quarta-feira, 6 de dezembro de 2017



                 Mistério inexplicável


       
         Desde que minha mãe faleceu, tenho um cantinho onde presto culto aos meus antepassados com uma vela de sete dias, que mantenho acesa sempre.... É o altar de casa, onde peço a Deus que ilumine os caminhos dos que já partiram, e estes por sua vez protejam os que ficaram...
    Ao longo desses doze anos, a vela me revelou coisas extraordinárias. E volta e meia levo um susto porque ela prenuncia fatos inexplicáveis. Eu sei que vela é vela mas o fogo é que me impressiona. As labaredas parecem ter vida própria. Ela se apaga quando há uma corrente de ar, e se queima naturalmente quando tudo está em ordem.
           Mas, percebi que as chamas falam comigo. Incrível, não é?
        Sei que não sou uma pessoa espiritualista com dom especial e muito menos entendo de bruxaria... Mas, já ocorreram fatos inacreditáveis, que só posso atribuir ao Divino, que ouve minhas preces.
        Quando a família está em crise, com problemas que parecem insolúveis, a vela não queima certinha. Ela se derrama dos lados e fica toda borrada... Ou pega fogo no papel que a envolve e levanta labaredas que parecem incendiar a casa. O Nori diz nessas horas que a qualquer hora vou botar fogo na casa... Outras vezes, a vela se apaga sem mais nem menos, mesmo protegida das correntes de ar. E lá vou eu acendê-la de novo. E de novo ela se apaga. E assim fico teimando por uns dias, até ela se firmar...
        Mas, esta semana aconteceu um fato que realmente  me marcou. A vela estava protegida e queimando certinha. E de repente, levantou uma labareda muito alta sem nenhuma razão. Apaguei e cortei o envoltório de papel, para evitar que acontecesse de novo e a acendi... Daí a pouco, nova labareda se formou e derreteu toda a vela como se fosse uma massa compacta, sem ter chegado até o fim. Ficou de um jeito que não poderei aproveitar o protetor, porque o vidro ficou bem trincado ...
        E o inacreditável foi que ocorreu logo em seguida um problema muito grave que  poderia acabar com a Ciranda... Passei três dias desnorteada, sem conseguir pensar direito... Entretanto, nesses momentos é que mais precisamos orar e assim fiz. Pedi ajuda dos céus... E graças aos bons espíritos e a ajuda de cirandeiros mais sábios conseguimos superar a crise, e realizamos a última ciranda do ano.
        E tudo correu bem, e estamos reprogramando as atividades do ano que vem, com o apoio de todos, porque ninguém quer acabar com o nosso grupo. Já se tornou indispensável para muitos. Acabar a Ciranda? Nem pensar!
        O que ocorreu foi muito triste e deprimente, mas só balançou um pouco o grupo. E penso até que foi um teste, porque todos saímos mais fortalecidos dessa crise. E mais unidos do que nunca. A  Ciranda  tem que ser União, compreensão e companheirismo. Sem isso, não há Ciranda.
        Entretanto, estou escrevendo isso porque há alguma coisa inexplicável nas chamas de uma vela, quando prenunciam acontecimentos futuros. Quando a vela queima certinha, tudo corre bem. Mas, quando ela se borra toda ou levanta labaredas já sei que algo extraordinário vai ocorrer... e isso é assustador.
        Por que ocorre isso?
        Alguém já teve experiência semelhante?
        Alguém pode me explicar isso?

        Mirandópolis, 06 de dezembro de 2017.
        kimie oku in

       

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