Bullying
Os massacres de alunos em Minas e em Goiás me levaram a pensar que
precisamos recrutar o pessoal do Criminal Minds, seriado da AXN para analisar o
comportamento dos assassinos.
Não gosto de matanças e nem de crimes, mas
a análise de comportamento dos matadores e conclusões para fechar os casos do
seriado é muito instigante. A rapidez de raciocínio dos membros da equipe é
impressionante. É verdade que é ficção, mas tudo tem uma sequência lógica, e o
estudo do passado ajuda sempre a prever o comportamento que virá em seguida.
Muitas vezes evitando desfechos piores.
A ocorrência na Creche de Minas foi
dolorosa, porque um adulto desvairado despejou toda a sua ira em criancinhas
inocentes, para matá-las de maneira mais impiedosa possível, ateando fogo. A
história de Goiás que dizem motivada por vingança, fez o Brasil inteiro pensar
nas maldades de jovens em escolas. Disseram que foi revanche de bullying que o
garoto de 14 anos vinha sofrendo...
Se realmente foi esse motivo, a Escola
inteira deverá parar e fazer uma análise da situação. Professores, Pais de
alunos, funcionários e os próprios alunos devem denunciar se realmente estão sofrendo abusos de colegas. E todos juntos devem procurar os caminhos
para corrigir esse desvio de comportamento. Seria oportuno que todas as Escolas
fizessem uma análise do comportamento de seus alunos, para corrigir e evitar
mais desastres em tempo. Porque se nada fizerem, os trotes continuarão e mais
tragédias poderão ocorrer.
Bullying ocorre no mundo inteiro, em
escolas tradicionais, em escolas particulares americanas, europeias, japonesas,
brasileiras. No Exército para os recrutas, nas Faculdades para os “bichos” ou
calouros, e no trabalho para os novatos. Por quê?
Porque é o reflexo da sociedade, que
discrimina os mais fracos, os mais feios, os mais pobres, os mais tímidos, os
inseguros, os menos capazes. Dentro do círculo familiar muitas vezes ocorrem
essas diferenciações, considerando um filho mais inteligente, outro mais lento,
outro mais levado... E essas rotulações ficam marcadas a ferro e fogo na testa
desses meninos para sempre. E as explosões acontecem assim sem mais nem menos,
de repente num círculo maior, porque o indivíduo já está saturado de ser
discriminado e desrespeitado. E vem acumulando mágoas e mágoas ao longo dos
anos... E quando explodem, causam estragos irreparáveis...
Então, é errado pensar que o bullying seja
problema restrito a escolas. É um
problema social de falta de respeito, de falta de empatia, de falta de caridade
para com o próximo. Toda essa ausência absoluta de sentimentos tem provocado os
maiores estragos na humanidade, desde que o mundo é mundo.
Nos tempos obscuros da
Idade Média, a própria Igreja encetou guerras contra os infiéis, porque esses
não se comportavam como os “ditos santos” exigiam. E queimaram muita gente inocente
nas fogueiras, alegando bruxaria e práticas demoníacas, porque essa gente
inocente tinha visões ou comportamentos estranhos motivados por esquizofrenia...
E jogaram fora pessoas doentes com lepra, considerando-as contaminadas pelo
demônio, porque apresentavam aspectos horripilantes quando a doença consumia
partes de seus membros e pele. A Igreja cometeu as maiores barbaridades contra
a humanidade em nome de Deus. De um Deus inocente, como dizia José Saramago,
Nobel de Literatura de Portugal, que se dizia ateu.
A humanidade seguiu os preceitos da Igreja
que levou os americanos brancos ao paroxismo da perseguição, com a Klu KLux
Klan discriminando e executando todos os diferentes que apareciam,
especialmente os de cor negra. Em nome de uma “raça pura ariana”. Raça viciada
na maldade, no ódio, na arrogância, na prepotência sem limites. Raça maldita, afastada de Deus.
Toda manifestação de bullying teve seu
princípio nesse rancor, que alguém plantou na alma de gente sem capacidade para
pensar e refletir.
Estranho é que o ensinamento de Jesus foi:
“Amai-vos uns aos outros!” que foi totalmente modificado para: “Odiai-vos uns
aos outros!” Não sei em que momento da História da humanidade ocorreu essa
alteração, que trouxe estragos sem fim.
Perseguições, condenações de inocentes, queima de não cristãos,
guerras santas que eram demoníacas de fato, regimes políticos executando
oponentes, as Guerras Mundiais, as bombas atômicas, de napalm, matança de
inocentes no Vietnã, na Índia, no Oriente Médio, Nazismo, Holocausto, Guerra Civil Espanhola, Revolução Cultural de Mao Tsé na China, Stalin, o
Imperador Hiroíto no ápice da 2ª Guerra, o Comunismo e tantas desgraças mais
foram pregações passadas de geração a geração ao longo da História.
E as pessoas ficam assustadas com esses atos de terrorismo e
bullying nas Escolas! Isso é apenas uma prática ensinada aos jovens todos os
dias pelos meios de comunicação, e mais ainda pelas atitudes preconceituosas
dos adultos.
E tudo isso começa em casa, com o pai vendo um jogo e xingando o
jogador negro de “Neguinho filho da puta, vá comer banana, macaco”!” As
manifestações preconceituosas nos estádios são incutidas em casa pelos adultos.
Nenhum jovem será capaz de agir inadequadamente assim sem mais nem menos, se não
viu ou não ouviu um exemplo em algum lugar, especialmente em casa. Está tão
acostumado com esse palavrório preconceituoso, que nunca se deu ao trabalho de
atentar no significado ofensivo dele.
O preconceito é criado em casa, pelos pais que o passam aos
filhos dizendo: “Fulano é preguiçoso! Fulano é bebum! Fulana é vadia!” E essas
ideias ficam impregnadas nas mentes dos jovens que vão à escola e, começam a
rotular os colegas de acordo com esses padrões, discriminando-os. É assim que
começa tudo. A armação veio de casa. Bullying foi ensinado em casa!
Amai vos uns aos outros! Sábias palavras de Jesus. Mas como é
difícil amar o pobre, o feio, o lerdo, o sujo, o deficiente... Então, esses
acabam virando sacos de pancada dos ditos espertos. Espertos que não têm um
tico de misericórdia na alma. E saem queimando mendigos, retaliando gatos e
cães...
Se todos nós ensinássemos que todos somos iguais e todos merecem o
nosso respeito, não haveria essas discórdias. Não haveria preconceito. Não haveria
bullying. Não haveria guerras.
Não está na hora de repensar nossas atitudes?
Mirandópolis, outubro de 2017.
Kimie oku in
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