domingo, 13 de novembro de 2011

AMIZADE VIRTUAL


  
 Após longa resistência, acabei capitulando para o mundo da informática. Não queria começar,  por completa falta de jeito, e medo de me sentir tão incompetente, diante da máquina.
 É que não gosto de telefones comuns, de celulares, de computadores e outros que tais.
Fiquei dois dias totalmente atarantada, por não conseguir abrir os e-mails que havia recebido, e muito mais, por não poder responder a eles. 
Mas meu filho me deu uma força, dizendo que há 25 anos  está no mundo digital, e ainda não domina muitos procedimentos.
Toda vez que, vejo pessoas lidando com computadores, tenho a impressão que são tão competentes, que sabem bem o que estão fazendo, e me passam muita segurança .
 Mas, comigo é diferente. Eu me sinto verdadeiramente idiota, por ser dominada por um botão ou tecla, que de repente apaga tudo, e fico sem saber como recuperar. 
E quando vejo  crianças de sete, oito anos que fazem misérias, brincando, percebo que sou uma analfabeta virtual. 
Mas eu fui alfabetizada no lápis e borracha, na leitura de cartilhas de papel, e minha cabeça não estava programada para escrever em telas . E eu não sou um robô.
 Estranho mundo ! Sempre achei que, poderia cumprir meu destino aqui na terra, sem me envolver com essas máquinas. 
Entretanto, como escrevo crônicas para o Diário de fato, senti que deveria pelo menos tentar. E aqui estou, errando, corrigindo, errando de novo, corrigindo de novo, enfim, tentando . 
Talvez, um dia, consiga ser  capaz de digitar meus textos, mesmo porque os jovens do Diário sofrem para entender os meus escritos a lápis, que é como escrevi até agora.
Tenho também amigos, que estão tentando me ajudar nessa empreitada, mas há momentos que, suas mensagens parecem conter sugestões, de um código completamente desconhecido. 
E aí, fico perdida de verdade. Mesmo assim, vou tentando, porque acho que é um desafio, e não quero desistir.
Com essa experiência que estou tendo, descobrí que o mundo digital é muito silencioso e triste.    A gente tem contatos com os amigos,  mas à distância, sem olhar a figura do outro, em "chokusetsu", como se diz em japonês, que quer dizer contato direto, pessoalmente.
 Falar com um amigo à distância se justifica, quando o outro  mora longe e não se pode visitar facilmente. 
Mas, morando na mesma localidade e limitar os contatos  a um mouse, a um teclado, a mensagens na tela é deprimente. 
Quando falo com alguém, gosto de olhar o seu rosto, de  sentir a impressão do outro sobre o que falamos.
 Na realidade, o que levamos dessa vida? São os momentos de paz, de felicidade? 
Então, por que deixar essas máquinas ocuparem o lugar das visitas, da graça de horas agradáveis na companhia de amigos?  
Não raramente, tenho ouvido amigos dizendo "...depois passo um
 e-mail para a gente se falar". Esquisito! Por que não falar pessoalmente? Falta de tempo?  Força do hábito...outros tempos... Não entendo.
Acho que estamos perdendo tanta coisa boa para essas máquinas. 
As pessoas se comunicam por celulares, e não falam com as pessoas ao seu redor,  como se fosse perda de tempo. 
Em casa, todas as pessoas ficam o tempo todo, olhando para a tela da tevê. Estamos caminhando para uma época, que os pais não conhecerão os filhos, que viveram juntos na mesma casa, porque ninguém olha prá ninguém.
 E eu quero continuar a cultivar a sensibilidade humana, sem deixar que essas máquinas me dominem.
Que os computadores sejam um instrumento de trabalho.
E que jamais substituam  os amigos.

       Mirandópolis, outubro/2011
           (kimieoku@hotmail.com)                           

  

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