quarta-feira, 16 de abril de 2014



       Mil folhas





   Recentemente, vi uma coisa fantástica na tevê NHK do Japão. Há duas semanas que, em todos os noticiários, os apresentadores vêm mostrando a florada dos sakurás. Entre os dias vinte até vinte e cinco, havia um frisson, para descobrir as primeiras flores... O sakurá é a flor mais apreciada dos japoneses. Ela anuncia a chegada da tão ansiada Primavera, que vem substituir o rigoroso Inverno asiático, com as terríveis nevascas e temperaturas abaixo de zero.
      Fiquei fascinada ao constatar que todo o país se encantou com o desabrochar das flores. Aqui no Brasil, ninguém toma conhecimento das flores maravilhosas, com que a natureza nos brinda o ano inteiro. Os ipês. Ah! Os maravilhosos ipês!... As primaveras se derramando dos muros...
     Gosto muito de plantas. Mesmo dos matinhos, que insistem em nascer nas gretas dos muros e calçadas. E acredito que, Deus foi muito sábio em tingir de verde toda a vegetação, ou pelo menos a maioria que existe. O verde não cansa os olhos.
    Como aprecio flores, fico comparando cores e formatos delas. E percebi que, assim como existem mil variedades de flores, há também outro tanto de folhas.
      E as folhas têm vários usos como saladas de alfaces, almeirão, agrião, couves, repolhos, acelgas, imprescindíveis na nossa frugal alimentação. E há folhas sem as quais, os animais herbívoros não poderiam viver. São o capim, os napiês, as gramas, os coloniões, as canas, que formam as pastagens do gado vacum, equino e ovino.
      Desde o início dos tempos, as plantas foram usadas como remédio para os males físicos da humanidade. Delas se fez uso das sementes, das flores, das raízes, das cascas e também das folhas como unguentos para inchaços, dores e torções. Também muito chá ajudou a curar males, estancar hemorragias e baixar febres.  Os moradores das selvas conhecem de sobra, a utilidade das plantas.
      Lembro-me que, na infância, a dona Regina, uma velha senhora de origem italiana ensinou mamãe a fazer emplastros, para curar inchaços, usando folhas de batata doce. Mais tarde, usei chás de camomila e de erva-doce para combater cólicas dos bebês. E tomei chás de quebra-pedra para cólicas de rim...
      Acho que todas as pessoas já usaram alguma erva, para combater suas dores físicas. Mesmo a Farmacologia vive pesquisando plantas, para elaborar remédios que curam.
      O inconveniente de certos remédios, que costumamos consumir é que contêm substâncias químicas necessárias para sua elaboração, que causam efeitos colaterais. É por isso que, os antigos não punham fé em medicamentos de farmácia...
      Mas, as folhas ainda têm outras propriedades, além de servirem de alimento e remédio. Diante da luz do sol, elas renovam o ar, absorvendo o gás carbônico e produzindo oxigênio, tão necessário para a nossa respiração. É por isso que, a gente se sente tão confortável debaixo de uma árvore frondosa, pois há bastante oxigênio, que ao ser aspirado transforma nosso sangue venoso em arterial, eliminando as toxinas.
   Elas ainda amortecem o barulho produzido pelos seres humanos, nas grandes cidades. Os sons de carros, motos, trens, aviões e indústrias são reduzidos ao chegarem às folhas das árvores, por isso seria impossível viver numa cidade sem árvores. Além disso, elas produzem a maravilhosa sombra, que são oásis no deserto dos asfaltos, em dias ardentes de Verão.
    Lembrei-me também das antigas aldeias japonesas, cujas casas são cobertas com palha de capim. Na Província de Gifu, existe a Vila de Shirakawa-go, composta de casas antigas cobertas com palha de susuki, uma espécie de capim. São casas construídas há cerca de duzentos anos, e foram dispostas nesse vale, formando uma Aldeia Antiga. Essa Aldeia foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. As coberturas de capim seco são trocadas a cada trinta ou quarenta anos, durante uma cerimônia, que reúne todos os moradores da vila. Geralmente, são trocados quando o herdeiro atinge os trinta anos de idade. Então, todas as gerações fazem a troca da cobertura da velha casa, que passa de pai para filho, tradicionalmente. O capim seco protege os moradores da neve e mantém o interior aquecido, mesmo quando as temperaturas caem abaixo de zero.


    Há tanto que falar e escrever sobre as folhas, que acabei me perdendo, e desviando do foco principal. Queria abordar sobre o formato delas, que é muito variado.
    Como Deus foi um Artista completo, produzindo folhas dos mais variados estilos, formatos e cores! Na minha coleção de vasos, que é bem limitada dá para perceber essa variedade. E fico encantada ao descobrir novos formatos e novas cores.         
     E que tal você também olhar à sua volta, e apreciar as obras de Deus? Há tanta coisa linda para ser vista e admirada!   

     


      Mirandópolis, abril de 2014.



Nenhum comentário:

Postar um comentário