quinta-feira, 22 de novembro de 2012


     

                    Chocolate

14 de fevereiro, Dia de São Valentim é uma das datas mais comemoradas no Japão, na Coréia do Sul e em Taiwan.
Nesse dia, as mulheres dão chocolates de presente aos namorados.
Isso já virou tradição nesses países, e os homens aguardam os seus pacotes de doces, para comemorarem a relação do casal.
E um mês mais tarde, no White Day, as mulheres recebem presentes dos namorados, em retribuição aos chocolates ganhos. Presentes que, necessariamente não precisam ser chocolates.
Mas, a data de São Valentim mobiliza toda a indústria chocolateira  oriental, para criar os mais doces e belos presentes.
Acredito que não há um presente mais delicioso para se comemorar o dia dos Namorados que o chocolate. O chocolate é doce, e agrada a maioria das pessoas, conseguindo quase a unanimidade no mundo.
Hoje, o chocolate é consumido em todos os cantos do planeta.
Mas, como começou isso?
A grande revolução na indústria confeiteira foi, sem dúvida, a descoberta do cacau.
É do cacau que se extrai o chocolate, que é consumido na atualidade como doce, como bebida, como remédio.                            
Há uma história lendária que explica a aparição do chocolate.
Entre os índios Astecas do México, conta-se que o Deus da Lua Quetzalcóalt roubou dos deuses as sementes do cacau, e as ofereceu de presente aos humanos, para lhes proporcionar energia e prazer. Com as sementes, os astecas fabricaram uma bebida, que era consumida em taças de ouro, em rituais religiosos.
Os índios Maias da América Central também a consumiam como a bebida dos deuses.                                                  
Quando os espanhóis chegaram à América, as sementes de cacau eram usadas como moedas pelos astecas. Serviam para trocar qualquer coisa. Mas, o que impressionou o conquistador espanhol Fernão Cortez foi a bebida de chocolate amargo e apimentado, que o Imperador asteca Montezuma lhe ofertou, pensando que era um Deus, devido à extravagância de suas vestes e por estar montado num cavalo. Cortez percebeu que, o chocolate dava uma vitalidade impressionante aos índios, que nem precisavam de outro alimento para suas jornadas de caçada.
 Então, Cortez levou as sementes para a Espanha, e logo o cacau se espalhou pela Europa.
O botânico sueco Lineu, que viveu há uns 250 anos e consagrou a vida no estudo das plantas, ao conhecer o cacau, deu-lhe o nome de “Theobroma cacao”, ou Maná dos deuses.
No Brasil, o cacaueiro encontrou um ambiente propício para seu desenvolvimento nas terras úmidas do sul da Bahia, onde marcou época com os coronéis do cacau, dos anos 60 a 80. Essa sociedade cacaueira foi descrita magistralmente por Jorge Amado, nos romances “O país do cacau” e “Terras do sem fim”.
O chocolate é extraído da semente do cacau, que é fermentada, torrada e moída. É um pó amargo, a que acrescentaram açúcar e leite e conseguiram assim, transformar radicalmente a indústria doceira no mundo.
E logo, logo, surgiram Casas de Chocolate na Europa, onde a elite se reunia para tomar o chocolate quente e comer o lanche da tarde. As Casas de Chocolate vieram competir com as Casas de Chá e as Casas de Café.
E então, o “tchocolatl” como era denominado entre as civilizações pré-colombianas, virou moda no mundo inteiro, sendo consumido atualmente como doce, creme, pasta, pó, bolo, bebida e até como remédio.
Lembro que, há mais de três décadas atrás, viajando com a família por Minas, os meus filhos, crianças ainda, sofriam muito com as estradas tortuosas nas montanhas mineiras, e nada parava em seus estômagos. Um dia, visitando uma famosa fábrica de chocolates em Vila Velha, Espírito Santo, descobrimos que  o chocolate era o único alimento que os sustentava, e lhes dava resistência contra os enjôos de viagem.  Salvou o nosso passeio.
E dizem que, além de revigorar e dar muita energia, ainda o chocolate é estimulante, e serve como afrodisíaco.
O chocolate já serviu de motivação para filmes famosos, como “A fantástica fábrica de chocolate” – de 1971, que virou cult dos cinéfilos. No Brasil, o chocolate foi tema de novelas, como em “Chocolate com Pimenta”, e das novelas “Gabriela” e “Renascer”, que retrataram a sociedade cacaueira tão poderosa, que marcou época no Brasil há algumas décadas atrás.
O maior produtor de cacau hoje é a Costa do Marfim, na África, que tem na floresta úmida e quente, o ambiente adequado para o desenvolvimento do cacaueiro.                                               
Atualmente, se não existisse chocolate, como seriam feitos os ovos de Páscoa, que fazem a felicidade da criançada? Conheci um garoto tão inocente, que ao se deleitar com um ovo de chocolate, pediu para a mãe lhe comprar a galinha que botava ovos tão deliciosos... E os produtores de alimentos não resistem à tentação de colocar um pouco de chocolate em todos os doces. Até os mestres de confecção de pães usam e abusam do chocolate. E a combinação perfeita foi chocolate com leite, sem dúvida.
Mas, o grande lance foi a invenção de bebidas usando-se chocolate. Álcool e cacau dão um toque especial e caem muito bem.      
Que tal então, saborear uma taça de amarula ou um licor de creme de cacau ?

Mirandópolis, novembro de 2012
Kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”

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