Cuidar de idosos
Ultimamente tenho visto cada encrenca por
causa de filhos, que não querem cuidar de seus pais. Pais doentes e internados,
e esses mal agradecidos relutam em estender a mão, em visitá-los, em passar um
dia ou uma noite com eles.
Por quê o ser humano é tão ingrato? Por quê é tão frio?
Na escola ensinamos que devemos amar e
respeitar os pais, porque sem eles não estaríamos aqui. E durante décadas
cultivamos as homenagens aos pais em maio e em agosto, com flores, cartões,
presentes e festas.
Hoje vemos os Hospitais com velhos
abandonados, os Asilos abarrotados de gente triste que não recebe uma visita
sequer...
Sinal dos tempos? Materialismo puro?
Falta de Religião? Ou Desamor mesmo? Madre Teresa de Calcutá disse que a pior
doença do mundo era a falta de amor. E é verdade.
Tem gente que diz: “Não gosto de
hospitais!” E quem gosta? Lá só tem doentes e é um ambiente triste, onde
pululam vírus e bactérias. E onde morrem os pacientes, volta e meia. Mas, alguém
tem que fazer o trabalho sujo, e esse alguém tem que ser um filho, uma filha,
mãe, pai, irmão... E a maioria das pessoas delega essa dura tarefa para aquele
filho ou filha que tem mais sentimentos...
E nunca reconhecem o quão difícil é essa tarefa para a pessoa que se
dispõe a fazê-lo. Acham muito natural
que o coitado se rale, e fique todo dolorido por dormir em cadeiras
desconfortáveis como acompanhantes... Dormir quando o paciente lhe permite,
porque muitas vezes o sofrimento e os gemidos do doente não lhe permitem nem
cochilar. Um dia, essas pessoas alienadas também se encontrarão em situações de
emergência, em que serão internadas.
Porque o destino de todo doente é o Hospital. E aí será a vez de ser
cuidada por alguém. Será que alguém cuidará delas, se sempre foram omissas com
a dor alheia?
Felizmente, hoje há os acompanhantes e
cuidadores que, mediante um certo valor se dispõem a substituir os familiares
nessa dura missão. Mesmo assim, a vigilância de familiares é indispensável,
para que o doente seja bem cuidado. O
home care também foi um bom avanço na sociedade moderna. Penso, porém que está
havendo certo abuso em alguns casos de solicitação desse serviço. Gente que não
quer cuidar do parceiro com Alzheimer, com mal de Parkinson... Que me perdoem certos usuários do home care,
mas acho que esse serviço deve ser para pessoas acamadas, para doentes
terminais, para doentes sem mobilidade... Porque se todos começarem a exigir
assim, metade da população mais jovem ficará a serviço dos pacientes... E quem
irá trabalhar? Quem irá produzir e prover a sociedade?
Tem gente que diz: “Não gosto de velório!”
E quem gosta? Quem gosta de funeral, de
cemitério? Ninguém gosta de ver o outro
sofrendo, chorando, gritando de desespero. Mas, é preciso ser solidário,
estender a mão para quem chora, dar-lhe um abraço para partilhar a sua dor, porque
a nossa vez chegará também. E quando tivermos que velar alguém da família,
esmagados pela dor da perda, certamente gostaríamos de ter um ombro amigo para
nos consolar.
A vida está repleta de dores, de mágoas,
de tristezas. E a nossa missão é sempre tentar diminuir isso e confortar quem
sofre.
Seria ótimo se tudo fosse bonito, só
festas e flores, não?
Mirandópolis, junho de 2019.
kimie oku in
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