terça-feira, 23 de outubro de 2012

Autumn leaves



  Autumn Leaves


          The falling leaves 
          drift by the window, 
          The autumn leaves
          of red and gold.

         "As folhas  que caem contra a janela
         são folhas vermelhas e douradas de outono"


          Esta canção tão simples marcou época desde que foi composta lá pelos anos 45/46, como Feuilles mortes, ou Folhas mortas para os franceses. Foi cantada por Edith Piaf, por Nat King Cole, Frank Sinatra e mais recentemente por Eric Clapton.
           No Brasil foi sucesso nos anos sessenta e setenta.
        É uma canção despretensiosa, que fala das folhas que caem no outono, e das saudades que desperta esse desfolhar das árvores.
Toda vez que vejo as ruas cheias de folhas no chão e percebo a mudança da estação, penso na genialidade da pessoa que escreveu essa cançoneta.
Interessante é que o desfolhar das árvores no Brasil acontece mais no fim de Inverno e não no Outono. Nas últimas semanas é que a gente percebeu como as pessoas lutavam contra o vento, para juntar as folhas mortas nas calçadas. E a estação era Inverno, que cedeu lugar agora para a Primavera.
Nos países frios como no Japão, Canadá, Estados Unidos, é possível perceber essa ocorrência no Outono mesmo, quando as folhas ficam amarelas, douradas e vermelhas, como se as árvores vestissem uma roupa de luxo, para uma festa. É o famoso "Koyo" dos japoneses, que deixa as montanhas coloridas.
         E é de encher os olhos o colorido que toma conta das florestas, das praças e dos jardins. E é apenas a transformação que sofrem as folhas devido à falta da iluminação solar, que fica mais suave nessa época. Esse koyo chega a ser deslumbrante em alguns lugares, e todo mundo percebe que a estação é Outono. No Brasil não ocorre essa mudança, porque o sol é sempre muito forte e não dá tréguas.           
Aqui, ao contrário nunca se percebe a mudança das estações, porque temos um sol forte o ano todo, uma iluminação poderosa e muito calor. Flores e frutos ocorrem durante todas as estações. Mesmo no Inverno vemos primaveras deslumbrantes nos muros das casas, e isso confunde a gente sobre as quatro estações.  E de repente, em pleno Inverno acontece um veranico, ou um calor de estralar mamona. Ou, ao contrário, em pleno Verão vem um frio danado, que deixa todo mundo encolhido.
As estações do ano no Brasil são apenas nomes, que não combinam muito com as condições da natureza.
Quanto a isso, acho que não temos nada a reclamar, pois, o sol tropical proporciona vantagens que outros países não têm: Como a luz solar é o mais poderoso desinfetante, nosso povo tem mais saúde, com menos ocorrência de gripes e resfriados, menos problemas respiratórios do que nos países gelados. Além disso, as plantas crescem com mais vigor, e alimento não nos falta. Afora isso, as roupas secam em instantes nos varais, dispensando na maior parte do ano, as secadoras elétricas.
Na verdade, somos abençoados por vivermos numa região tropical, onde a diversão de fim de semana é a praia. E praia e sol escaldante é que não faltam no Brasil.
Mas, voltando às folhas mortas, tenho uma mania: Gosto de desenhar folhas secas, observando todas as nervuras, que um dia alimentaram a planta, levando a seiva da raiz até os botões para florir.
Vejo na folha seca, uma vida que um dia deslumbrou o mundo com sua beleza. Vejo em cada folha seca que vem bailando pelos ares, uma pessoa que um dia nasceu, cresceu e viveu a vida com entusiasmo, com alegria, com paixão... Cada folha é como uma senhora idosa no fim da vida, procurando um pouquinho mais de seiva, para continuar usufruindo da grande aventura de viver. Cada folha seca caída na calçada é um ancião, que um dia teve sonhos, ilusões, ambições e que está se despedindo da vida, com relutância, porque viver é muito bom.
E cada folha seca me inspira um poema:  


   Galho cortado
   vida partida.
   Mas, a ânsia por viver, 
   ainda permanece
   na folha cheia de espinhos
 implorando........seiva. 


                                                                                                                                                          

    Que segredo precioso 
 queres guardar, folha plissada?
Lembranças da bela árvore,
dos botões verdes e redondos,
das flores brancas e quietas...
ou das tardes luminosas 
 que alongavam as doces sombras?

                                                                                                     
                                 Que mistério transforma

         O verde em prata?
         A folha condenada
         no seu suspiro final,
         se veste de luz
         e de prata...
         Despedindo-se da vida.


    
      Mirandópolis, setembro de 2012.
      kimie oku in "cronicasdekimie.blogspot.com

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