quarta-feira, 4 de abril de 2018


         O começo, o fim...
     
      Sempre que vou à Clínica de Fisioterapia da Hissame Minomi Yoshida, assisto a uma cena comum que me faz pensar.
     Ao lado da Clínica há a Escola Caracol para os miúdos, ou Creche como queiram. E sempre vejo mães apressadas deixando a carga preciosa na porta da escola, onde alguém está à espera para a receber. As crianças pequeninas já acostumadas com a rotina recebem um beijo rápido das mães, e adentram no recinto como se estivessem em suas casas.
    Como vou de manhãzinha na Físio, não vejo a saída das crianças no final do expediente, mas imagino que deva ser a mesma coisa. Carros encostando ali perto, recolhendo os pequerruchos e indo embora.
     O que me faz pensar é que ao lado, justamente ao lado dessa primeira escola de crianças, existe uma Clínica de Fisioterapia. E frequentada por gente de mais idade, a maioria de idosos. Os novos na Escolinha, os velhos na Físio.
    E o que acontece na Escolinha de manhãzinha acontece também na Clínica. Os idosos são levados por suas filhas e netas e deixados ali para sessões de reabilitação de uma hora. Com cuidados extremos iguais aos dispensados aos pequerruchos... Então, as vagas para estacionar os carros estão sempre ocupadas com gente chegando ou saindo.
   É inusitado uma Creche ser vizinha de uma Clínica de Reabilitação. Isso nos faz refletir sobre as fases da vida.
     Na Escolinha, as crianças estão aprendendo a andar, a falar, a se sentar, a correr, enfim a se comportarem socialmente. E na Clínica tudo visa a correção de posturas, para eliminar dores que os anos de maus hábitos trouxeram...
     Na Escolinha, o início da jornada. Na Clínica, o fim.
     Ainda não estou precisando que alguém me leve para minhas sessões, mas sei que um dia não conseguirei ir sozinha. Percebo que o ser humano é um bichinho indefeso, que precisa de apoio dos outros. Quando nasce é um protótipo  desajeitado do que um dia será e, precisa de muito treino e ensinamento para se libertar e se tornar independente.
     Por isso, a criança precisa de cuidados extremos para não cair, não se ferir, não perder o rumo e aprender a caminhar de per si. Mas, quando se torna independente, ela se torna voluntariosa e age conforme seus instintos. E nem sempre descobre o caminho certo.
    E adultos tão cheios de si cometem enganos por força do trabalho ou maus hábitos mesmo, e vão ficando tortos, corcundas, capengantes, titubeantes... Deixam de ser donos de seus corpos, perdendo o comando sobre as pernas, os pés, os braços, os joelhos, as mãos...
   E então, aquela bela criança que frequentou creches maravilhosas, que aprendeu tudo certinho, de repente se torna um adulto cheio de dores, que precisa de sessões de massagens para continuar andando.
     Antigamente, não havia a opção de Fisioterapia para reduzir as dores e corrigir posturas. Todos morriam carregando suas dores até o fim, corcundas, tortos e capengantes... Conheci tanta gente que sofreu até o fim...
     O que será que devemos fazer desde que nascemos para nunca sermos escravos de dores?
     Haverá alguma forma de driblar o sofrimento e chegar ao fim da vida sem reclamar de dores?
     Afinal, pra quê serve a DOR?

     Mirandópolis, abril de 2018.
     kimie oku in



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