quarta-feira, 8 de janeiro de 2014



                               O ano que passou

        Sempre que chega o mês de janeiro, sinto uma necessidade de fazer um balanço do ano que passou. É inevitável, sinto necessidade de conferir o que fiz, o que deixei de fazer, se servi a algum próximo, se fui útil para alguém, se não prejudiquei ninguém.
         É como se fizesse um balanço geral de minha vida, para verificar se ficou algum saldo positivo. Porque vivo cada dia com uma ideia, uma meta, um objetivo. Nem sempre consigo realizá-los, mas vou tentando. Porque viver por viver nem me passa pela cabeça.
         Mas, o que é o fim de ano? Nada mais é que uma marca estabelecida pela humanidade. Os segundos, os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos foram todos inventados pelo homem, para marcar o tempo que passa. Na verdade, o sol nunca para e a passagem do dia 31 de dezembro nada mais é que, outra volta que a Terra girou em torno de si mesma, no movimento de Rotação. E o povo comemora o surgimento do astro Sol no dia 1º do ano, como se fosse o nascimento de uma nova era.
         Indiferente a tudo isso, a Mãe Terra vai rolando pelo espaço sideral, formando os dias e as noites e as estações do ano.
         Os calendários chinês, gregoriano, juliano, cristão, judaico e das tribos primitivas só tentam marcar a passagem do tempo, para o homem se localizar ao longo da existência. Na verdade até o tempo é uma invenção da humanidade. Invenção para servir de referência apenas.
         E assim, costumamos contar a passagem de nossa vida em anos e, dizemos que alguém viveu cem anos, ou cinquenta anos, ou uns meses apenas. E voltamos ao ponto inicial dessa reflexão, isto é ao ano que está findando.
         O que está findando é apenas uma marca, uma referência a que chamamos de ano, ou uma etapa.
         E é bom fazer um balanço para ver se valeu a pena ter vivido o tempo que se escoou. E para isso é muito interessante se perguntar:
         Quantas vezes cantei? Quantas vezes brinquei? Quantas vezes dei gargalhadas?  Brinquei na Ciranda, cantei na Ciranda e dei muita risada com os amigos, e um bocadinho com os familiares... A família é pequena, os contatos são esporádicos e a alegria de todos nós se concentra numa neta, que preenche completamente nossas vidas com a sua presença, quando vem.
         Quantas vezes chorei? Quantas vezes me emocionei? Quantas vezes compartilhei dores alheias? Ah! Chorei muito, acontecimentos inesperados me fizeram ficar sem chão, sem rumo na vida. A perda de amigos queridos, a doença de familiares próximos, me fizeram sentir como a dor é doída, quando  ela se estabelece na casa da gente... E ela ainda está aqui doendo todos os dias, machucando o coração... Muito difícil aceitar os desígnios de Deus...
         Quantas vezes fui tocada pela ternura? Quantas vezes me encantei com a natureza? Ah! Isso foi durante os 365 dias do ano. A beleza das flores, a fragrância das acácias amarelas e das orquídeas perfumando de graça a minha casa... O encanto das florezinhas azuis que nascem nas gretas das calçadas... O pipilar dos filhotes de pardais de madrugada, pedindo comida... As araras azuis cruzando os céus da cidade com seu forte grasnido... A sibipiruna se cobrindo de folhas tenras, após as flores amarelas e depois, explodindo as vagens em centenas de sementes... E o por do sol magnífico, que tinge o céu com ouro e bronze...  E a chuva mansa, que vem regar minhas plantas com carinho e lava o ar. E as estrelas silenciosas que, fazem pensar em Alguém muito poderoso que está no comando do Universo.
         Quantas vezes abracei alguém? Quantas vezes estendi a mão para o próximo? Quantas vezes ajudei o outro? Aprendi a abraçar depois que vi  num filme alemão, jovens numa praça do Japão oferecendo abraços de graça. Eles diziam: “Quer um abraço? É de graça!” E carregavam um cartaz em inglês para os estrangeiros. Achei isso fantástico, porque os japoneses são muito reservados e evitam o toque físico com estranhos. Os japoneses ainda não descobriram os efeitos positivos do abraço, infelizmente. E eu sei da importância do abraço, para os velhinhos que vivem sós... Velhinhos que, visitei de vez em quando para tomar um cafezinho, para lhes dar uma palavrinha... mas ainda é muito pouco. Para 2014 devo reforçar essa parte.
