terça-feira, 23 de abril de 2019


            Em nome de Deus
        José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura publicou certa vez um ensaio na Folha de São Paulo, intitulado “Em nome de Deus”.  Foi a propósito dos ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas de Nova Iorque.
       O texto era tão comovente, que num impulso escrevi uma carta para o autor. Não sabia onde morava, nem nada. Mas a enderecei à Redação do Jornal, que a enviou ao destinatário em Lanzarote, nas Ilhas Canárias a Oeste do Continente Africano.
       No texto ele declarava a sua indignação contra ações executadas em nome de Deus, destruindo vidas inocentes. Dizia que Deus está inocente desses atos terroristas, que  pecador é o homem que usa o nome de Deus para justificar suas barbáries. Ele citou várias ações perpetradas pelo homem em nome da Religião. Na África e em várias partes do mundo. Sempre usando o nome de Alá, de um deus especial para matar suas criaturas...
       As palavras eram tão fortes que me passaram a impressão que o escritor falava em nome de Deus mesmo. Não o deus Jesus Cristo, não o deus  Alá, não o deus Buda, não o deus Jeová... Mas, o único Deus que realmente existe e leva diversos nomes nas diversas religiões.
       Eu me lembrei desse fato nesta semana por causa dos ataques terroristas nas Igrejas e nos Hotéis em Sri Lanka, que vitimou centenas de inocentes. Gente que morreu sem saber a razão do ataque.
       O que será que está acontecendo com a humanidade? Já não bastam a fome, as doenças, as guerras, os tornados, os terremotos, os maremotos? É preciso o homem se tornar inimigo do próprio homem? Por quê tanto ódio, tanto rancor?
       O fato que mais me tocou no ensaio de Saramago foi o seu declarado amor à humanidade. Ele escrevera aquele texto movido por imensa piedade pela humanidade, que não sente a dor do outro. Ele declarou a inocência de Deus nessas tragédias armadas pelo homem. 
        E ele era ateu! Na resposta que ele me escreveu de próprio punho, disse que Deus foi uma invenção dos homens...
       Se foi ou não, chego à conclusão que os homens usam  e abusam do nome de Deus para perpetrar as maiores atrocidades. Isso não é Religião.
       Deus nunca está presente nesses ataques.

Mirandópolis, abril de 2019.
kimie oku in




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