Mil folhas
Recentemente, vi uma coisa fantástica na tevê NHK
do Japão. Há duas semanas que, em todos os noticiários, os apresentadores vêm
mostrando a florada dos sakurás. Entre os dias vinte até vinte e cinco, havia
um frisson, para descobrir as primeiras flores... O sakurá é a flor mais
apreciada dos japoneses. Ela anuncia a chegada da tão ansiada Primavera, que
vem substituir o rigoroso Inverno asiático, com as terríveis nevascas e
temperaturas abaixo de zero.
Fiquei
fascinada ao constatar que todo o país se encantou com o desabrochar das
flores. Aqui no Brasil, ninguém toma conhecimento das flores maravilhosas, com
que a natureza nos brinda o ano inteiro. Os ipês. Ah! Os maravilhosos ipês!...
As primaveras se derramando dos muros...
Gosto muito de plantas. Mesmo dos matinhos, que insistem em nascer nas gretas dos muros e calçadas. E acredito que, Deus foi muito sábio em tingir de verde toda a vegetação, ou pelo menos a maioria que existe. O verde não cansa os olhos.
Gosto muito de plantas. Mesmo dos matinhos, que insistem em nascer nas gretas dos muros e calçadas. E acredito que, Deus foi muito sábio em tingir de verde toda a vegetação, ou pelo menos a maioria que existe. O verde não cansa os olhos.
Como
aprecio flores, fico comparando cores e formatos delas. E percebi que, assim
como existem mil variedades de flores, há também outro tanto de folhas.
E as
folhas têm vários usos como saladas de alfaces, almeirão, agrião, couves,
repolhos, acelgas, imprescindíveis na nossa frugal alimentação. E há folhas sem
as quais, os animais herbívoros não poderiam viver. São o capim, os napiês, as
gramas, os coloniões, as canas, que formam as pastagens do gado vacum, equino e
ovino.
Desde o
início dos tempos, as plantas foram usadas como remédio para os males físicos
da humanidade. Delas se fez uso das sementes, das flores, das raízes, das
cascas e também das folhas como unguentos para inchaços, dores e torções.
Também muito chá ajudou a curar males, estancar hemorragias e baixar febres. Os moradores das selvas conhecem de sobra, a
utilidade das plantas.
Lembro-me
que, na infância, a dona Regina, uma velha senhora de origem italiana ensinou mamãe a fazer
emplastros, para curar inchaços, usando folhas de batata doce. Mais tarde, usei
chás de camomila e de erva-doce para combater cólicas dos bebês. E tomei chás
de quebra-pedra para cólicas de rim...
Acho que
todas as pessoas já usaram alguma erva, para combater suas dores físicas. Mesmo
a Farmacologia vive pesquisando plantas, para elaborar remédios que curam.
O
inconveniente de certos remédios, que costumamos consumir é que contêm
substâncias químicas necessárias para sua elaboração, que causam efeitos
colaterais. É por isso que, os antigos não punham fé em medicamentos de
farmácia...
Mas, as
folhas ainda têm outras propriedades, além de servirem de alimento e remédio.
Diante da luz do sol, elas renovam o ar, absorvendo o gás carbônico e
produzindo oxigênio, tão necessário para a nossa respiração. É por isso que, a
gente se sente tão confortável debaixo de uma árvore frondosa, pois há bastante
oxigênio, que ao ser aspirado transforma nosso sangue venoso em arterial,
eliminando as toxinas.
Elas ainda amortecem o barulho produzido
pelos seres humanos, nas grandes cidades. Os sons de carros, motos, trens,
aviões e indústrias são reduzidos ao chegarem às folhas das árvores, por isso
seria impossível viver numa cidade sem árvores. Além disso, elas produzem a
maravilhosa sombra, que são oásis no deserto dos asfaltos, em dias ardentes de
Verão.
Lembrei-me
também das antigas aldeias japonesas, cujas casas são cobertas com palha de capim. Na Província de Gifu, existe a Vila de Shirakawa-go, composta de casas antigas cobertas com palha de susuki, uma espécie de capim. São casas construídas há cerca de duzentos anos, e foram dispostas nesse vale, formando uma Aldeia Antiga. Essa Aldeia foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. As coberturas de capim seco são trocadas a cada trinta ou quarenta anos, durante uma cerimônia, que
reúne todos os moradores da vila. Geralmente, são trocados quando o herdeiro atinge os trinta anos de idade. Então, todas as gerações fazem
a troca da cobertura da velha casa, que passa de pai para filho,
tradicionalmente. O capim seco protege os moradores da neve e mantém o interior aquecido, mesmo quando as temperaturas caem abaixo de zero.
Há tanto
que falar e escrever sobre as folhas, que acabei me perdendo, e desviando do
foco principal. Queria abordar sobre o formato delas, que é muito variado.
Como Deus foi um Artista completo,
produzindo folhas dos mais variados estilos, formatos e cores! Na minha coleção
de vasos, que é bem limitada dá para perceber essa variedade. E fico encantada
ao descobrir novos formatos e novas cores.
E que
tal você também olhar à sua volta, e apreciar as obras de Deus? Há tanta coisa
linda para ser vista e admirada!
Mirandópolis,
abril de 2014.
kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
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