quinta-feira, 10 de abril de 2014



                Ser Mulher
  8 de março – dia Internacional da Mulher. Por que esse dia? 
     É que há uma ocorrência dolorosa que marcou essa data.
    No dia 8 de março de 1857, operárias que trabalhavam numa fábrica de tecidos em Nova York nos Estados Unidos, resolveram fazer um protesto. Elas pediam melhores condições  de trabalho, pois a sua  jornada era de dezesseis  horas diárias e ganhavam um terço do  salário pago  aos  homens  pela mesma função. Era praticamente um trabalho escravo. Os patrões, porém ao invés de ouvi-las, trancafiaram-nas numa sala e atearam fogo. Cento e trinta tecelãs foram queimadas vivas.
     Esse tipo de protesto ocorreu na Rússia também e em várias partes do mundo, porque a mulher era totalmente discriminada e, tratada como escrava mesmo.
    Muitas manifestações e reivindicações após, as mulheres  passaram a ser um pouquinho valorizadas.
      Não sei se por ter sido criada a partir de uma costela de Adão, de acordo com a lenda, a mulher sempre foi considerada um ser inferior, que deveria servir ao homem como uma simples criada. Nos antigos livros de História das Civilizações, há relatos de arrepiar. Mulheres não tinham direito de se assentarem nos  lugares destinados aos homens porque sangravam (menstruavam). Eles as consideravam impuras e perigosas. Mesmo entre as tribos meio bárbaras, quando ocorriam cataclismos ou desastres da natureza como inundações, chuvas intermináveis, secas prolongadas, uma jovem mulher (nunca um homem) era sacrificada para acalmar os deuses. E quando faziam as iniciações, para os meninos serem integrados na vida dos homens, as mulheres mães não tinham direito de participar ou assistir.
 
  Mesmo no Brasil colonial, as mulheres eram apenas servas de seus donos ou maridos. Deviam respeito total ao marido e não podiam contestar suas ordens, mesmo que se referissem à educação dos filhos. A imagem que me vem à cabeça, quando penso nos coronéis dessa época, é da esposa ajoelhada no chão tirando as botinas dos maridos ...
   Durante séculos, em qualquer país do mundo onde havia um Reinado ou Império, o Rei ou o Imperador poderia ter suas concubinas, que às vezes chegavam a dezenas, e a Rainha ou a Imperatriz deveria aceitar e ficar calada. Essa relação irregular dentro de um Reino provocou guerras e mais guerras, por causa dos filhos que disputavam o poder, estimulados pelas mães que almejavam o trono.
      No Japão antigo, quando o país era assolado por crises terríveis de fome, as meninas eram vendidas a troco de sal, esse sal que é usado na culinária. Como havia carência de alimentos, achavam que não valia a pena alimentar meninas que, mais tarde iriam embora quando se casassem... Não dariam retorno da despesa gasta... E o destino delas era fatal: seriam escravas de seus donos ou vendidas a prostíbulos... Mesmo na China, na era moderna foram relatados casos de mortes de nascituros, quando eram do sexo feminino...
    No Japão moderno, tem uma história estranha referente ao Sumô, ou aquela luta de homens gordos e quase nus, que se pegam na arena de terra. Essa arena ou Dohiô é feita de terra com palha de arroz. Para levantar essa arena ou dohiô, por dias e dias a terra é amassada e socada enquanto monges budistas rezam suas sutras. Pois é, tudo é meticulosamente preparado para abençoar esse lugar, que será o palco de muitas contendas.  Abençoado para os Deuses protegerem os lutadores. E a mulher não pode subir nesse lugar porque é impura, porque sangra. E os lutadores não nasceram de mulheres?
     Desde que foi criada, a Mulher foi a outra metade do Homem. O côncavo do convexo, que unidos formam um só ser. A respeito disso, há uma lenda grega engraçada. Zeus, o Deus da antiguidade havia criado os humanos em duplicata, isto é num só corpo havia um homem e uma mulher, unidos pela frente. De repente, Zeus notou que essas criaturas ficavam se alisando o tempo todo, e resolveu parar com a brincadeira. Separou o homem da mulher, cortando verticalmente e separando as metades. E desde então, ambos saíram pelo mundo procurando a sua metade... O côncavo e o convexo...
      Estranho é notar que a discriminação ocorre só com os humanos. Nunca vi as gatas, as galinhas e as cadelas serem escorraçadas do convívio comum pelos machos. Há é verdade, disputa pelas fêmeas, abordagens, cenas de conquistas como entre humanos, mas discriminação não. E o homem é racional...
     Fico imaginando como seria o Mundo, esse Planeta, essa Terra Mãe, se não houvesse Mulheres. Se não tivessem pisado esse chão que pisamos, tantas heroínas valentes que se destacaram no mundo das Artes, da Literatura, da Medicina, da Assistência aos Carentes como a Madre Teresa de Calcutá.
      E se não houvesse a Maria, Mãe de Jesus, a quem apelaríamos em nossos momentos de desespero?
       Sou Mulher e muito me orgulho disso!
     
      Mirandópolis, março de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário