terça-feira, 28 de agosto de 2012




4. História de Mirandópolis
dos anos 40/50
 Relato de Elídio Ramires

CAPÍTULO IV – Com a força de seu povo a cidade se reconstrói

Felizmente, tudo passou e a cidade continuou progredindo. Além do Bradesco, outros Bancos já haviam se instalado, como o Banco América do Sul, Banco Noroeste e o Banco Bandeirantes. O comércio se desenvolvia com lojas mais modernas como o Bazar Kosmos, a Casa Ombo e a Casa Motomia, onde se encontravam os produtos mais variáveis. Surgiram também novas alfaiatarias, posto que na época, não se encontrava ternos prontos. Era necessário fazer sob medida, e a preferência era por ternos de linho e de casemira tropical.
O fato mais importante, no final da década de 40,  entretanto foi a primeira eleição para prefeito e vereadores do município em 1947.
Com a destituição de Getúlio em 1945, e a elaboração da Constituição de 1946 pelo Congresso eleito democraticamente, chegou a vez da eleição dos governadores do Estado, prefeitos e vereadores, o que ocorreu no ano seguinte.
 O primeiro Prefeito eleito no município, após a volta da democracia, foi Delmiro Luiz Rigolon, juntamente com a Câmara Municipal composta de 13 vereadores, entre os quais o meu irmão José, que foi reeleito para um segundo mandato em 1951 e em 1954 foi eleito pelos seus pares vice-presidente da Casa.
 No final da década, ou seja, em 1949, o único acontecimento relevante que me lembro, posto que participei da reunião de sua criação,foi a fundação do Clube Atlético Mirandópolis , entidade sócio-esportiva, que funcionou inicialmente junto à Praça Manoel Alves  Athaíde,  posteriormente  transferida para a Rua Floresta, em prédio de dois pavimentos, exclusivamente construído  para esse fim,  por Antonio Ferreira dos Santos e alugado para a entidade. O CAM contou também, de início, com um campo de futebol próprio, chegando a formar um esquadrão de jogadores profissionais, para disputar campeonatos regionais. Acumulando dívidas em razão do ousado voo, foi obrigado a vender o estádio para a Prefeitura, mantendo a partir de então, somente com a  parte social semi-esportiva com a construção , mais tarde, da sede atual, em campanha encabeçada pelo então gerente do Banco Brasileiro de Descontos, Widelson de Faria Lacerda. 
 
