quinta-feira, 19 de setembro de 2013



                                Só para matar saudades...
       A publicação do meu antigo texto Reflexões provocou uma onda de saudade. Amigas que participaram daquele time da AABB me ligaram e me disseram que havia um outro texto sobre o mesmo assunto.
         Procurei nos meus recortes e achei. E concluí que vale a pena deixar registrado no meu blog todas essas lembranças, que fizeram parte de minha vida e de muitas amigas.
         A Regina, uma das basqueteiras, que é mais nova do que eu, disse que o nosso time durou dez anos. Dez anos! Então foi de 1979 a 1989. É que a partir desse ano, passei a trabalhar fora e a equipe se desmembrou. Que pena! Poderia ter continuado, e o time talvez existisse até hoje, se a continuidade fosse garantida com adesão de gente mais nova.
         Mas, não importa! Valeu enquanto durou.
         Vou reproduzir o outro texto, que foi publicado em 18 de abril de 1985, dois anos depois do anterior.

                           Reflexões II
                                         Kimie
      O ser humano é gregário por natureza. Tudo que faz só tem sentido se compartilhado pelo grupo que o cerca.
       É por isso que o homem não consegue viver só – na rotina do dia a dia, na luta contra as dificuldades da vida e nos momentos de alegria, o homem sempre procura alguém para repartir suas emoções.
         Essa busca espontânea de alguém é que forma os diversos grupos sociais.
         Assim também é com o lazer.
         Assim também aconteceu conosco...
     Há exatamente seis anos, iniciamos o nosso basquete feminino da AABB de Mirandópolis. Tão desajeitadas éramos então – dez atletas cuja faixa etária ia dos 25 aos 37 anos. Nem sabíamos bater bola na quadra, quanto mais encestar! Mas o desejo de lazer, de união era tão forte, que a persistência nos trouxe até aqui.
      Houve muita briga é verdade, muito de “nunca mais volto nesta droga!”... Mas voltava. Religiosamente às segundas, às quartas e às sextas-feiras.
      Foi assim que marcaram presença entre nós... Messy a fundadora, Carmen, Zena, Dora, Neuza, Florinda, Ceição, Alessandra, Dirce, Mariazinha, Nilza, Dalva, Eliana, Alice, Sueli, Kalu, Denise... Todas devem se lembrar que, por falta de grana jogávamos com bolas rombudas, que quicavam para o lado errado, bolas carecas que escorregavam das mãos, bolas cheias de esparadrapos para segurar o ar que teimava em sair... Com bolas desbeiçadas que não rolavam no chão e se enroscavam na rede.        Parávamos a cada três minutos para retirar os nossos bebês da quadra, aos gritos de “Me dá um tempo para tirar o Jenner da quadra!” “Cuidado com o meu Leandro!” “Menina, chame o papai para cuidar da Andressa!” “Olhe o Ricardinho!” “Nenê, vá tomar um sorvete no bar!”
       E a criançada aproveitava...
     Hoje temos um time mais maduro. Renildes é a brava capitã. Eloísa, a professora. Regina, a cômica sem igual. Nair e Neide, as garotas finas que salvam a educação do time. Célia é, sem dúvida a Hortência do time. Terezinha, o melhor rebote. Eliane a trombuda cestinha. Beth é a “maria bronquinha”. Lika e Adriana, “os foguetinhos que voam” e fazem misérias... Estela é a juventude, a garra. Margarete, a super inteligente Paula, sempre preocupada com a participação de todas. E Kimie sou eu, que não joga nada mas se diverte à beça!  Ah! Sou a “public relation” do time. Porque sou muito grata a esse grupo pelos momentos de alegria que proporciona.
      O basquete entrou em minha vida e me ensinou muitas coisas. Aprendi a respeitar as diferenças individuais de cada ser humano. A enxergar o lado positivo de cada um. A amar as pessoas.
     E não há nada mais positivo e gratificante que, correr numa quadra, disputando uma bola. Lutando, gritando, brigando e xingando... Fazendo as pazes... Para depois tomar uma geladinha...
       E viva o nosso Basquete!


                                      Folha da Região (Araçatuba) 18/04/85

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