sábado, 28 de outubro de 2017

             Bullying
     
    Os massacres de alunos em Minas e em Goiás me levaram a pensar que precisamos recrutar o pessoal do Criminal Minds, seriado da AXN para analisar o comportamento dos assassinos.
     Não gosto de matanças e nem de crimes, mas a análise de comportamento dos matadores e conclusões para fechar os casos do seriado é muito instigante. A rapidez de raciocínio dos membros da equipe é impressionante. É verdade que é ficção, mas tudo tem uma sequência lógica, e o estudo do passado ajuda sempre a prever o comportamento que virá em seguida. Muitas vezes evitando desfechos piores.
     A ocorrência na Creche de Minas foi dolorosa, porque um adulto desvairado despejou toda a sua ira em criancinhas inocentes, para matá-las de maneira mais impiedosa possível, ateando fogo. A história de Goiás que dizem motivada por vingança, fez o Brasil inteiro pensar nas maldades de jovens em escolas. Disseram que foi revanche de bullying que o garoto de 14 anos vinha sofrendo...
     Se realmente foi esse motivo, a Escola inteira deverá parar e fazer uma análise da situação. Professores, Pais de alunos, funcionários e os próprios alunos devem denunciar se realmente estão sofrendo abusos de colegas. E todos juntos devem procurar os caminhos para corrigir esse desvio de comportamento. Seria oportuno que todas as Escolas fizessem uma análise do comportamento de seus alunos, para corrigir e evitar mais desastres em tempo. Porque se nada fizerem, os trotes continuarão e mais tragédias poderão ocorrer.
  Bullying ocorre no mundo inteiro, em escolas tradicionais, em escolas particulares americanas, europeias, japonesas, brasileiras. No Exército para os recrutas, nas Faculdades para os “bichos” ou calouros, e no trabalho para os novatos. Por quê?
     Porque é o reflexo da sociedade, que discrimina os mais fracos, os mais feios, os mais pobres, os mais tímidos, os inseguros, os menos capazes. Dentro do círculo familiar muitas vezes ocorrem essas diferenciações, considerando um filho mais inteligente, outro mais lento, outro mais levado... E essas rotulações ficam marcadas a ferro e fogo na testa desses meninos para sempre. E as explosões acontecem assim sem mais nem menos, de repente num círculo maior, porque o indivíduo já está saturado de ser discriminado e desrespeitado. E vem acumulando mágoas e mágoas ao longo dos anos... E quando explodem, causam estragos irreparáveis...
     Então, é errado pensar que o bullying seja problema  restrito a escolas. É um problema social de falta de respeito, de falta de empatia, de falta de caridade para com o próximo. Toda essa ausência absoluta de sentimentos tem provocado os maiores estragos na humanidade, desde que o mundo é mundo.
 Nos tempos obscuros da Idade Média, a própria Igreja encetou guerras contra os infiéis, porque esses não se comportavam como os “ditos santos” exigiam. E queimaram muita gente inocente nas fogueiras, alegando bruxaria e práticas demoníacas, porque essa gente inocente tinha visões ou comportamentos estranhos motivados por esquizofrenia... E jogaram fora pessoas doentes com lepra, considerando-as contaminadas pelo demônio, porque apresentavam aspectos horripilantes quando a doença consumia partes de seus membros e pele. A Igreja cometeu as maiores barbaridades contra a humanidade em nome de Deus. De um Deus inocente, como dizia José Saramago, Nobel de Literatura de Portugal, que se dizia ateu.
    A humanidade seguiu os preceitos da Igreja que levou os americanos brancos ao paroxismo da perseguição, com a Klu KLux Klan discriminando e executando todos os diferentes que apareciam, especialmente os de cor negra. Em nome de uma “raça pura ariana”. Raça viciada na maldade, no ódio, na arrogância, na prepotência sem limites. Raça maldita, afastada de Deus.
     Toda manifestação de bullying teve seu princípio nesse rancor, que alguém plantou na alma de gente sem capacidade para pensar e refletir.
     Estranho é que o ensinamento de Jesus foi: “Amai-vos uns aos outros!” que foi totalmente modificado para: “Odiai-vos uns aos outros!” Não sei em que momento da História da humanidade ocorreu essa alteração, que trouxe estragos sem fim.
Perseguições, condenações de inocentes, queima de não cristãos, guerras santas que eram demoníacas de fato, regimes políticos executando oponentes, as Guerras Mundiais, as bombas atômicas, de napalm, matança de inocentes no Vietnã, na Índia, no Oriente Médio, Nazismo, Holocausto, Guerra Civil Espanhola, Revolução Cultural de Mao Tsé na China, Stalin, o Imperador Hiroíto no ápice da 2ª Guerra, o Comunismo e tantas desgraças mais foram pregações passadas de geração a geração ao longo da História.
E as pessoas ficam assustadas com esses atos de terrorismo e bullying nas Escolas! Isso é apenas uma prática ensinada aos jovens todos os dias pelos meios de comunicação, e mais ainda pelas atitudes preconceituosas dos adultos.
E tudo isso começa em casa, com o pai vendo um jogo e xingando o jogador negro de “Neguinho filho da puta, vá comer banana, macaco”!” As manifestações preconceituosas nos estádios são incutidas em casa pelos adultos. Nenhum jovem será capaz de agir inadequadamente assim sem mais nem menos, se não viu ou não ouviu um exemplo em algum lugar, especialmente em casa. Está tão acostumado com esse palavrório preconceituoso, que nunca se deu ao trabalho de atentar no significado ofensivo dele.
O preconceito é criado em casa, pelos pais que o passam aos filhos dizendo: “Fulano é preguiçoso! Fulano é bebum! Fulana é vadia!” E essas ideias ficam impregnadas nas mentes dos jovens que vão à escola e, começam a rotular os colegas de acordo com esses padrões, discriminando-os. É assim que começa tudo. A armação veio de casa. Bullying foi ensinado em casa!
Amai vos uns aos outros! Sábias palavras de Jesus. Mas como é difícil amar o pobre, o feio, o lerdo, o sujo, o deficiente... Então, esses acabam virando sacos de pancada dos ditos espertos. Espertos que não têm um tico de misericórdia na alma. E saem queimando mendigos, retaliando gatos e cães...
Se todos nós ensinássemos que todos somos iguais e todos merecem o nosso respeito, não haveria essas discórdias. Não haveria preconceito. Não haveria bullying. Não haveria guerras.
Não está na hora de repensar nossas atitudes?

Mirandópolis, outubro de 2017.
Kimie oku in

    


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