Os mal
acabados
Há muito tempo que, penso em escrever sobre os produtos
industrializados mal acabados.
Toda vez que, vou abrir o frasco de um certo antisséptico bucal
apanho muito, e fico irritada. A tampa vem protegida por uma folha de plástico tão
bem grudada, que é dificílimo retirá-la. Sem uma faquinha ou estilete é
impossível retirá-la. Já machuquei a mão nessas tentativas, e fiquei várias
vezes sem poder usá-lo, por não conseguir abrir. Eu não entendo por que fazem
uma coisa tão complicada. Para proteger o produto nas prateleiras das lojas,
contra os possíveis violadores? Deviam pensar um pouco mais com respeito no
consumidor final.
Outro produto que também tem essa folhinha superprotetora na
tampinha é um colírio, que uso para umedecer os olhos. Não há brecha nem para
uma agulha levantar a tal folha. Aí, giro a tampa para ver se a dita cuja sai,
mas... nada de sair. Várias vezes tentei, e desisti de abrir e de usar o
colírio. Com os olhos ardendo...
Existe um condicionador de cabelos que não sai da embalagem. O
buraco é pequeno, o creme é grosso, espesso, difícil de descer e a embalagem
plástica é dura e não tem como apertá-la. Se deixar virado do contrário para
que o creme fique na boca, ao usá-lo sai demais e é um desperdício...
E os cremes dentais, cujas tampas nunca se encaixam direito
quando queremos fechar o tubo? A tampa é muito rasa e o bico é longo, daí não
fica bem fechado. E fico arrepiada de pensar que, baratinhas possam vir lamber
o creme à noite, como alguém postou no face book.
E há um repelente de insetos que, toda vez que vou usar sai uma
porção muito grande, não tem como controlar a quantidade. Lucro da empresa e
perda do consumidor...
E cadernos caros que economizam espiral, e as folhas vão se
amarrotando no cantinho lá no alto. Outras vezes, as folhas vêm tão prensadas,
que não se soltam. E se a gente insiste, elas se rasgam e a gente fica no
prejuízo.
E camisetas com etiquetas de papel que ficam “lixando”a pele
onde tocam? Muitas vezes é na nuca, mas há peças com etiquetas nas laterais,
que machucam mesmo! A gente corta a etiqueta, mas ficam uns fiozinhos, que não
desistem de nos ferir. Outras vezes, é a
própria linha sintética usada na confecção que, ao entrar em contato com o
ferro de passar se endurece e, se transforma em várias agulhas para ferir o
corpo da gente. Como doem! Essas coisas pequenas, que ficam pinicando como
agulhas ou carrapichos irritam a gente, e nos tiram do sério. Sempre desejamos
voltar logo para casa, para trocar de roupa e nos livrar do que incomoda.
E sapatos caros, sandálias de luxo e tênis famosos que, ao
darmos vinte passos começam a machucar os pés... Na loja era tão confortável,
mas ao usá-los descobrimos que, compramos uma armadilha para nos penitenciar...
Sapatos que fazem os pés latejar... Ninguém merece.
Agora há pouco fui abrir um frasco de mel. Tem uma tampa bem
certinha, mas é preciso cortar a parte superior do bico. E quem disse que é
fácil? Faquinha de aço que corta tudo, faca de serra e nada... Gastei uns dez
minutos para poder ter acesso ao mel. Puxa! Até os ursos que amam o mel
desistiriam, com certeza.
Eu sou da opinião que, quando a gente se propõe a fazer algo
deve ser bem feito. Se não se é capaz, deve deixar para outros fazerem.
Tenho comprado pincéis para a caligrafia japonesa, cujos pelos
vão se soltando à medida que se molha na tinta. Ora bolas, os pincéis têm a
função de traçar letras ou desenhos. E para isso devem ser molhados na tinta. E
os pelinhos vão se soltando e, o pincel vai ficando fininho e, os traçados cada
vez mais defeituosos. Esses pincéis foram fabricados na China... os japoneses
não soltam os pelos.
Gosto de bordar ponto cruz e de fazer crochê. E por conta disso,
comprava revistas que traziam receitas e diagramas dos bordados, e das toalhinhas
de crochê, para orientar na confecção. Desisti de comprá-las. As figuras não
batem com a receita e, muitas vezes até as receitas estão erradas.
E para concluir essa lista de mal-acabados, lembrei de uma
menina que, investiu todas as economias numa grande compra numa cidade da
fronteira, para revender os produtos entre colegas da Faculdade, onde acabara
de entrar. Mas, teve uma grande decepção! As meias esportivas que, eram o
grosso da aquisição estavam embaladas em conjuntos de meia dúzia, em cores
variadas. E nenhuma tinha par...
Ah! Lembrei-me de outra! Um português famoso que conheço veio ao
Brasil. Na vinda, quando o navio atracou nas Ilhas Canárias para o
abastecimento, foi conhecer o comércio local. Comprou uma porção de coisas para
revender, e garantir sua subsistência no novo país. Mas, a compra fora feita no
grito, isto é, o tempo era curtíssimo, que o navio não esperaria... As últimas
compras foram de camisas de seda, embaladas em caixas individuais, por sinal
muito bonitas. Ao chegar aqui e conferir as compras, percebeu que caíra numa
grande emboscada. As belas camisas não possuíam mangas nem a parte de trás...
Mas, ele não ficou no prejuízo. Após uns meses aqui, ao retornar a Portugal e
passar pelas Canárias, conseguiu reaver o dinheiro roubado, porque ele armou um
grande escândalo diante da loja.
Mas, nem todo mundo tem coragem para tanto. E gente covarde como
eu fica sempre no prejuízo.
O máximo que faço é essa denúncia, como forma de protesto. Eta,
povinho que insiste em manter o Brasil no 3º Mundo!
E você já ficou alguma vez no prejuízo?
Mirandópolis, janeiro de 2014.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
E quando compramos algo que vem um adesivo colado e quando tiramos fica a cola que não sai com nada
ResponderExcluirJá estraguei Cds virgens por conta dessa cola. Que raiva!
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