sábado, 9 de fevereiro de 2013



Nomes, sobrenomes e apelidos

      Há um tempo atrás, quando comecei a me comunicar através do face book, tive uma troca de impressões muito engraçada a respeito de apelidos. O amigo conhecia apelidos inusitados.
         Prá começar, ele fez parte de uma geração que apelidava todo mundo com as características que punham em destaque a figurinha do outro; tipo “Cabelo de fogo”, “Zoiúdo”, “Gaguincha”, “Beiçudo”...
       Essa história de nomes e apelidos é uma coisa interessante. Há nomes e nomes. Meu sobrenome de casada é Oku, que significa profundo e se escreve com apenas um ideograma. Mas, ao pronunciá-lo, se se acentuar a última sílaba se transforma em um palavrão, em Português. Sobre isso aconteceu um fato hilário. Quando meu cunhado passou no concurso do Banco do Brasil, há décadas atrás, ligaram daqui para o Rio para conferir os resultados. E alguém do outro lado da linha disse: “Passou o fulano ... mas o sobrenome é um palavrão.”
         E quando meu primogênito ia começar a frequentar a escola, preocupada com as gozações dos colegas, eu o alertei sobre o seu sobrenome, que poderia lhe trazer aborrecimentos. Mas, ele me tranquilizou dizendo que, Oku é menos feio que Francisco Cuoco...
     Certa vez, uma amiga me contou que tinha uma colega chamada Fulana Bruschetta Pintão. E a moça sofria toda vez que lhe pediam o sobrenome...
         Uma senhora havia esperado tanto uma filha, que, quando ela veio, lhe deu o nome de Idolatrada! Pode?
       Conheci num desses Cursos de férias, um Professor tristinho, desajeitado e esquivo que se chamava José. E a gente lhe perguntava: “José do quê?” “De nada” “José de nada?” e ele, muito sem graça, dizia: “Não tenho sobrenome!”
        Realmente, é melhor ser Oku, Cuoco ou Bruschetta Pintão do que não ter sobrenome algum.
         O sobrenome é uma referência. Ele diz a que família, a que grupo, a que clã você pertence.
No Japão Medieval, o culto do nome de família já levou às raias de exacerbação. Quando não nascia filho-homem, muitas vezes a mulher era devolvida à família de origem, como incapaz. E quando não havia filho-homem, para perpetuar o nome da família, um jovem era comprado para casar com uma das filhas e, adotar o sobrenome da moça. Em troca, ele recebia muitas regalias, como terras, casas, dinheiro, títulos e até toda a herança da nova família.
Só que, o jovem que se submetia a esse tipo de contrato tinha o desprezo da maioria da sociedade... Ainda hoje ocorre esse tipo de acordo, entre alguns grupos de japoneses. O sobrenome ou nome da família é muito importante para a tradição japonesa, por isso ele antecede o nome quando a pessoa se apresenta, ou assina um documento. Assim, eu seria Oku Kimie. E seria sempre chamada pelo sobrenome; o nome seria só para os íntimos. Estranho né?
Falta de respeito é o que certos pais fazem com a denominação de seus filhos. Conheci um sujeito que, registrou o filho com o nome de Luatom!!! Quando lhe perguntei a razão, disse que era uma homenagem à chegada do homem na Lua e à Era Atômica. Tive eu, a vontade de mandar o sujeito prá Lua!...
Agora, apelidos existem os mais incríveis como: Boca Podre, Boca Rica, Cascolar (ele gostava de professoras), Faísca, Caboré, Feijão, Grilo, Fornalha, D 20, Jacaré (pai) e Lagartixa (filho), Mimosa, Repórter Esso, Fumaça, Breguedé, Lígia bang-bang e por aí vai.
Um amigo que curte apelidos me passou uma lista, dentre os quais selecionei estes: Bacuri, Manga Chupada, Visgo (de jaca), Canário, Sanhaço, Galo Cego, Jurupoca, Beição, Bogato, Bizorro, Bisteca, Cudiga, Dez prá duas, Fumanchu, Morróida (de hemorróida), Tiriça, Tocó, Xepa e Zapata.
Mas, um apelido que caiu como uma luva foi Seis e meia (horas), o apelidado não era nem claro nem escuro.
Conheci uma família que tinha dois cachorros: o branco se chamava Maradona e o preto era Pelé. Isso foi no auge da carreira desses famosos jogadores.
Falando em nomes, acho ridículo colocar dez prenomes para uma criança que nasce, como se usava entre a realeza. O Príncipe recebia nomes como Antônio, Guilherme, Francisco, Coriolano, Manoel, Leonardo Pedro de Alcântara de não sei das quantas... Já imaginou a própria criança ter que decorar seu próprio nome, logo no começo da vida? Maldade, né? E quando tivesse que escrever? Só prova a arrogância de quem a denominou assim.
Acho isso tudo uma tolice só.
Prenomes, nomes, sobrenomes, apelidos são apenas palavras. Palavras inventadas pelo próprio homem. Não acrescentam pompa nem glória; e muito menos diminuem o caráter de alguém. São apenas referências para identificar pessoas.
Quem recebeu nomes inconvenientes ou de mau gosto ao nascer, deve sempre pensar que nome não tem importância. O que importa é a pessoa, o seu caráter, a sua maneira de viver e de ser no mundo.
Apelidos? Bobagem.
Quer superar isso? Seja alguém especial que, comprove para que veio a este mundo. Seu nome, sobrenome ou apelido ficará na História como um marco, uma referência, por mais feio e inadequado que pareça.
E será copiado por outros, com certeza.

Mirandópolis, janeiro de 2013.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”




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