Como eu gostaria...
Gostaria
de escrever só coisas agradáveis para deixar meus amigos contentes. Gostaria de
saber usar o verbo só para transmitir alegria.
Gostaria
de saber usar as palavras de um jeito que consolasse quem está magoado. Gostaria
de passar boas ideias para espantar a tristeza dos dias vazios.
Gostaria
de passar imagens positivas e despertar o entusiasmo nos jovens. Gostaria que
os meus textos fossem uma linda canção, que encantasse quem a ouvisse.
Gostaria
de passar força e coragem para as pessoas pelejarem com alegria, todos os dias
de suas vidas, sem esmorecer nunca. Gostaria
de estimular quem está desanimado, empurrar quem está parado, acelerar quem
está quase parando.
Gostaria
de dar forças aos desalentados, de despertar a fé em quem não crê. Gostaria de ouvir
as pessoas sós, que não têm com quem conversar.
Gostaria
de inspirar as pessoas a construírem coisas boas, que sirvam à comunidade. Que
suas vidas não sejam vãs. Que deixem um bom legado neste mundo, comprovando sua
passagem.
Gostaria
de despertar os jovens para a realidade da vida. Gostaria que eles não
buscassem ilusões nos descaminhos que destroem. Gostaria que eles parassem, observassem, refletissem e aprendessem com os
erros dos outros, para não errar também. Sem que ninguém precise chamar-lhes a
atenção.
Gostaria de ajudar os que sofrem, dando-lhes
um pouquinho de alento enquanto me leem.
Gostaria...
gostaria... gostaria...
Apenas
desejos. Apenas sonho. Apenas anelos.
Quem
deveria ler, não lê. Quem não quer aprender não imita, nem pratica os bons
exemplos. Quem quer se realizar o faz sozinho, sem um empurrão alheio.
A
humanidade é complicada e difícil de entender. A maioria não lê. A maioria não
faz reflexões. O máximo que faz é criticar posturas de outrem, sem uma análise
profunda das razões, que há por trás delas.
E
tudo é modismo. A tevê pregou? Tá na moda! Por que o ser humano gosta de se
rastejar, quando pode andar verticalmente? Por que não age de acordo com seu
pensar? Por que gosta só de imitar, mesmo que seja ridículo? Por que não usa mais
sua massa cinzenta?
Na
última crônica, revivi a vida dura que nossos pais e, nós mesmos levamos quando
jovens, porque tudo era inaccessível, caro e difícil. Não existia tecnologia e
tudo era rústico, bruto e pesado. Todo trabalho exigia o esforço humano e, muitas
vezes, esforço sobre-humano para vencer dificuldades, porque as máquinas não
haviam sido inventadas. As semeaduras e colheitas eram feitas só manualmente,
mas quem estava disposto a vencer não entregava os pontos. E assim, foram
construídas casas, pontes sobre rios, poços foram furados, florestas imensas
derrubadas, águas represadas. Tudo no muque, na força do braço humano.
Musculação era cultivada no trabalho, na lida dura de cada dia. Sem luxo, para
sobreviver.
Como
conseguiram?
É
que encararam toda obra grandiosa como um desafio a vencer. Ninguém ficou
sentado à beira do caminho, pedindo para o Governo vir socorrer.
O
homem tinha brio. E acreditava em si mesmo.
Hoje
tudo é difícil, não dá, o governo não ajuda, não compensa. Tudo eu, tudo eu!
Em
que curva do caminho, a humanidade se perdeu assim? Ninguém mais tem força para
escalar, subir os degraus, um por um. Quer ir logo ao topo de uma vez e ainda
quer ajuda... Em que volta dos caminhos, ele perdeu o brio, o orgulho de lutar
e vencer? Até onde irá essa inércia, essa preguiça humana?
Como
será o futuro da humanidade?
Mirandópolis
abril de 2013.
kimie oku in
cronicasdekimie.blogspot.com
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