sexta-feira, 17 de janeiro de 2014



      Os mal acabados
   Há muito tempo que, penso em escrever sobre os produtos industrializados mal acabados.
     Toda vez que, vou abrir o frasco de um certo antisséptico bucal apanho muito, e fico irritada. A tampa vem protegida por uma folha de plástico tão bem grudada, que é dificílimo retirá-la. Sem uma faquinha ou estilete é impossível retirá-la. Já machuquei a mão nessas tentativas, e fiquei várias vezes sem poder usá-lo, por não conseguir abrir. Eu não entendo por que fazem uma coisa tão complicada. Para proteger o produto nas prateleiras das lojas, contra os possíveis violadores? Deviam pensar um pouco mais com respeito no consumidor final.
     Outro produto que também tem essa folhinha superprotetora na tampinha é um colírio, que uso para umedecer os olhos. Não há brecha nem para uma agulha levantar a tal folha. Aí, giro a tampa para ver se a dita cuja sai, mas... nada de sair. Várias vezes tentei, e desisti de abrir e de usar o colírio. Com os olhos ardendo...
     Existe um condicionador de cabelos que não sai da embalagem. O buraco é pequeno, o creme é grosso, espesso, difícil de descer e a embalagem plástica é dura e não tem como apertá-la. Se deixar virado do contrário para que o creme fique na boca, ao usá-lo sai demais e é um desperdício...
     E os cremes dentais, cujas tampas nunca se encaixam direito quando queremos fechar o tubo? A tampa é muito rasa e o bico é longo, daí não fica bem fechado. E fico arrepiada de pensar que, baratinhas possam vir lamber o creme à noite, como alguém postou no face book.
     E há um repelente de insetos que, toda vez que vou usar sai uma porção muito grande, não tem como controlar a quantidade. Lucro da empresa e perda do consumidor...
     E cadernos caros que economizam espiral, e as folhas vão se amarrotando no cantinho lá no alto. Outras vezes, as folhas vêm tão prensadas, que não se soltam. E se a gente insiste, elas se rasgam e a gente fica no prejuízo.
     E camisetas com etiquetas de papel que ficam “lixando”a pele onde tocam? Muitas vezes é na nuca, mas há peças com etiquetas nas laterais, que machucam mesmo! A gente corta a etiqueta, mas ficam uns fiozinhos, que não desistem de nos ferir.  Outras vezes, é a própria linha sintética usada na confecção que, ao entrar em contato com o ferro de passar se endurece e, se transforma em várias agulhas para ferir o corpo da gente. Como doem! Essas coisas pequenas, que ficam pinicando como agulhas ou carrapichos irritam a gente, e nos tiram do sério. Sempre desejamos voltar logo para casa, para trocar de roupa e nos livrar do que incomoda.
     E sapatos caros, sandálias de luxo e tênis famosos que, ao darmos vinte passos começam a machucar os pés... Na loja era tão confortável, mas ao usá-los descobrimos que, compramos uma armadilha para nos penitenciar... Sapatos que fazem os pés latejar... Ninguém merece.
     Agora há pouco fui abrir um frasco de mel. Tem uma tampa bem certinha, mas é preciso cortar a parte superior do bico. E quem disse que é fácil? Faquinha de aço que corta tudo, faca de serra e nada... Gastei uns dez minutos para poder ter acesso ao mel. Puxa! Até os ursos que amam o mel desistiriam, com certeza.
     Eu sou da opinião que, quando a gente se propõe a fazer algo deve ser bem feito. Se não se é capaz, deve deixar para outros fazerem.
     Tenho comprado pincéis para a caligrafia japonesa, cujos pelos vão se soltando à medida que se molha na tinta. Ora bolas, os pincéis têm a função de traçar letras ou desenhos. E para isso devem ser molhados na tinta. E os pelinhos vão se soltando e, o pincel vai ficando fininho e, os traçados cada vez mais defeituosos. Esses pincéis foram fabricados na China... os japoneses não soltam os pelos.
     Gosto de bordar ponto cruz e de fazer crochê. E por conta disso, comprava revistas que traziam receitas e diagramas dos bordados, e das toalhinhas de crochê, para orientar na confecção. Desisti de comprá-las. As figuras não batem com a receita e, muitas vezes até as receitas estão erradas.
     E para concluir essa lista de mal-acabados, lembrei de uma menina que, investiu todas as economias numa grande compra numa cidade da fronteira, para revender os produtos entre colegas da Faculdade, onde acabara de entrar. Mas, teve uma grande decepção! As meias esportivas que, eram o grosso da aquisição estavam embaladas em conjuntos de meia dúzia, em cores variadas. E nenhuma tinha par...
     Ah! Lembrei-me de outra! Um português famoso que conheço veio ao Brasil. Na vinda, quando o navio atracou nas Ilhas Canárias para o abastecimento, foi conhecer o comércio local. Comprou uma porção de coisas para revender, e garantir sua subsistência no novo país. Mas, a compra fora feita no grito, isto é, o tempo era curtíssimo, que o navio não esperaria... As últimas compras foram de camisas de seda, embaladas em caixas individuais, por sinal muito bonitas. Ao chegar aqui e conferir as compras, percebeu que caíra numa grande emboscada. As belas camisas não possuíam mangas nem a parte de trás... Mas, ele não ficou no prejuízo. Após uns meses aqui, ao retornar a Portugal e passar pelas Canárias, conseguiu reaver o dinheiro roubado, porque ele armou um grande escândalo diante da loja.
     Mas, nem todo mundo tem coragem para tanto. E gente covarde como eu fica sempre no prejuízo.
     O máximo que faço é essa denúncia, como forma de protesto. Eta, povinho que insiste em manter o Brasil no 3º Mundo!
     E você já ficou alguma vez no prejuízo?
     Mirandópolis, janeiro de 2014.
     kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/



2 comentários:

  1. E quando compramos algo que vem um adesivo colado e quando tiramos fica a cola que não sai com nada

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  2. Já estraguei Cds virgens por conta dessa cola. Que raiva!

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