segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Balanço Geral



           Quando chega o fim de mais um ano, é preciso fazer um balanço do tempo que passou.
O que foi realizado, o que deixou de ser, as pequenas realizações do dia a dia e as grandes derrotas que prevaleceram...
Todos nós empenhamos valentemente para alcançar metas, mas as dificuldades sempre atrapalham e poucas são as vitórias.
Mas,  olhando ao redor, percebemos como a vida foi generosa com a gente. Famílias perderam pessoas muito queridas, doenças atingiram amigos de repente, problemas financeiros atrapalharam a harmonia de alguns lares... Separações desfizeram famílias de longa data, arrasando os filhos, os netos...
Tá certo, houve alguns entraves, mas é assim mesmo. Não existe caminho sem pedras prá tropeçar, ou espinhos para ferir. Mesmo assim, chutamos as pedras, lambemos as feridas e continuamos a caminhada, sem maiores problemas. Com algumas dores, é verdade.
E chegamos até aqui inteiros, com toda a família. Com rusgas aqui e ali, mas nada que o tempo não resolva.
O importante é que ainda estamos aqui, participando da grande aventura de viver.
Problemas? Quem não os tem?
Problemas de saúde: uma vertigem aqui, outra ali, uma dor na coluna, dando uma entortada de vez em quando, dor no joelhos, dificultando a caminhada... visão meio desfocada, aumentando os graus dos óculos... ouvidos menos auditivos, perdendo a metade das falas alheias, cabelos embranquecendo o dobro do ano passado (os que não caíram ainda), a memória traindo volta e meia, olvidando  os nomes de amigos, que de repente nos abraçam com alegria no meio da rua... perdendo os óculos dentro de casa, esquecendo a chave do carro nas lojas, sem contar as bolsas e carteiras esquecidas por aí... e o colesterol aumentando, assim como o peso...
Puxa! Quantos problemas a gente enfrenta nessa fase da vida. Acho que não são problemas, mas motivos que conduzem ao final. E como a gente teima em viver, vai tentando vencer tudo isso, para não entregar os pontos. Resistir é preciso.
Na verdade, a gente está descendo a rampa.
E é uma rampa vertiginosa, cheia de acidentes que  derrubam a gente, que nos fazem tropeçar, cair, e cair, e cair... Difícil é levantar, porque não há corrimão para nos apoiar, e quando a gente consegue, devido ao ângulo íngreme da descida, a gente cai de novo, de novo, e de novo. E vai rolando para baixo, mais para baixo... Mesmo assim, a gente ainda quer caminhar com as próprias pernas e chegar até o limiar da vida, com coragem e determinação. Resistir é mais do que preciso.
Então, toma-se o remédio que é só um paliativo, faz-se um regimezinho, caminha um pouquinho, e assim a gente vai enganando a si mesmo, como se levasse uma vida cheia de firmes propósitos, e fingindo que tudo está azul.
Enquanto isso, repassamos mil vezes o ano que findou, a vida que  está passando, tudo que se viveu, sofreu, aprendeu...
O que fiz nesses 365 dias?
Respirei, comi, dormi, falei, escrevi, telefonei, caminhei, abracei amigos, cantei e brinquei várias vezes de ciranda, descobri amigos para o grupo Ciranda, que se reuniu onze vezes na Chácara do seu Albertino Prando, e nos divertimos tardes inteiras, embalados pela sanfona e pelo pandeiro, fiz bolos e tortas pros cirandeiros.
Troquei o computa, fiz curso para aprender o básico para digitar meus textos, fotografei (como fotografei!), entrei no face book, postei fotos, comuniquei com gente que nunca vi, mas que está sempre em sintonia comigo, descobri o paradeiro de pessoas queridas, que há séculos não via.
Fui ao sítio, plantei legumes e verduras, arranquei ervas daninhas, irriguei canteiros, colhi salsas, cebolinhas, cenouras, pimentões, tomates, berinjelas, pimentas ardidas, beterrabas... limões, jacas, mangas Bourbon, espada.... Distribuí legumes frescos e frutas pela vizinhança.
Entrevistei pessoas, tanta gente bonita que são exemplos de vida... dona Severina, Takeshi Kido, Waldir José Frigeri, Neyde  Pavesi, Gennaro Ordine, Fernando Miron,  José Carrilho Viudes, Ivo Ferreira... que nos encantaram com suas experiências de vida, dedicadas à construção dessa nossa cidade.
Vi médicos, tomei remédios, fiz sessões de fisio, tratei dos olhos, pinguei colírios, troquei os óculos, cuidei da alergia epidérmica, com cremes e loções caras, caminhei, tentei regimes... acho que tudo em vão, pois a idade não perdoa e o peso dos anos vai cobrando os juros...
Comprei livros japoneses sobre os heróis Oda Nobunaga, Tokugawa Ieyassu, e Toyotomi Hideyoshi, li e copiei a biografia de Miyazawa Kenji e Higuchi Ichiyo. Encomendei as biografias de Noguchi Hideyo, Sakamoto Riyoma, e Takeda Shingen.
Ufa! Não foi mole, não!
E ainda toquei piano. Muito barbeira e desafinadamente, mas toquei. Para não esquecer o dedilhado, e para eu curtir a sonoridade das serenatas e sonatas dos grandes músicos. (Toco para mim mesma, por isso não fico preocupada se acabo cometendo grandes deslizes).
De tudo o que lucrei?
As leituras, os filmes que vi, os textos japoneses que copiei, as crônicas que fiz. Posso dizer que vivi plenamente este ano de 2012.
E amanhã, como será?
Como será 2013?
Bem, o porvir só a Deus pertence.
         Viver é preciso. Agora.

Mirandópolis, dezembro de 2012.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”

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