domingo, 24 de dezembro de 2017


         Lírios e Palmas
     

      
       Às vésperas de terminar o ano, o corredor de casa foi enfeitado com belos lírios amarelos e umas palmas vermelhas.
      Beleza natural sem brilhos, diferente das árvores de Natal que ficam pisca piscando sem parar e, ostentando uma artificialidade nada natural. Que desgastam os olhos de quem passa e as vê.
     Nessa época de festas quando o consumismo toma conta de todos, os criadores de coisas para vender se superam. E as lojas ficam lotadas de bugigangas inacreditáveis... Antigamente, a árvore era apenas um ramo de pinheiro com algumas bolas coloridas. Hoje tudo é absurdamente diferente, vazio e pobre. Os penduricalhos são os mais variados desde bolas que não se quebram até papais noéis totalmente despersonalizados, embrulhados em pedaços de papel vermelho e branco. Tem árvores para todos os maus gostos e para todos os bolsos... E haja mau gosto!
      Desde que o Dia das Mães, das Crianças e o Natal se tornaram o gatilho de vendas polpudas enchendo os bolsos de comerciantes, essas datas perderam a graça e o encanto. Comércio elevado à décima potência, e cultivado por toda a humanidade...
      Felizmente neste ano, o face book não ficou lotado de mensagens  cheias de brilho, que irritavam os olhos de quem tentasse comunicar-se com amigos. Porque no ano passado, foi um exagero que encheu as medidas. Essa mania de gostar de brilho deve refletir a vontade do sujeito apagado que quer brilhar a qualquer custo... Pobreza...
      Daí os meus amigos dirão: O que isso tudo tem a ver com lírios e palmas?  Tem a ver com a beleza natural que Deus concedeu a todas as coisas, que não precisam de brilho para aparecer.
      Nós estamos esquecendo das coisas simples e belas que há nesse mundo. Esquecendo da natureza e criando cores totalmente artificiais, misturando o verde com o vermelho, com o amarelo e inventando nomes como salmão, verde piscina, azul ultramarino e outros que tais... Inventando flores de papel, de seda, de plástico e substituindo as verdadeiras... Deixando de apreciar o belo e o real para cultivar coisas irreais e falsas, como se fossem o supra sumo de consumismo.
      O ser humano está se tornando um fantoche da própria criatividade levada ao extremo.
      Eu sei e tenho absoluta certeza que quando a nossa geração passar, não haverá jardins nas casas, não haverá vasos de flores nas varandas, não haverá caminhos com gramados rodeando pés de capitães e lírios... Flores não dão lucro, dão trabalho. E as novas gerações não têm tempo para essas ocupações. Correndo atrás de din din...
      E o mundo será um lugar triste para se morar...
   Sem flores, não haverá abelhas, não haverá borboletas, não haverá colibris... Não haverá cantos de passarinhos, nem o seu voejar, nem ninhos nas árvores...
      Por isso, fico encantada ao ver os lírios florindo, as palmas se abrindo em todo o seu esplendor. Enfeitando um cantinho, um corredor, uma janela com seu talhe elegante, com suas cores exuberantes, totalmente mudas, absorvendo o calor e o brilho do sol.
     Na minha casa, há flores naturais que superam em beleza todas as criações do homem. Não há papais noéis travestidos de santos bonzinhos e generosos. Aqui há gente de carne e osso, que socorre os familiares e amigos em suas necessidades e há flores e árvores, que foram abençoadas por Deus desde o princípio dos tempos...
      E bom Natal com lírios e palmas floridas!
     
    Mirandópolis, 24 de dezembro de 2017.
   kimie oku in


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