terça-feira, 31 de outubro de 2017

       Uma ideia, uma ação!
       Uma ideia que deu certo.
      Como eu visitava amigas idosas e solitárias, um dia
sonhei em realizar um projeto, que me permitisse levá-las a um lugar aprazível no campo, para curtir a natureza com outras pessoas idosas. Quem me despertou isso foi a senhora Natsuko Yuassa, mãe do nosso querido Dr. Roberto Yuassa. Na época ela estava idosa, morava sozinha e sua solidão era maior porque conversava na língua materna, em japonês. Então, seu contato com outros era muito restringido pela falta de domínio do Português. E eu interessada em aprender a falar a minha língua materna fui lá conhecê-la. E apesar de ter sido muito difícil o começo por eu falar só Português e ela só japonês, acabamos nos entendendo muito bem. Ela era gentil, atenciosa, e gostava de me contar passagens de sua vida de mocinha no Japão. Aprendi muito com ela sobre comportamento social e costumes japoneses.
 Com essa ideia na cabeça escrevi uma crônica, que despertou o interesse do senhor Mário Dias Varela. Em poucos dias ele tinha arrebanhado uns amigos e fundamos o Grupo Ciranda. A primeira cirandada foi no meio da rua João Domingues de Souza. Lá pelas dezessete horas, formamos um círculo composto por Milton Lima, Júlio Galbes, Chiquinha, Mary Magro, Mário Varela e eu e brincamos de Ciranda, cirandinha... Isso foi há sete anos e temos uma foto que registrou para sempre esse momento. Foto em preto e branco... Estava fundado o Grupo Ciranda.
Fizemos a primeira reunião com uns dez idosos lá na Cozinha Caipira, na estrada para a Usina. E daí para cá foram setenta e sete reuniões, com o grupo crescendo mais e mais a ponto de ser necessário limitar o número para melhor atender a todos.

Muita coisa aconteceu durante esse tempo que passou. Perdemos o seu Egídio, um dos fundadores que nos deu a maior força. Perdemos dona Luisinha, seu Jorge Cury, Professor Aristides, Professor Sperandio, Lourdinha Codonho, Maria Menegatti, dona Palmira, Lupércio, Toninho do pandeiro, dona Onofra e dona Nair. Foram todos brincar de ciranda no céu. Partidas naturais porque todos lá no grupo são idosos.

Outros ocuparam suas vagas na Ciranda e atualmente temos umas sessenta pessoas, que participam mensalmente das reuniões. Lá conversamos, trocamos ideias, cantamos, oramos e dançamos. Tudo de forma natural, sem regras apenas com o objetivo de alegrar o pessoal.
E felizmente, contamos com um grupo de violeiros e sanfoneiros que nunca faltam para animar nossas tardes. E esses músicos assumiram o papel de ajudar os idosos solitários participando voluntariamente.
Por tudo isso, a alegria é o tom da festa.
Não falamos de política, não discutimos religião e ninguém tem cargo de presidente, secretário e outras baboseiras. Todos são iguais, todos são tratados de forma respeitosa, porque ninguém é melhor que ninguém. Para o grupo, o dia do encontro sempre é um piquenique, porque nos reunimos na Chácara do seu Albertino Prando, que é um lugar lindo, de ar puro, todo verdejante, onde há pássaros, galinhas, e vacas pastando... E a cantoria se estende pela tarde toda enquanto servimos lanche, refrigerantes e café.

Muita gente pede para entrar no grupo e nós procuramos controlar esse afluxo, porque o espaço não é grande e queremos garantir o conforto de todos que lá vão. Sabemos que há muitos idosos necessitados, mas não podemos absorver a todos, porque acima de tudo está a qualidade de atendimento que queremos proporcionar. E damos prioridade aos idosos que moram sozinhos, que não têm vida social e vivem meio esquecidos. O que difere esse trabalho dos asilos é que os nossos idosos voltam sempre para suas casas, porque só saem para se divertir. E o compromisso da ciranda é apenas acabar com a solidão de todos. E nunca tirá-los de seu cantinho onde se sentem confortáveis.
Nada é mais forte que dar-se as mãos e brincar com os amigos. À direita ter alguém segurando firmemente a mão e à esquerda também. E rodar cantando ciranda, cirandinha como nos tempos de criança... Isso passa uma energia sem igual para todos. Todos se sentem fortalecidos e a alma fica repleta de bons fluídos e muita vontade de continuar vivendo.
Então é isso!


A Ciranda chegou para ficar.
Que nunca mais pare de rodar e levar alegria a todos.

Mirandópolis, outubro de 2017.
kimie oku in




Um comentário:

  1. Esses encontros sao ótimos. É muito proveitoso a todos. Feliz ideia, e feliz momento que também abracei o compromisso. Vamos... que vamos...

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