quinta-feira, 31 de março de 2022

 

               Minimalismo

   Dentre as lições que aprendi com a pandemia do Covid e o forçado isolamento, uma valeu a pena.

Aprendi que para viver normalmente, não é preciso sair todos os dias de casa, e circular pelas ruas. Nem é preciso visitar as lojas e menos ainda comprar as novidades que elas oferecem. Não podendo sair de casa, não cirandando pelas ruas, não vendo as vitrines, economizei um bocado! E fui forçada a usar o que estava disponível nos armários. E como havia coisas! Roupas esquecidas, fora de moda, roupas caras sem utilidade nenhuma... Mas, com uma reforma aqui, uma alargada ali, tudo  foi aproveitado. E não morri por deixar de circular por aí.

Aprendi a lição e hoje raramente compro algo para uso pessoal. Porque no fundo, no fundo eu era uma acumuladora compulsiva. Comprava porque era bonito, comprava porque tinha umas economias, comprava porque era do meu gosto. Não comprava porque era necessário.

Hoje procuro comprar apenas o necessário. E o necessário é tão pouco. Acredito que muita gente como eu já percebeu isso.

Durante a pandemia, só fomos para o Hospital, para o Laboratório de Análises, para a Farmácia e para o Mercado. Pra fazer o que era necessário. E necessário era cuidar da saúde pra não morrer.

Foi aí que descobri que, há muita gente neste mundão de Deus vivendo de forma totalmente diferente de nós, os compulsivos compradores. Gente que se contenta com um colchão sem cama, com meia dúzia de camisetas, meia dúzia de roupa de baixo e três jeans... E vivem numa paz que poucos conhecem.

E aí fiquei assuntando...

Pra quê tanta parafernália para se viver? Conforto? Viver melhor? Ter mais que o vizinho? Ficar na moda? Dois, três carros? Casa entulhada de móveis pra limpar, de eletrônicos que logo são ultrapassados pelas novas invenções... Ter muito traz uma preocupação incessante: o medo de perder o muito.

No princípio dos tempos, o homem viveu na selva, nos buracos das rochas e tinha como alimento apenas o que conseguia colher, caçar... Não possuía panelas, canecas, cervejas, filtros... Usava folhas para tomar água... Não tinha potes, não tinha condicionador de ar nem aquecedores...

Pouco a pouco o homem foi evoluindo (evoluindo????) e passou a derrubar florestas para plantar, para criar gado, para ter comida de sobra. E quando inventaram o dinheiro, a coisa degringolou de vez. Despertou a ganância...

Mas, agora um vírus nos ensinou uma dura lição: Somos muito materialistas, ambiciosos e acumuladores. E se nos tornássemos menos isso e menos aquilo, seríamos mais felizes.

Ser minimalista é contentar-se com pouco e viver despreocupado. Quando o mínimo se torna o máximo. Se conseguirmos atingir esse nível, viveremos mais tranquilos. Sem a preocupação de ser roubado, de perder tanta coisa que atravanca nossas casas (carros, principalmente), de ser assaltado, de ser sequestrado...

Aprendamos a viver de forma mais simples e despojado, sendo comedidos em nossas escolhas, usando até o osso as nossas roupas e calçados, e guardando o din din para momentos difíceis que poderão surgir. Como uma doença e a velhice inevitável. Até uma guerra, pois quem diria que os ucranianos passariam por toda a tragédia que estão passando? Ninguém está livre de dificuldades imprevistas. Só Deus sabe o que o porvir nos reserva.

Minimalismo é a moda do momento.

Que devemos adotar para sempre.

Mirandópolis, abril de 2022.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário