quinta-feira, 27 de setembro de 2012


8. História de Mirandópolis

dos anos 40/50
Relato de Elídio Ramires


      Mudança para o Paraná e volta a Bauru

            Embora já tivesse iniciado no ramo da advocacia como estagiário tocando vários processos em parceria no escritório de um amigo em Bauru após o encerramento de minhas atividades comerciais em 1970, por sugestão de meu irmão José, no início de 1972, resolvi com a devida aprovação da Neiva, iniciar minha atividade de advogado com banca própria, em Nova Esperança, no Paraná, onde meu mano era comerciante muito conhecido e bem relacionado. Lá, com o apoio de meu irmão, fui advogado da Associação comercial, da Prefeitura e assessor jurídico da Câmara Municipal de Uniflor, cidade vizinha, cujo Prefeito era amigo do José. Como jornalista, criei um boletim informativo na Associação Comercial e colaborei semanalmente com o jornal local, “O Regional”, escrevendo artigos de cunho político e jurídico.
Infelizmente, apesar dos bicos profissionais da prefeitura, da Câmara de Uniflor e da Associação Comercial que me cedeu as salas da própria sede para instalação do escritório de advocacia, a renda  da banca como profissional não deslanchou, em face de a cidade já contar com três advogados antigos e bem relacionados.
As circunstâncias me levaram a buscar novo caminho e, entusiasmado, com o sucesso que faziam na cidade os produtos BATAVO, produzidos pela Cooperativa Central de Laticínios do Paraná, principalmente o iogurte, tive a idéia de tentar obter  concessão para a sua distribuição no interior do estado de São Paulo, com sede da sua distribuição em Bauru. Fui à sede da Cooperativa em S. José dos Pinhais: consegui a concessão sob contrato e voltei no final de 1973 para Bauru.
Associei-me no empreendimento com meu irmão Antônio, alugamos um local adequado: registramos a firma; compramos uma câmara frigorífica de 45m3, 4 peruas isotérmicas e iniciamos a comercialização dos produtos em supermercados da região.
O início do negócio nos primeiros meses foi um sucesso, que logo foi arrefecendo em função da sabotagem que fomos sofrendo dos vendedores das outras marcas mais conhecidas do mercado, que ao colocar seus produtos nas câmaras dos mercados, afastavam nossos produtos para lugares inadequados, furavam os potinhos de iogurte e falavam mal do produto.
Os prejuízos foram se acumulando e em poucos meses tivemos que encerrar as atividades, vendendo câmara e peruas  para um  supermercado de Sorocaba.
Mudança para Andradina
 e o cargo de Inspetor de Trabalho

Com o fracasso do empreendimento, o caminho seria voltar a advogar. O problema era saber onde montar a banca. Entremente surgiu a abertura de um concurso para Inspetor Federal do Trabalho exclusivo para pessoas formadas em Direito, com limite de idade em 45 anos, o que me permitia participar, pois estava com 43.
Fui a S. Pulo; me inscrevi no concurso, que foi realizado no mesmo ano e felizmente me sai muito bem nas provas.
Como não havia perspectiva de quando sairia o resultado e a respectiva nomeação dos aprovados, acabei aceitando sugestão de minha irmã Elza e meu cunhado Arnaldo, moradores antigos e bem relacionados em Andradina, para ir  advogar na cidade. Era o ano de 1974.
Na presunção, quase que absoluta, que se saísse minha nomeação para o cargo de Inspetor do Trabalho, poderia exercer  o cargo lá mesmo em Andradina, onde já existia um Posto Regional do Trabalho, não tive dúvidas em enfrentar mais uma mudança, com a devida compreensão de minha mulher e dos meus filhos, já todos adolescentes.
Tive boa recepção na cidade, onde encontrei muitas pessoas conhecidas, inclusive de Mirandópolis. Instalei meu escritório de advocacia, mas exerci a profissão apenas pouco mais de um ano, uma vez que em 1975 saiu minha nomeação para o cargo de Inspetor Federal do Trabalho, que assumi escolhendo para trabalhar na própria cidade de Andradina, cuja indicação foi aprovada pelo Delegado Regional do Trabalho em São Paulo, na época, Dr. Vinicius Ferraz Torres.
Após a posse, iniciei meu trabalho apenas como Fiscal, visitando empresas, fazendo autuações quando necessário, e dando plantão no Posto Regional, que era dirigido por uma senhora não concursada e sem formação universitária, que não sentindo-se à vontade  com a minha presença na Unidade, pediu transferência para outra cidade.
Fui então nomeado Chefe do Posto, função que exerci até 1983. Durante o período, voltei a exercitar minha vocação de jornalista colaborando frequentemente com o “JORNAL DA REGIÃO” de Andradina, desta feita, mais sobre assuntos jurídicos e trabalhistas.
Durante os oito anos que morei em Andradina, tive a oportunidade de visitar muitas vezes Mirandópolis e conviver com velhos amigos, como Orlando Barbosa de Oliveira e Rubens Jordani, inclusive participando com a família em um churrasco na fazenda que possuíam nas barrancas do rio Paraná.
Entre as visitas uma me causou muita satisfação, uma vez que me deu a oportunidade de dar uma última ajudasinha para o progresso de Mirandópolis, foi quando em fevereiro de 1978, estive na cidade acompanhando o Dr. Vinícius Ferraz Torres, Delegado Regional do Trabalho em São Paulo, em visita a Andradina e região, para tratar da instalação também de um Posto Regional do Trabalho em Mirandópolis, tendo sido recebidos pelo então Prefeito Lourenço Marcos Fernandes, que deu todo apoio à iniciativa, tendo a unidade entrado logo em funcionamento com a cessão de um funcionário do Posto de Andradina.
Em 1979, um pouco cansado com a rotina das questões trabalhistas, resolvi participar do concurso para Agente Fiscal de Rendas, aberto naquele ano no governo Paulo Egydio Martins. As provas foram realizadas em Araçatuba e dos quase 50 mil candidatos que prestaram exames no Estado, foram aprovados 1.400, entre os quais peguei o 371º lugar. A nomeação dos aprovados, entretanto demorou 4 anos para acontecer, uma vez que o sucessor do Governador Paulo Egydio, o ilustre político Paulo Maluf, entendia desnecessário o Fiscal de Rendas. (continua na próxima semana)

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