sábado, 14 de abril de 2012


CONEXÃO

A moeda de mais valia do momento é a informação.                            Sem informação, ninguém consegue fazer nada, não consegue um bom emprego, não passa em vestibulares, não consegue dar bom andamento aos negócios, nem parlamentar com os adversários. Por isso, só quem está  bem informado, consegue chegar onde pretende. Já dizia um famoso noticiário de rádio, lá pelos anos oitenta: “O homem bem informado tem maiores possibilidades na vida”.
Se o médico não possuir todas as informações necessárias, sobre as condições do paciente, nunca acertará no diagnóstico e muito menos, nos procedimentos de tratamento e de cirurgia. Daí, ocorrerem tantas falhas médicas, que fazem a insegurança dos pacientes.
Se o professor não tiver as informações necessárias, para trabalhar com alunos, jamais poderá ministrar boas aulas. Não me refiro aos conhecimentos teóricos, das diversas áreas de conhecimento, que isso todo mundo consegue em bons livros, ou até mesmo na Internet. Faço referência aos procedimentos psico-pedagógicos, que todo professor deverá receber em sua formação, para saber lidar com eficácia, na sua relação diária com os alunos. É a falha mais gritante, que se observa em muitos professores, hoje.
         Daí, as ocorrências policiais, que se tornaram corriqueiras, envolvendo professores, pais e alunos, que aparecem diariamente nos noticiários.
Se o engenheiro ou arquiteto construtor tem poucas informações sobre estrutura, peso, massa, suporte, resistência, tipo de solo, poderá construir pontes, rodovias e prédios que, desabam ao primeiro balanço, ao primeiro choque por acidente... Daí, ocorrerem tantos desabamentos “inexplicáveis”... vitimando muita gente, e acabando de vez, com a carreira do arquiteto.
É por isso que, as grandes empresas trabalham em equipes, porque é importante conjugar conhecimentos e esforços. Médicos trabalham em equipe, porque as especialidades reunidas têm condições de resolver os imprevistos, sem traumas. Equipes de engenheiros têm visão mais aberta, para todos os prováveis problemas, que poderão surgir. Nas Escolas, há os Conselhos de Professores e de Escola, para discutir os problemas, e buscar soluções à luz da Psicologia e da Pedagogia, para evitar procedimentos inadequados. Porque, ninguém tem obrigação de saber tudo, e acertar em tudo. Infelizmente, percebe-se que ultimamente, os professores têm lutado sozinhos, com seus problemas e enfrentamentos diários. Agindo impulsivamente e, cometendo arbitrariedades, que poderiam ser evitadas, se o Conselho de Professores e o Conselho de Escola realmente funcionassem.
E por que ocorre isso?
É por falta de conexão.  É preciso conectar, ligar, plugar, intercambiar, estar em contato com alguém, com alguma coisa. Hoje, não se vive sem conexão. Todo mundo está plugado em algo. Conectado ao telefone, à televisão, ao celular, à Internet, ao carro, à moto, à bicicleta, à esteira, ao chuveiro, ao micro ondas, à máquina lavadora, ao fogão, aos tubos de oxigênio, de soro, de plasma. Sem conexão, a sociedade atual não funciona.
Antigamente, as pessoas se visitavam, tomavam café juntos, faziam visitas de boas vindas aos novos rebentos, que nasciam nas famílias dos compadres, visitavam os doentes acamados, trocavam mimos, um pão quente, um pedaço de carne de porco, umas frutas... tudo isso acabou, mas o ser humano sente falta disso. É por isso, que as pessoas hoje ficam plugadas aos telefones, às tevês, ao facebook e similares, porque assim se sentem menos sós.
Ninguém gosta de ficar só. Por mais infeliz que seja a pessoa, ela não deixa de apreciar a presença de um bom amigo, de uma boa companhia. Porque o homem é um ser social.
Falar ao telefone, ao celular, ver tevê, acessar as páginas da Internet são alternativas para se evitar a solidão. A pessoa se sente plugada ao mundo, à sociedade, mesmo que esteja sozinha num cantinho da casa. Conheço pessoas que, venceram os estresses e as tristezas da vida, só com os e-mails e acessando o Facebook. A internet faz milagres na área da comunicação humana.
Entretanto, nesse mundo de conexão ultra-rápida, ainda há gente desconectada, que não percebeu a força de equipes, de amigos, de colegas de trabalho, que poderão ajudá-la em suas dificuldades. Gente orgulhosa, que quer acertar sozinha, cometendo muitos erros desnecessários. Gente que sofre, por falta de humildade, que ainda está amarrada a um passado recente, de competições sem sentido. Gente que sofre de solidão, que reclama, que se sente abandonada, que evita amigos e quando os encontra, desfia a ladainha de seu abandono. Gente que, como diz um amigo, não quer abrir mão da razão de sua queixa. Ela precisa manter a solidão, para continuar se queixando. Tenho encontrado tanta gente assim, que não aceita o convite de participar da Ciranda, e eu sei que é carente de verdade. Por orgulho, quer provar a si mesma que, não precisa da ajuda de outros. E é tão só de dar pena.......
E eu sei a força e a energia que passam na Ciranda, quando as pessoas se dão as mãos e brincam de roda. É tão poderosa essa energia, que todas as pessoas se sentem revigoradas, e voltam felizes para suas casas. E nessa roda, tão simples, as pessoas se sentem tão à vontade, que algumas que, nunca se manifestaram em público, de repente, resolvem declamar um poema, contar uma história vivida, cantar uma canção. Nunca seriam aplaudidas em vida, se não houvesse a oportunidade da Ciranda.
 Através da Ciranda, percebi que a conexão ideal e que mais satisfação traz é a direta, do ser humano com outro ser humano. Sentar perto de uma senhora que passa a semana toda sozinha, que espera um telefonema que nunca vem, e perguntar-lhe sobre a saúde, sobre os familiares distantes, ou mesmo sobre os remédios que anda tomando, é uma experiência comovente. Ela se sente tão feliz em dividir seus problemas, suas ansiedades com alguém que, acaba nos abençoando no final. Oferecer um salgado, um doce, servir-lhe um refrigerante, é melhor ainda.  Ela se sente uma princesa, bem tratada e bem mimada. Trato e mimo, que há muito tempo não recebia.  As mensagens      e os telefonemas mais calorosos não substituem o contato direto, de olho no olho, de mãos dadas, de um beijo sincero, de um abraço repleto de carinho.
Hoje estou no mundo digital, e entro em contato com diversas pessoas, mas ainda, gosto mais do contato direto, cara a cara, “chokusetsu” como dizem os japoneses. É muito triste constatar que, tantas pessoas, por orgulho ou outros motivos sem importância, passam os últimos anos, ou meses, ou dias de sua vida, fechados em sua solidão, numa tristeza sem fim, sabendo que o final está tão próximo, e não há como evitá-lo.
Então, por que não estabelecer uma conexão?
Mirandópolis, 11de abril de 2012.
    kimie oku in cronicasdekimie.blogspot.com




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