quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013



    Sobre raios, relâmpagos e trovões



         Sempre tive cisma de relâmpagos, raios e trovões.

      Nunca fui atingida por um raio, mas tenho receio daqueles riscos, que de repente, cortam o céu sem nenhuma explicação.
Sei que não é racional, mas tenho medo. Um medo animal, que vai até o fundo do coração.
Fico a imaginar, como os primeiros homens que habitaram as florestas devem ter sentido o mesmo que eu, mas em grau muito mais intenso, porque não tinham abrigos, e viviam em contato direto com a natureza, nas cavernas ou sob as árvores .
Entendo a razão dos nossos índios temerem a Tupã, Deus do Trovão. O medo do desconhecido fê-los crer num ser onipotente e invisível, que volta e meia mostrava a sua fúria ribombando... Acho que não há um lugar que desperte pavor maior que, uma floresta fechada e escura, durante uma tempestade. A água e o vento descem vertiginosamente, lavando e retorcendo as copas das árvores, encharcando tudo, e clarões de relâmpagos mostram o cenário, que parece uma ameaça à segurança física. Além disso, os trovões ribombando, fazem a Terra tremer...
Sei de gente que tem tanto medo dos temporais, que se esconde num lugar escuro, tampa os ouvidos e espera a borrasca passar, sofrendo muito. Não é o meu caso, felizmente.
Por outro lado, sei de aventureiros que saem à caça de furacões e tornados, para registrar a força e a velocidade do vento. Esses realmente ficam no olho do furacão e, não têm medo de nada.
Sei que existem explicações lógicas de Física sobre a formação da chuva, do vento, dos raios e dos trovões. Acredito nessas leis, e como pessoa de inteligência normal não duvido das teorias, que sábios estabeleceram para explicar os fenômenos da  Natureza. Mas, isso não me impede de temer aquele corisco de fogo que risca o céu, e o estrondo que vem depois, fazendo a Terra estremecer... Nessa hora eu me sinto como uma formiguinha, diante de um precipício.

Sei de gente que, ao abrir a porteira da fazenda, foi atingida por um raio e teve morte instantânea. Sei de rebanhos inteiros de gado, em dia de temporal que, morreram porque uma árvore rachada por um raio caiu na cerca onde estavam estacionados. Não é para se ter medo mesmo?
Talvez o medo que a gente sinta tenha a ver com ignorância, com o desconhecimento dos fenômenos naturais. E medo, temor, pavor e terror não é coisa fácil de controlar. É uma sensação interna, visceral, que nada tem a ver com o racional. Acredito até que, os cientistas que lidaram com a Usina Nuclear de Fukushima, quando da tragédia do tsunami, tenham sentido terror, porque estavam mexendo com algo fora de controle, e não sabiam exatamente a extensão dos perigos, a que se expunham.
Por mais que eu leia e pesquise, talvez pela limitação da inteligência, não consigo uma explicação lógica e fácil para a ocorrência de um raio, de um relâmpago e de um trovão... E o estrondo, que vai se repetindo, como um eco, sem parar... Talvez seja burrice mesmo, mas ninguém consegue convencer-me por A mais B, a razão de um relâmpago e o porque dos estrondos do trovão. Para onde vai aquele risco de fogo, que corta o céu tão repentinamente? Onde ocorrem os estrondos do trovão? No choque das nuvens? E por que o chão estremece? Que força é essa que chega a balançar o chão? E o que absorve todo esse barulho? Perguntas mil, sem respostas aceitáveis... 
 É verdade que os estudiosos têm todas as respostas lógicas, mas a minha limitação não possibilita um entendimento claro e plausível. E daí o temor...
Quando o dia está ensolarado, tudo parece ser mais fácil, até uma longa viagem. E mesmo, os pilotos de avião almejam sempre céu límpido para suas navegações. Tudo é mais difícil com borrascas, ventos contrários e escuridão.
Acredito que temporais, ciclones, furacões, tsunamis, vendavais e períodos prolongados de seca sejam como as estações do ano da Terra. Deve ser tudo natural e ocorrer ciclicamente, como acontece a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno. Só que o ser humano, por ficar à mercê dessas poderosas forças da Natureza não se acostuma nunca com elas.
Desde que o homem pisou este planeta pela primeira vez, já se passaram milhões de anos. Cientistas os mais sábios já passaram por este chão, se dedicaram ao estudo desses fenômenos e deixaram suas conclusões em forma de leis e teorias. E para viver tranquilamente, é preciso aceitar essas teorias que, explicam racionalmente a maioria dos fenômenos naturais. E assim tem sido.
Entretanto, nenhum ser humano pode declarar que se sente totalmente seguro em meio a um terrível furacão,  por conhecer a razão de sua ocorrência. E acredito firmemente, que nem mesmo os mais sábios cientistas se sintam seguros, quando  presenciam um vendaval a 180 km por hora, que vai varrendo tudo que encontra pela frente.



   E parafraseando Shakespeare: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”
Daí, o meu medo.




Mirandópolis, fevereiro de 2013.
kimie oku in cronicasdekimie.blogspot.com
                                             

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