sábado, 21 de janeiro de 2012


                                SAGRADO

       Certa mãe foi ao mercado fazer compras, com o filho único de cinco anos de idade,
       Enquanto a mãe pagava a conta, o menino escapuliu e, foi pegar um canudinho de plástico no bar, e escondeu-o no bolso.
       Ao chegar em casa, escondido da mãe, ele foi tomar suco usando o canudinho, e  depois foi soltar bolhas de sabão, no quintal.
       Sempre que ia ao mercado, o garoto pegava um canudo e, para a mãe não descobrir,  após usá-lo, jogava-o na máquina de lavar roupa, no meio da água de sabão.
       Quinze dias depois, a mãe estranhou a máquina que não esgotava a água. E soltou a mangueira. Nisso, junto com a água suja, saíram uns trinta canudos de plástico.
       Indignada, a mãe chamou o garoto e o pressionou: “Nesta casa, só você pode ter feito isso!”
       Mas o filho negou categoricamente.
       À noite, quando o marido voltou do trabalho, ela contou o fato a ele. E ele deu risada. “Puxa, o menino não imaginava que ia entupir a máquina!”
       A mãe porém,  “Isso  não é brincadeira! Que tipo de educação estamos dando ao nosso filho?”
       E  ele:....”Sabe, quando eu tinha uns dez anos, queria comprar um canivete, desses que dobram, porque o meu era velho e usado. O desejo  era tanto que,  peguei  o dinheiro da mamãe, comprei o canivete e o escondi atrás dos livros...  No dia seguinte, mamãe me falou: “ Ajoelhe-se diante do altar e vamos orar” e  durante a oração, a mamãe  falou : “Sabe, ontem à noite tive um sonho. Deus me avisou que, havia um objeto perigoso atrás dos seus livros. Hoje cedo fui ver e, achei isto!”  Não tive como negar, e chorando acabei confessando e prometendo não fazer mais...
“Vamos orar de novo!” E ela pediu a Deus que me abençoasse, porque não faria mais isso. E declarou que mesmo que os pais não estejam vendo, Deus está sempre vendo tudo que a gente faz... e esta frase de certa forma, serviu de freio para eu não praticar atos desonestos,
 até hoje...
        Mesmo papai, que era um homem muito  respeitado, abaixava a cabeça diante do altar, e eu ficava imaginando que devia existir alguém mais poderoso, que ele 
temia e respeitava.”
E a esposa: “Eu também me lembro da mamãe acendendo incenso e, de mãos postas orando diante do altar. Nas missas pelos mortos da família,
 todos se  ajoelhavam e rezavam.
 Hoje ninguém mais faz isso, 
e não há  sequer altares nas casas. 
Todo mundo acha que isso é moda ultrapassada. 
Mas, pensando bem, acho que aquele costume de  fazer oferendas, acender velas e orar,
 de alguma forma protegeu e manteve  unidas as famílias, até agora.  
Hoje as famílias estão se desagregando,
 porque não há mais elos – cada um pensa e age por si. E tudo virou uma busca contínua de bens materiais
 – um carro novo, uma tevê nova,
 mais conforto material... 
todos se esqueceram da origem, 
dos antepassados, de Deus...
Mas, ainda é tempo! Vamos pegar as fotos de nossos avós e organizar um cantinho na casa para
 cultuar Deus e os antepassados. 
De alguma forma , o nosso filho também acabará desenvolvendo o lado espiritual.”
No outro dia: 
“Filho, a partir de hoje, vamos fazer oferendas a Deus, e aos antepassados da família. Você pode nos ajudar?”
“Sim, mamãe!”
Nobuyuki Kaji, emérito Professor de Osaka, do Japão, sugere que todos nós tenhamos em casa, 
um lugar sagrado,
onde possamos cultuar Deus e os ancestrais.
 Diz ele que não é necessário um belo altar,
 bastando uma imagem, uma cruz, 
as fotos dos antepassados, 
ou mesmo apenas os nomes deles.
Diz ainda que, quando alguém faz oferendas, reverências e orações nesse lugar,
 uma energia poderosa estabelecerá a ligação
entre essa pessoa e Deus. 
E algo muito positivo acabará fluindo na casa. 
Mesmo que a oferenda seja mínima, um incenso, uma flor, um punhado de arroz;
 mesmo que a oração seja pequena e desajeitada, essa espiritualidade se estabelecerá.
 E de alguma forma, acabará fortalecendo os laços de família.
Finalizando: “Meus amigos, vamos fazer um cantinho sagrado em casa?”
 
Post scriptum: Extraído da Revista japonesa New Morals 457 – tradução e síntese por kimie oku.

       Mirandópolis, 11 de novembro de 2009.
                              kimie oku
                 (kimieoku@hotmail.com)

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