         Quantas vezes me irritei? Quantas vezes perdi a paciência? Quantas vezes exercitei a tolerância? Quantas vezes gritei com alguém? Aprendi a falar sem gritar, mas muitas vezes engoli seco, quando me irritaram. Gente que está para servir e o faz de má vontade, porque amanheceu irritada, e se acha no direito de descontar em alguém. Há tantas pessoinhas nas repartições públicas e nas lojas, que deveriam voltar para casa e serem reeducadas, para aprender as boas maneiras. Tolerância tem um limite. E também, me irritei bastante com as maracutaias que, os nossos representantes políticos armaram contra o povo. E fiquei muito envergonhada como brasileira que sou, com a história do Mensalão. É uma imensa vergonha ter que prender líderes políticos, porque traíram seus eleitores e roubaram a Nação que deveriam defender.
         Quantas vezes ensinei algo a alguém? Servi para orientar jovens em suas indagações? Na medida do possível, procurei passar algo nas minhas crônicas, que sirva para alertar os mais jovens, os mais inexperientes. E o face book também me proporcionou oportunidades de aprender e, retransmitir informações úteis para outros usuários.
         Quantos livros li? O que aprendi? Quanto estudei? Aprendi algo diferente? Não li muitos livros nesse ano, quer dizer, livros escritos em nossa língua. Li livros escritos em japonês sobre heróis japoneses como Takeda Shingen, Minamoto Yoshitsune, Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu. Li ainda as biografias dos literatos Higuchi Ichiyo e Miyazawa Kenji e, sobre o cientista Noguchi Hideyo. Não tive muito tempo para ler outras obras, porque passei a copiar os livros japoneses que leio. E os copio com o pincel ou fudê, para praticar a caligrafia japonesa. No momento, estou lendo Memorial do Convento de Saramago e relendo Toyotomi Hideyoshi (ao mesmo tempo).
         Quantas músicas novas aprendi? Passei a tocar razoavelmente La Cucaracha do folclore mexicano, Berceuse de Brahms e Sonata ao luar de Beethoven, além de uma dezena que já conseguia arranhar. Devagarinho, estou conseguindo tirar umas músicas... só para mim, porque não tenho técnica nenhuma...
         E em artesanato o que fiz? Bordei ponto cruz numa toalha de banquete, acrescida de mais algumas toalhinhas, que irei concluir nesse início de ano. Bordado trabalhoso, que estava parado há mais ou menos uns cinco anos... E tenho planos de fazer toucas para o Hospital do Câncer de novo.
         E sobre a saúde? Tive problemas com articulações, que doíam muito. Descobri graças à orientação de um médico especialista que, as dores surgem por falta de exercícios. Com a idade se acumulando e a preguiça também, nós acabamos ficando acomodados e muito parados, e isso vai travando as juntas do corpo. E surgem as dores. Passei a fazer mais exercícios e percebi que, realmente tudo melhora. Hoje não tenho dores. É claro que tomo colágeno para melhorar as articulações também. E exercitei e caminhei todos os dias, religiosamente.
         Quantas pessoas entrevistei? Em Gente de Fibra, entrevistei e publiquei no Diário de Mirandópolis, as histórias de: Senhora Kawasaki, Hayao Kojima, Lió, Gilberto Ferreira, Kaoru Hattori, Helena Floriano Barbosa, Iracy e Domingos Caldatto, Jaime Perogil, Shina Aoki e Minako Nomizo. Para 2014, tenho planos para mais entrevistas de gente, que trabalhou e deu a vida por essa cidade.
         E agora no final do ano, conheci gente fantástica como o Jozé Augusto Lisboa, que realiza atualmente, a Mostra “Heavy Metal – fossilizados no sistema” de fotos de objetos entranhados no solo, no asfalto, como pregos, parafusos, peças de carros, pedaços de concreto, que o homem vai deixando como atestado de sua passagem, por este Planeta. Os animais ditos “irracionais” só deixam como vestígios, os ossos... E conheci também uma escritora, a Rosa Chimoni que escreveu o livro “Transversais”, que se compõe de depoimentos de Professoras de Guarulhos. A abordagem é sobre a vida pessoal do ser humano chamado Professor. É muito bom!
         Acho que no final, ficou um saldo positivo de tudo que fiz em 2013. E nem citei as Cirandadas que fizemos, e comemoramos o terceiro ano de contatos humanos, muito gratificantes da Ciranda.
         E chego à conclusão final que valeu a pena.
         Em 2014 tem mais, muito mais, se Deus quiser!
         E boas realizações para todos.

         Mirandópolis, janeiro de 2014.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/



Um comentário:

  1. Ufa! Cansei! Eita japonesinha danada...de acordo com o nosso amigo Lupa..."a ligeirinha " (ih entreguei o amigo).

    Desejo ótimas realizações para você neste ano, cuja soma dos números é 7 (sete), o da sorte! E entre essas realizações insisto: " Onde está o Wally? Cadê o Livro? " (rs)

    Ano bem-bão procê e sua família.

    Abraço!

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