     A fase de maior progresso

  Acredito, todavia, que a fase mais expressiva do progresso de Mirandópolis ocorreu na década de 1950. Foi nessa década que aconteceram na cidade os fatos mais relevantes, como a  inauguração da construção da sede  sócio-esportiva do CAM,  da inauguração finalmente, da Igreja- Matriz, após quatro  de construção, e onde passou a ser incrementada anualmente, em setembro, nos sábados e domingos daquele mês, a animada Festa da Primavera, que já vinha sendo realizada sob a direção do Padre Epifânio  Ibanez,com a realização de  leilões em barracas montadas para esse fim, com venda de bebidas, de prendas oferecidas pelas famílias católicas  da cidade, escaladas pelo próprio sacerdote, em Programa impresso distribuído com antecedência à população.
Nessa festas, a diversão dos jovens era circular em volta das barracas, “paquerando” e mandando “correio elegante”, às pretensas namoradas e namorados, ou oferecendo músicas através do serviço de alto–falantes, aos seus pretendidos. Era também a oportunidade  de mandar bilhetes com propostas safadas para garotas  namoradeiras, para um encontro a sós nos cantinhos escuros atrás da igreja.
Enfim, resumindo, e sem entrar em maiores detalhes, vamos relacionar, sem uma certeza abrangente, os acontecimentos relevantes ocorridos na década de 50, destacando, sobretudo, a chegada em 1951, da energia elétrica provinda de usina construída com aproveitamento de queda d’agua do Salto de Itapura pelo industrial Eloy Chaves, substituída poucos anos depois pela energia fornecida Cia. Paulista de Força e Luz, que estava parada em Aguapeí, e que por razões desconhecidas não se interessou em avançar até Mirandópolis e outras cidades à frente.
Talvez impulsionada pela chegada da energia elétrica, foi na década de 50 que Mirandópolis conquistou as mais importantes obras coroando seu progresso com, praticamente, todos os melhoramentos  necessários para uma vida confortável nos setores mais importantes para a convivência humana, como: saúde, educação, assistência social, independência política, judiciária e administrativa, associações de classe e esportivas, imprensa,  urbanização, saneamento básico etc.
No plano da saúde, por exemplo, passou a contar com o Hospital Regional do Estado,com a aquisição pelo Serviço de Medicina Social da Secretaria de Saúde, da Casa de Saúde do Dr. Macoto Ono, além da Casa de Saúde  e Maternidade S.  José,  construída pelo  Dr. Aldo Genovez Giberti, posteriormente vendida  à família Brandi Faria e  Dr.  Jorge Maluly Neto.
A cidade passou a contar também, na década, com vários médicos e dentistas e com um Posto de Saúde do  Estado, inaugurado sob a direção do Dr. Edgar Raimundo da Costa, acontecimento, aliás, que jamais esquecerei, uma vez que estive presente e o Dr. Edgar me brindou com a expedição da carteira de saúde nº 1.
No plano educacional, foram inaugurados nos anos 50 o Ginásio Estadual, a Escola Normal Municipal e a Escola Técnica de Comércio, que representaram grande impulso na formação escolar da juventude mirandopolense, até então, desamparada totalmente de cursos médios, que para famílias de maior poder econômico, eram feitos em outras cidade.
No plano de independência política, judiciária e Administrativa, destaca-se, sobretudo, a elevação de Mirandópolis à categoria de Comarca em 1953, e a solenidade de sua instalação  e posse do primeiro juiz de direito, Dr. Aguinaldo dos Santos e primeiro promotor público, Dr. João José Ramaciotti, com a presença do governador Lucas Nogueira Garcez, e  do Secretário de Justiça, Prof. José  Lourenço Júnior, vários deputados estaduais e federais, além de autoridades locais e pessoas da sociedade.
O fórum nos primeiros anos, funcionou no mesmo prédio em que funcionava a Câmara Municipal até a construção, do prédio da Prefeitura em conjunto com Câmara Municipal e mais tarde, a construção pelo Estado, do atual prédio exclusivo do judiciário.
Além dos clubes esportivos, surgiram também, na época, Associações de Classe como o Rotary Clube, o Lions Clube, a Associação Comercial, o grêmio teatral GATAM, o Clube dos 21, criado pelo professor Júlio Herculano Mazzei, congregando apenas professores, e a imprensa, primeiramente, em fins dos anos 40, com o semanário “O Mirandópolis”, com duração efêmera e posteriormente com a “A Cidade”, do qual fui cofundador e redator-secretário.
Foi na década de 50que se urbanizou também a faixa de terreno situada entre a estação ferroviária e a av. Rafael Pereira. Foi concluída a urbanização do jardim da cidade, brindado mais tarde pela construção do moderno cinema em dois pavimentos, com apartamentos para hotel na parte superior, pelo Jorge Nars, ex-sócio de Assad Abud da Casa S. Jorge.
Apesar de inaugurado no inicio de 1960, foi também nos últimos anos de 1950, que foi implantado na cidade, o mais desejado melhoramento esperado pela população, após a energia elétrica, o serviço de água e esgoto.

Ainda no final dos anos 50, há que destacar-se, em termos de transporte e locomoção, a melhoria das estradas municipais e a construção pelo governo do Estado, embora sem asfaltamento, da rodovia Mal. Rondon, a partir de Bauru, beneficiando todas as cidades da Alta Noroeste até a barranca do Rio Paraná.
Tudo que relatei até aqui, foi o que vivi e vi acontecer em Mirandópolis, em sua evolução, até o ano de 1960. Os demais melhoramentos, inclusive o asfaltamento vieram depois, quando já não morava mais na cidade. (continua na próxima semana)

Um comentário:

  1. Nossa é impressionante a história da cidade, parabens sr.Elídio Ramires, a gente viaja no passado.Fatos importantes para nossa história.A vinda do Gov. Lucas Nogueira Garces nós descobrimos o porque a vinda dele na cidade atráves de fotos. Emancipação politica da cidade, 1953. Está no meu blog várias fotos desse dia.
    http://fotoshistoricasmirandopolis.blogspot.com.br/

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