terça-feira, 30 de abril de 2013




Paixão por fotografias


Sempre gostei muito de fotografias, principalmente das antigas. Elas contam através de imagens a história de um tempo que passou.
O princípio da fotografia está ligado à câmara escura, por onde se passa um feixe de luz para projetar imagens.


E a origem da fotografia está ligada a químicos e alquimistas que faziam experiências com feixes de luz, usando metais como prata, cobre e mercúrio para fixar imagens. Muitos séculos se passaram até que alguém conseguisse fixar uma imagem de verdade. O sucesso ocorreu com Henry Talbot e Louis Jacques Daguerre que após muitas tentativas, conseguiram fixar imagens reais.
 No começo, era tudo muito difícil. Aos poucos, porém, foram desenvolvendo técnicas para fixar e copiar imagens, até chegar à foto em branco e preto. Daí foi uma revolução. Os pintores de retratos da época pensaram que era o fim de suas carreiras. E propagou-se a ideia de que a fotografia roubava a alma de quem era copiado. Muita gente não aceitava ser fotografado por medo de ter a alma roubada. Crendice burra e inocente...
Daí pra cá, muita coisa mudou.
Antes, só se fotografava num estúdio, onde o fotógrafo escondia sua cabeça sob uns panos escuros, olhava para o cliente e dizia “Olha o passarinho!” e dava um clique. E a imagem era trabalhada numa câmara escura para ser revelada.
No início, todas as imagens eram em preto e branco.
Hoje há câmeras que fixam imagens coloridas e até tiram cópias instantaneamente.  E celulares também fotografam.
Existem fotografias famosas que curto muito. A mais chocante de todas é sem dúvida, da menina norte vietnamita, nua e ferida com as bombas napalm, fugindo do ataque aéreo lançado pelos sul vietnamitas, durante a Guerra do Vietnã.  Outra que chocou o mundo foi a do chinês que, tentou parar os tanques que avançavam contra a Praça Tiananmen, onde se concentravam os estudantes, em protesto contra o regime autoritário da China. Há ainda a foto dos Beatles, que revolucionaram a música, atravessando a Abbey Road em 1969, numa sincronia perfeita. A foto de Marilyn Monroe segurando a saia esvoaçante também é muito bela. Mas as mais interessantes, acredito que sejam a do famoso cientista Albert Einsten mostrando a língua para o fotógrafo e a do guerrilheiro Che Guevara, que se transformou em símbolo de liberdade e ícone no mundo inteiro.

Mas, não é sobre as melhores fotos que quero versar. Quero é falar da fotografia como testemunho de uma época, como registro de feições de pessoas ao longo dos anos. Sempre que olhamos uma foto própria pensamos “Como estou velha! As rugas se multiplicaram!” Anos depois ao ver a mesma foto, a gente muda imediatamente de opinião: “Puxa! Como eu era nova! Agora sim, envelheci de vez!” E assim, continuará até o fim. A fotografia mostra a verdadeira face que temos. Não a fotografia de photoshop, que corrige todas as imperfeições e exibe um rosto perfeito e irreal. Também não precisam exagerar como fazem as máquinas da Ciretran, que deformam as imagens das pessoas, que renovam ou solicitam Carteira de Motorista. Elas conseguem transformar todos em verdadeiros bruxos e bruxas...
Considero a fotografia um documento, um documento que não mente. Ela registra as mudanças que ocorrem com o rosto e o corpo humano ao longo dos anos, guardando imagens num pedaço de papel, que muitas vezes nem lembramos mais. As mudanças ficam gravadas para sempre. E aí está o encanto.
Ultimamente publicar no face book, fotos antigas e identificar as pessoas que lá aparecem com ajuda de amigos de diversos recantos, tem se tornado um grande passatempo. É gratificante de repente, relembrar nomes de amigos que estavam meio esquecidos... E rever suas imagens de tempos atrás, quando eram crianças ou adolescentes.
Nada é mais prazeroso do que ver fotos de momentos vivenciados com amigos há décadas atrás, que nos fazem voltar ao passado e relembrar uma época que ficou para sempre na memória.
Gosto muito de tirar fotos de flores, de animais, de paisagens. Mas, nada supera o prazer de fotografar gente. Cultivo uma ideia há anos: Se pudéssemos fixar e conservar as fotos de todas as gerações de nossas família, poderíamos comparar as mudanças que vieram ocorrendo ao longo dos  tempos. Infelizmente, não tenho nem fotos de meus avós paternos, pois lá nos princípios de 1900, a fotografia ainda não era acessível como é hoje. Era um luxo exclusivo das pessoas abastadas.
Por tudo isso, costumo fotografar a família em qualquer reunião, para registrar os momentos compartilhados. E até já contei a história da família Osaki através de fotos, as registrei em DVD e distribuí cópias para todos os membros. Assim, as imagens ficarão preservadas.
Mesmo na Ciranda que já tem dois anos e meio de existência, vou fotografando os Encontros, guardando imagens de felicidade dos amigos que lá vão cirandar. E com isso, percebi que fiz uma coisa ótima: imagens de amigos que partiram ficaram preservadas. Já perdemos sete amigos cirandeiros nesse período, mesmo porque todos são pessoas idosas, e morrer faz parte de nossa existência.
        Quando começo a matutar com os meus botões, me passa uma tristeza tão grande. É que a gente vive com tanta gana, com tanto afã, com tanto entusiasmo e no fim, tudo acaba. Quando a vida se vai, tudo acaba. Fica apenas um nome e algumas fotografias. Quando muito, restará um nome numa das ruas da cidade, no banco do jardim, na lápide do túmulo. É certo que as imagens e os sentimentos permanecerão um bom tempo entre os familiares. Mas, até isso acaba passando. Os mais chegados também irão morrendo e as lembranças serão enterradas com eles.
É por isso que, quando pego uma foto antiga, fico imaginando a história daquela personagem, os desejos e sonhos que cultivou, o que conseguiu realizar, se foi feliz, se de alguma forma valeu a pena viver.
Porque no fim, ficarão para a posteridade apenas nomes e algumas  fotografias. Por isso, fotografar é preciso.

          Porque uma imagem vale mais que mil palavras.


          Mirandópolis, abril de 2013.
Kimie oku in cronicasdekimie.blogspot.com


 Legenda: 1 - antepassados dafamília Osaki
               2 - antepassados da família Tsutsumi
               3 - papai e mamãe
               4 - Noriyoshi e Kimie



2 comentários:

  1. Muito bonita as palavras sobre a vida em retratos, fica na história e para a prosperidade e lembranças de um passado que se foi repentinamente e que registra a vida das pessoas antes da eternidade. Hoje talvez na era digital quase nada ficará registrado, se perderá nos HD e nas maquinas, porque elas são peças descartáveis e perderão no tempo. Temos que revelar nossas fotos e guardar com carinho para que fica uma lembrança que não se apagará. Parabéns amiga Kimie Oku Seja Feliz.

    ResponderExcluir