O basquete
Remexendo nos escritos de antigamente, achei um texto que me trouxe
muitas saudades.
Já fui jogadora de
basquete! Com esse tamanho de apenas um metro e cinquenta e tantos centímetros,
nem sei como me virava na quadra, para enfrentar as grandonas. Isso aconteceu
há trinta anos, quando a gente tinha fôlego para correr, e joelhos que se
articulavam direitinho.
Vou reproduzir o
texto que publiquei em 22 de maio de 1983, só para matar as saudades. Há trinta
anos!
Reflexões
Hoje quero falar
do basquete feminino da A.A.B.B.
Nasceu a dez de
abril de 1979, graças ao dinamismo e coragem da Messy, nossa amiga que
atualmente mora em Botucatu.
O começo foi
difícil, porque as futuras desportistas eram tão estranhas entre si, embora
fossem todas abebianas. As precursoras foram a Messy, a Zenaide, a Eloísa, a
Conceição, a Dirce, a Beth, a Carmen, a Eliana, a Estela, a Renildes e esta
articulista. E como o objetivo maior era consertar o relacionamento dessas
comadres, que havia se deteriorado em função de ninharias, parecia não haver
futuro para tal esporte entre mulheres. E mulheres casadas, mães de duas até
quatro crianças. Que não entendiam nada, mas nada mesmo de basquete.
Como foi difícil
aprender a bater bola, lançar, fazer passes, arremessar para o cesto! Todos os instrutores que, tentaram nos
ensinar as regras, ficaram tão decepcionados com a nossa falta de jeito, que
nunca mais voltaram, não é mesmo Mané?
Jogava-se mais com
a boca discutindo do que com a bola! Pegava-se a bola, punha-a debaixo do braço
e dava dez passos... e depois ficava teimando: “Não andei, não andei!”
Outras vezes, o desentendimento
era tão feio que alguém saía da quadra, dizendo em alto e bom som: “Nunca mais
volto nessa porcaria”. Mas, voltava e como voltava!
E o tempo foi
passando. As que já possuíam alguma habilidade tornaram-se gestantes,
desfalcando o time. Como xingamos seus maridos! Além disso, a maior inimiga era
a transferência do esposo da basqueteira para outras paragens. Tudo aguentamos –
crianças atravessando a quadra, o jogo interrompido porque alguém gritava: “Cuidado
com o meu nenê!” Maridos achando que, era demais as esposas praticarem basquete
nos dias mais frios do ano.
O que desfalcou, porém
o time foram as transferências, roubando-nos a Carmen, a Dirce, a Messy, a
Zena, a Neuza.
Mas, outras vieram
e passaram também: a Mara, a Mafalda, a Conceição, a Dora, a Vanderci, a
Mariazinha, a Sônia, a Célia, a Zuleika, a Terezinha, a Leninha, a Nilza, a
Tomiko...
Hoje, depois de
quatro anos de prática e muitas bolas furadas, podemos afirmar que temos fôlego
para jogar. Não há nenhuma Hortência, porém é um grupo unido e alegre. E temos
bastante orgulho do elenco que se compõe de: Rê, Beth, Nair, Eloísa, Maria
Aparecida, Eliane, Regina, Florinda, Margarete, Sanae, Carmen, Sueli, Cristina
e Dalva.
E o maior
benefício que trouxe não foi nos tornar desportistas, mas aprender a conviver
em grupo, lutar em grupo, respeitando as companheiras em suas aspirações
individuais. Todos os nossos filhos também lucraram com o basquete – tornaram-se
independentes, pois aprenderam a brincar com as demais crianças, enquanto
jogamos.
Além de tudo isso,
ainda fica a alegria de se praticar um esporte, que só bem faz à saúde. Seria
ótimo que, outros times se formassem e competissem conosco uma vez ou outra.
Porque é possível conciliar trabalho, casa e lazer. E o esporte cura muitas
coisas: frustrações, solidão, timidez, medo do mundo, do futuro... melhora o
relacionamento das pessoas e torna a vida mais alegre.
Que outras amigas
nossas formem seus times e curtam melhor a vida, eis a minha sugestão.
E viva o basquete!
Este texto foi publicado em 22 de maio de 1983 no Jornal “O Labor”
de Idanir Antonio Momesso, onde comecei a escrever crônicas.
Não consigo lembrar
quanto durou o time, parece que foram mais alguns anos. Muitas vezes tentamos
reativá-lo, mas vários obstáculos se interpuseram, principalmente transferência
dos bancários e suas esposas basqueteiras.
Esqueci de contar
que, após os jogos, quando estávamos todas de camisetas ensopadas, subíamos
para o bar do Clube e tomávamos uma
geladinha. Era uma delícia! E o Wilson Imolene
que era o Presidente da AABB, sempre nos
brindava com uns petiscos deliciosos, como peixe frito ou fatiados de cupim
assado. Era uma festa! Coitados dos maridos, ficavam em casa à base de Miojo Lamen
ou sobras de almoço! Mas, todos sobrevivemos.
Das meninas citadas,
já perdemos para o céu, a Sanae Maeda e a Nair Lourenço (do Bispo). E há outras
que, desconhecemos o paradeiro como a Dirce, a Mafalda e a Mara (esposa e filha
do senhor José Gonçalves), a Vanderci, a Mariazinha, a Beth do Edio, a
Florinda, a Carmen do Zafalon... Ainda há algumas remanescentes aqui como a
Terezinha Maeda, a Regina Rosado, a
Eliane Bomtempo, a Célia, a Maria Aparecida, a Tomiko, a Leninha do Monteiro, a Margarete, a Fátima e
eu.
Só lamento nunca termos
tirado uma foto sequer, para deixar como lembrança e registro.
Com o passar dos
anos, a gente vai perdendo a agilidade e a força para correr atrás de bolas.
Hoje, o máximo que conseguimos fazer é caminhar.
Felizmente, ainda
conseguimos caminhar.
E o melhor de tudo é
a lembrança que ficou, que parece um sonho. Tivemos essa ventura em nossas
vidas e somos gratas a Deus por ter nos proporcionado algo tão especial.
Mirandópolis,
setembro de 2013.
kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
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