História
Revisada
Durante séculos, a História
considerada verdadeira, oficial, era a história dos vencedores. Só eles tinham
voz. Em um poema de Bertold Brecht, o operário letrado pergunta:
- Quem construiu Tebas, a de Sete Portas?
Nos livros vem o nome dos reis, mas foram os reis que transportaram as
pedras?
Com a valorização da História Oral,
nas últimas décadas, o povo começou a aparecer como personagem. Suas músicas,
danças, artesanato, “causos”, começaram a ser estudados e valorizados.
A História do Cotidiano passa a se
preocupar com assuntos considerados, até então, triviais como, comida, banho,
vestimenta, cartas, etc. E assim a História começa a ser reconstruída,
revisada, com a memória popular.
Infelizmente nem sempre é possível
comprovar a veracidade do fato. A memória é seletiva. Geralmente só nos
lembramos daquilo que nos toca. Como diz a frase: “Só fica aquilo que
significa”.
Na verdade o que acaba prevalecendo
na História, não é o fato em si, mas a interpretação do fato.
Este
prólogo todo foi para chegar à minha crônica HISTORIA PRESERVADA, publicada no
dia 21/04/12. Nela falei sobre a homenagem que deveria ser prestada a José
Gabriel, “primeiro carteiro” da cidade.
Na verdade segundo meu amigo
Professor João Torrente, naquela época não havia carteiro na cidade. As pessoas
iam buscar sua correspondência, no próprio Correio. José Gabriel era
funcionário dessa empresa (não sabemos seu cargo específico). Sua função era ir
até a estação, com a carriola, buscar as correspondências, jornais e revistas
de assinantes, pacotes de Diário Oficial, pequenas encomendas. Essas vinham
através da ferrovia e eram depois despachadas pelo Correio.
José Gabriel ficou conhecido como
carteiro, porque ao receber os malotes, separava a correspondência dos amigos e
conhecidos, médicos, comerciantes e as levava para eles, por gentileza.
Segundo o Prof. João que durante
anos trabalhou na Estação Ferroviária de Mirandópolis, a composição do trem de
passageiros era a seguinte: logo após a locomotiva vinha o vagão dos Correios,
depois o vagão denominado “Breach ou Cabose”, onde ficavam os agentes que
picotavam as passagens e o chefe do trem. Nele havia um freio, para parar a
composição em uma emergência.
Depois vinha o carro Restaurante, os
de Primeira Classe e finalmente, os de Segunda Classe (o número deles dependia
da demanda, do período do ano). No último vagão, em um cantinho, ficava um
grande baú com jornais e revistas que eram vendidas aos passageiros durante a
viagem. Como em muitas cidades não existiam bancas de revistas, caso de
Mirandópolis, as pessoas iam até a estação e quando o trem parava, compravam do
jornaleiro, através das janelas do trem, gibis, jornais, etc.
Terminando essas reminiscências não
podemos deixar de citar dona Cinira Pavesi, Agente do Correio, esposa do Sr.
Henrique Pavesi, Maestro da Banda São João da Saudade, autor da música do Hino
da cidade Labor ( a letra é do Dr. Alcides Falleiros). Junto a ela, trabalhava
a filha Neide, hoje uma senhora de carisma incrível, benfeitora, responsável
por muitas ações em prol dos mais necessitados da cidade.
MARIA NÍVEA PINTO
Professora e Pesquisadora
de História
Cara Blogueira.
ResponderExcluirLi nos eu perfil que é uma professora aposentada. Eu sou uma simples dona de casa... 'Do lar' como costumam dizer.
Se tivesse na ativa, com certeza teria outra visão sobre o rumo da educação e como hoje os professores tem que se comportar em sala de aula. Se o nível educacional brasileiro esta decadente, o fato não se deve somente a professores que não sabem e não querem exercer sua função de mestre. Estes de fato existem a milhares... mas os que querem e sentem orgulho em ensinar, o que hoje conseguem fazer é somente ficar na porta da sala de aula, impedindo que os alunos saiam para o pátio... e outras ações mais ridículas ainda para manter o aluno em sala, e tudo com muito cuidado para não ferir os brios dos alunos, pois qualquer ação disciplinatória mais efetiva pode lhe gerar um processo administrativo. Mas somente quem esta no ensino público atualmente para saber do eu estou falando. Menciono isto, que nada tem haver com sua postagem, pelo fato de ter lido um comentário seu sobre a atuação condição do ensino, e também por ter vários professores na minha família que compartilham comigo e entre si... os fatos mais escabrosos referentes ao que acontece hoje nas salas de aulas e os atritos com as Diretorias de Ensino. Todos são capacitados e amam o que fazem e passam por verdadeiros problemas diários, incluindo de saúde física e emocional no enfrentamento destas verdadeiras salas de horrores que são as escolas brasileiras. Nos tempos antigo os professores davam aulas para alunos disciplinados por seus pais nos seus lares, podiam até não querer saber muito de estudar... ou não ser lá muito educados ou inteligentes, fatos muito mais fáceis de lidar, porque tanto os pais, como mestres e diretores tinham influência comportamental direta sobre os alunos. Diferente de hoje.. que a maioria dos pais trabalham fora, os filhos são educados por estranhos, pela rua e a pela mídia televisa manipulativa, apelativa e consumista, sem contar que nas salas de aulas tem verdadeiros bandidos, drogados, pertencentes a gangues que se marcam um professor ele sofre de violência ou perde a própria vida como temos presenciado as notícias que estampam as manchetes.Então pense muito antes de culpar os professores, há bons e maus, como em todas as profissões. Mas evidentemente eles não os únicos responsáveis pelo nível do ensino atual, não exima os pais, os governantes, os diretores acadêmicos, os alunos e a própria sociedade, digo 'nós mesmos' da formação deste caos educacional e social.
Abraços,
Marta Siqueira de Melo