quinta-feira, 4 de julho de 2013

Colapso Motorizado



                               Colapso motorizado
    
     Ultimamente, a frota de carros e motocicletas na cidade aumentou de forma espantosa.  As ruas estão sempre todas tomadas de carros e as esquinas se transformaram em estacionamentos de motos.
       E se observarmos as casas, podemos constatar que todas elas dispõem de mais de um veículo, além de uma ou mais motos.
         O sonho de qualquer cidadão é possuir uma casa confortável e um carro. Entretanto, o preço do combustível fez que o desejo se estendesse para uma motocicleta também, porque é um veículo mais barato, que ocupa pouco espaço, além de ser rápido e, sobretudo econômico.
            Assim, todas as cidades se empanturraram de motocicletas.
        E cada dia, está ficando mais difícil para o pedestre caminhar pelas ruas. Parece que em breve, não haverá mais espaço para os simples mortais, que andam a pé.
         Há pouco tempo, constatei como o trânsito em São Paulo está caótico. Quando o sinal fecha em certas avenidas, formam-se filas de carros aguardando o verde, por mais de duas quadras. E quando o sinal é liberado, não dá tempo para os últimos passarem, que o sinal fica vermelho. Então se aguarda de novo, e assim, perde-se um tempo interminável nos cruzamentos.
         Ouvi de um motorista de táxi, que há vinte anos vive correndo pelas ruas de São Paulo, que não vai demorar muito para a cidade parar. O excesso de frota nas ruas vai impossibilitar o ir e vir de todos. Tudo irá parar, pois cada dia está aumentando o número de carros nas ruas. E se não houver uma medida definitiva, a cidade entrará em colapso.
       
   Perguntei-lhe então, sobre o Fura-fila, criação de Paulo Maluf para eleger Celso Pita e abandonada após a eleição do mesmo, obra monumental que nunca termina, e que tem o objetivo de tirar os ônibus das ruas para os tornarem aéreos, correndo sobre pistas construídas em elevados. E ele muito experiente, me respondeu que, infelizmente essa obra está chegando com dez anos de atraso. Significa que há dez anos, ela resolveria o estrangulamento do tráfego de São Paulo. Hoje não seria mais solução, apenas um paliativo.
       Ainda ele me chamou a atenção para um fato muito sério, que está ocorrendo nos bairros. Onde há casas antigas, estão chegando as multinacionais e oferecendo importâncias que cobrem de dez a vinte vezes o valor real do terreno. Os donos, geralmente sem muita renda para sobreviver, acabam vendendo e comprando apartamentos para morar.
     
       E aí é que está a perversidade da transação. A casa velha é demolida e a empresa poderosa constrói no local, um prédio de dez andares. Cada andar com dois a quatro apartamentos. E no lugar onde morava apenas uma família, com dois ou três carros, vêm morar dezenas de famílias com seus  duzentos carros ou mais. E esses carros irão todos para a rua, e disputarão vagas nas filas, nos semáforos... E isso está ocorrendo em ritmo acelerado, porque São Paulo passou a ser a Meca de muita gente desse planeta.
         Há uns anos atrás se falava da hora do rush, que congestionava o trânsito. Hoje, o congestionamento ocorre o dia todo em vários pontos, não importa se é hora de rush ou não. Só não ocorrem congestionamentos em dias de feriados e de madrugada. Mas, aí há o perigo dos assaltos...
         Acho que os engenheiros de trânsito  devem estar procurando alternativas, para permitir a circulação regular dos automotores nas ruas. Alternativas que precisam visar os trens, porque transportam tanta gente de uma vez, e a linhas já estão lá. E os metrôs, que cada vez mais estão se expandindo no mundo todo. Mas, no Brasil nada é planejado antecipadamente. Só quando a bomba estoura é que vão procurar as causas e as soluções.
         Já imaginou num dia quentíssimo de verão em São Paulo, ocorrer uma pane no sistema elétrico e o trânsito parar, por falta de semáforos? Bastariam alguns minutos para se formarem congestionamentos quilométricos. Nenhum carro poder se movimentar? Ficar tudo travado? Norte, Sul, Leste, Oeste sem saída?
    Gente gritando histericamente, doentes em ambulâncias precisando de atendimentos urgentes, partos a meio do caminho, dinheiro sendo transportado, presos perigosíssimos em gaiolas a caminho de presídios, gente importante indo para entrevistas no palácio do Governo? Seria o diabo na casa do terço, hein?
         E isso não está longe de acontecer.
     Solução? Reduzir a frota de carros nas ruas. Há que se pensar em outra alternativa, porque mesmo com o rodízio, as ruas continuam superlotadas, e tudo leva a crer que logo, logo o colapso ocorrerá.
          Pedágio reduziria a frota?
        Já imaginou se o colapso do trânsito no Rio ocorrer no Dia da Abertura da Copa de 2013?
         Ou no dia da decisão final da Copa em São Paulo?
         Aí sim, seria o Diabo na casa do terço.



         Mirandópolis, junho de 2013.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário