quinta-feira, 12 de setembro de 2013



                   O basquete
         Remexendo nos escritos de antigamente, achei um texto que me trouxe muitas saudades.
         Já fui jogadora de basquete! Com esse tamanho de apenas um metro e cinquenta e tantos centímetros, nem sei como me virava na quadra, para enfrentar as grandonas. Isso aconteceu há trinta anos, quando a gente tinha fôlego para correr, e joelhos que se articulavam direitinho.
         Vou reproduzir o texto que publiquei em 22 de maio de 1983, só para matar as saudades. Há trinta anos!

                   Reflexões
         Hoje quero falar do basquete feminino da A.A.B.B.
         Nasceu a dez de abril de 1979, graças ao dinamismo e coragem da Messy, nossa amiga que atualmente mora em Botucatu.
         O começo foi difícil, porque as futuras desportistas eram tão estranhas entre si, embora fossem todas abebianas. As precursoras foram a Messy, a Zenaide, a Eloísa, a Conceição, a Dirce, a Beth, a Carmen, a Eliana, a Estela, a Renildes e esta articulista. E como o objetivo maior era consertar o relacionamento dessas comadres, que havia se deteriorado em função de ninharias, parecia não haver futuro para tal esporte entre mulheres. E mulheres casadas, mães de duas até quatro crianças. Que não entendiam nada, mas nada mesmo de basquete.
         Como foi difícil aprender a bater bola, lançar, fazer passes, arremessar para o cesto!  Todos os instrutores que, tentaram nos ensinar as regras, ficaram tão decepcionados com a nossa falta de jeito, que nunca mais voltaram, não é mesmo Mané?
         Jogava-se mais com a boca discutindo do que com a bola! Pegava-se a bola, punha-a debaixo do braço e dava dez passos... e depois ficava teimando: “Não andei, não andei!”
         Outras vezes, o desentendimento era tão feio que alguém saía da quadra, dizendo em alto e bom som: “Nunca mais volto nessa porcaria”. Mas, voltava e como voltava!
         E o tempo foi passando. As que já possuíam alguma habilidade tornaram-se gestantes, desfalcando o time. Como xingamos seus maridos! Além disso, a maior inimiga era a transferência do esposo da basqueteira para outras paragens. Tudo aguentamos – crianças atravessando a quadra, o jogo interrompido porque alguém gritava: “Cuidado com o meu nenê!” Maridos achando que, era demais as esposas praticarem basquete nos dias mais frios do ano.
         O que desfalcou, porém o time foram as transferências, roubando-nos a Carmen, a Dirce, a Messy, a Zena, a Neuza.
         Mas, outras vieram e passaram também: a Mara, a Mafalda, a Conceição, a Dora, a Vanderci, a Mariazinha, a Sônia, a Célia, a Zuleika, a Terezinha, a Leninha, a Nilza, a Tomiko...
         Hoje, depois de quatro anos de prática e muitas bolas furadas, podemos afirmar que temos fôlego para jogar. Não há nenhuma Hortência, porém é um grupo unido e alegre. E temos bastante orgulho do elenco que se compõe de: Rê, Beth, Nair, Eloísa, Maria Aparecida, Eliane, Regina, Florinda, Margarete, Sanae, Carmen, Sueli, Cristina e Dalva.
         E o maior benefício que trouxe não foi nos tornar desportistas, mas aprender a conviver em grupo, lutar em grupo, respeitando as companheiras em suas aspirações individuais. Todos os nossos filhos também lucraram com o basquete – tornaram-se independentes, pois aprenderam a brincar com as demais crianças, enquanto jogamos.
         Além de tudo isso, ainda fica a alegria de se praticar um esporte, que só bem faz à saúde. Seria ótimo que, outros times se formassem e competissem conosco uma vez ou outra. Porque é possível conciliar trabalho, casa e lazer. E o esporte cura muitas coisas: frustrações, solidão, timidez, medo do mundo, do futuro... melhora o relacionamento das pessoas e torna a vida mais alegre.
         Que outras amigas nossas formem seus times e curtam melhor a vida, eis a minha sugestão.
         E viva o basquete!

         Este texto foi publicado em 22 de maio de 1983 no Jornal “O Labor” de Idanir Antonio Momesso, onde comecei a escrever crônicas.
         Não consigo lembrar quanto durou o time, parece que foram mais alguns anos. Muitas vezes tentamos reativá-lo, mas vários obstáculos se interpuseram, principalmente transferência dos bancários e suas esposas basqueteiras.
         Esqueci de contar que, após os jogos, quando estávamos todas de camisetas ensopadas, subíamos para o bar  do Clube e tomávamos uma geladinha. Era uma delícia!  E o Wilson Imolene  que era o Presidente da AABB, sempre nos brindava com uns petiscos deliciosos, como peixe frito ou fatiados de cupim assado. Era uma festa! Coitados dos maridos, ficavam em casa à base de Miojo Lamen ou sobras de almoço! Mas, todos sobrevivemos.
         Das meninas citadas, já perdemos para o céu, a Sanae Maeda e a Nair Lourenço (do Bispo). E há outras que, desconhecemos o paradeiro como a Dirce, a Mafalda e a Mara (esposa e filha do senhor José Gonçalves), a Vanderci, a Mariazinha, a Beth do Edio, a Florinda, a Carmen do Zafalon... Ainda há algumas remanescentes aqui como a Terezinha Maeda,  a Regina Rosado, a Eliane Bomtempo, a Célia, a Maria Aparecida, a Tomiko, a Leninha do Monteiro, a  Margarete, a Fátima e eu.
         Só lamento nunca termos tirado uma foto sequer, para deixar como lembrança e registro.
         Com o passar dos anos, a gente vai perdendo a agilidade e a força para correr atrás de bolas. Hoje, o máximo que conseguimos fazer é caminhar.
         Felizmente, ainda conseguimos caminhar.
         E o melhor de tudo é a lembrança que ficou, que parece um sonho. Tivemos essa ventura em nossas vidas e somos gratas a Deus por ter nos proporcionado algo tão especial.

         Mirandópolis, setembro de 2013.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


Nenhum comentário:

Postar um comentário