quinta-feira, 17 de janeiro de 2019





         Sobre armamento
       
        Toda essa polêmica sobre a flexibilização do armamento me fez lembrar de um fato, que um cidadão me contou.
      Ele era Agente de Segurança de uma Penitenciária e certo dia, foi designado para acompanhar um preso ao velório de sua mãe em outra cidade. Eram apenas ele, o motorista da viatura e o presidiário. A viagem foi tranquila, sem incidentes.
 Mas, ao chegar na rua em que ocorria o velório havia uma multidão aguardando... O dito cujo foi recebido como um herói para o espanto dos seguranças. Todos gritavam para liberá-lo e deixá-lo ficar para o enterro... Não havia autorização para isso. A multidão formou um corredor estreito para a passagem dos visitantes. Enquanto os três adentravam no recinto, os familiares choravam e gritavam... E os dois seguranças temendo pelas próprias vidas e tremendo de fato,  acompanharam o indivíduo para se despedir da mãe. Foi só nesse momento que a multidão se aquietou. Mas, o amigo me disse que nunca havia sentido tanto medo diante de uma turba. Se estava armado? Não! Só portava uma caneta Bic no bolso do uniforme... Agentes não podiam portar arma... Felizmente, tudo terminou bem, devido à natureza do presidiário, que devia ser de paz.
Mas, aí ficou a pergunta? E se a multidão quisesse resgatá-lo? E não o entregassem aos Agentes? O que teria acontecido? E o que os Agentes poderiam fazer?
Quando os Imigrantes japoneses vieram para o Brasil, foram encaminhados para as imensas florestas, que tiveram que derrubar para iniciar a lavoura do café. Como era mata fechada, havia muitas onças e outros bichos perigosos rondando suas taperas à noite. E para garantir a segurança de todos, os chefes compraram armas de fogo, que conservavam guardadas para uma emergência. Com certeza, essas armas foram usadas para espantar os animais ferozes, mas nunca para abater vizinhos ou desconhecidos.
E quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, em que o Japão era um dos participantes, o Governo de Getúlio Vargas, temendo uma reação dos imigrantes japoneses, mandou confiscar todas essas armas. Meu pai que era um dos líderes numa Colônia de Japoneses em Lavínia, foi com um amigo de casa em casa recolher as armas. Encheram quatro sacos de armamento e levaram-nos a cavalo à Delegacia de Polícia de Lavínia. Se bem que as melhores armas eles enterraram no chão para não serem confiscadas. E para garantir a segurança da Colônia. As demais  armas nunca foram devolvidas... Mesmo com o fim da guerra.
Todos possuíam armas de fogo porque era necessário, mas ninguém as usou para resolver questões, que sempre houve entre os imigrantes e seus patrões brasileiros. As armas eram para sua defesa e de suas famílias. Para nada mais.
Houve sim, uma questão em que japoneses mataram japoneses aqui no Brasil, porque não aceitavam a derrota do Japão na Segunda Guerra. Mas, isso foi ordenado pelo grupo Shindo Renme, que tinha o alto comando lá na Capital e era uma facção criminosa, que aterrorizou os imigrantes, que reconheceram a derrota do Japão. Entre os imigrantes que vieram para trabalhar não houve questões mais sérias envolvendo armamento de fogo.
E essa questão da flexibilização da posse de armas tem um regulamento que deverá ser obedecido.
Em resumo, concluí que a permissão é para o maior de 25 anos, que tenha ocupação lícita e residência fixa, sem antecedentes criminais; com comprovada capacidade psicológica e técnica; e comprove a necessidade efetiva de arma, que é o caso dos Agentes Penitenciários e demais funcionários que atuam na área de segurança. E tudo isso deve ser conferido de cinco em cinco anos.
Para finalizar, acho que todas as pessoas são de paz e ninguém pretende matar ninguém. Quem se sente mais seguro e quer uma arma deverá obedecer ao critério acima, quem não quer não precisa se preocupar.
Nos anos 1930, 40, 50 os imigrantes tinham armas de fogo e não saíram matando por aí. Será que a humanidade mudou tanto?
Será que devo temer o vizinho que possua armas?
Mirandópolis, janeiro de 2019.
kimie oku in

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