Por que FEMPO?
Há muitos anos atrás,
trabalhando numa escola do município, o colega Professor Gabriel falou-me da
intenção de organizar um pequeno festival de canção popular brasileira em
Mirandópolis, para estimular os compositores e cantores anônimos da região.
À época, até foi
comentado que a sigla do festival poderia ser FEMPOM – Festival de Música
Popular de Mirandópolis, mas que o efeito sonoro obrigou-o a reduzir para FEMPO.
Era apenas uma ideia que estava na cabeça do Professor Gabriel e do seu amigo
Jenner Vieira de Faria. A ideia era
tímida, mas muito boa e teve de imediato, o aval do prefeito do momento,
Osvaldo Mendes.
Foi uma felicidade.
Começou acanhado e sem pretensões, mas a equipe se esmerou em fazer um trabalho
de primeira qualidade. Pessoas da cidade que apreciavam a M.P.B. foram
convidadas a auxiliar no trabalho de organização e seleção de músicas:
Professor Hamilton Rodrigues, Professora Rachel Sperandio, o poeta Milton Lima,
a Professora de Piano Izaura Montanaro, os Bancários Edson de Oliveira e Márcio
Granja, o jovem Ronaldo Marconato, o Dr. Jenner Vieira de Faria, Gilberto Grassi
e tantas outras pessoas que não me vem à memória.
Pela quadra do C.A.M. passaram pessoas simples
e corajosas defendendo suas músicas. Passaram pessoas fantásticas que, hoje são
destaques no cenário musical do país. Gente que vende discos, faz shows e se
firma definitivamente no mercado, como o Sérgio Augusto, Miltinho Edilberto,
João Eudes, André Gonçalves Mello, Pedro Moreno e tantos outros. Gente de todos
os recantos do país – de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Por três dias e três
noites, Mirandópolis se transforma numa feira, onde a pedra de toque é a música.
Tipos estranhos com sotaques nordestinos, sulistas, goianos, cariocas, todos
com uma viola, uma guitarra, um atabaque, uma guitarra circulam pela cidade
numa harmonia, numa confraternização tão bonita.
Mas, por que um
Festival?
Para que premiar
pessoas de outros pedaços, de outras Alagoas? Para que, se a crise nos judia
tanto? Não seria um luxo para o momento que vivemos?
É porque o homem tem
corpo e alma. Enquanto o corpo clama por ar, água e alimento, a alma exige
outras necessidades. Necessidades culturais como a dança, a música, a poesia, a
canção. É isso que diferencia o homem da fera.
Há que se promover o
lado do espírito, do sentimento, do sonho, do sentido da vida que não se resume
em comer, trabalhar e procriar-se. Se a vida se reduzisse a isso apenas, o
homem estaria se abdicando do espírito e igualando-se a um animal qualquer.
Mais que nunca, há que
se cultivar o lado espiritual da humanidade, quando as coisas materiais começam
a ir mal. Porque as pessoas precisam transcender-se do plano terrestre para
suportar a vida. Porque é uma chance para o menestrel do povo expandir seus
sentimentos, suas alegrias, suas mágoas, sua dor.
E sabemos o quanto o
nosso povo está necessitado dessa explosão.
Kimie Oku
Post scriptum: Texto publicado no jornalzinho V Feira de Música Popular em setembro de 1992
Post scriptum: Texto publicado no jornalzinho V Feira de Música Popular em setembro de 1992
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