, Guedes, você e eu... Nossa! Como
é duro ver essa casa repleta de lembranças... Fechada!
A casa
do seu Nelson, que gritava alegre: Bom dia, vizinha! Era a personificação da
bondade. Levava sua esposa a caminhar todos os dias pelas ruas da cidade, com
carinho e extremo cuidado. Hoje a Marlene curte imensa saudade...
E
diante de minha casa, a casa onde morou o seu Osvaldo Vilas Boas. Tão simples,
sempre bonito, bem vestido, deixou a Hilda sozinha...
E um
dia, alguém vai se lembrar de mim ao passar na minha calçada?
A vida
é uma colcha de saudades...
Mirandópolis,
junho de 2021.
kimie
oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com
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