sábado, 12 de novembro de 2011

OS BANCOS DA PRAÇA





Os bancos da praça  

 

Quem andar pela praça Manoel Alves de Ataíde e atentar            para as inscrições nos bancos que lá estão, perceberá que elas contam parte da história de Mirandópolis.
Os bancos de granito creio eu , foram ofertas de cidadãos e comerciantes, que há tempos atrás  doaram para a comunidade.
Se olhar bem as inscrições, perceberá que muitos deles  nem moram mais aqui, ou já partiram para sempre.
É assim que a história de uma cidade vai-se construindo, com a contribuição de  algumas pessoas generosas, que pensam no bem estar de toda a população.
Os bancos são bem disputados quando a praça está cheia. E nas manhãs frescas, muitas pessoas idosas descansam suas pernas, dando uma pausa neles. Os bancos mais disputados são os que estão nas sombras das árvores. Mesmo porque, o cidadão cansado poderá apreciar o canto dos pássaros, sentir o perfume das flores, ou mesmo a passagem de uma brisa refrescante.
Eu me lembro de um tempo passado que, o prefeito eleito tinha sempre a prioridade de refazer a praça, como se não quisesse lembranças do antecessor, à vista de toda a população. Arrancava-se tudo e refazia o jardim, como se fosse a coisa mais urgente a se executar no município. Felizmente essa época de  vaidade das vaidades já passou.
Uma praça precisa de árvores, muitas árvores, canteiros ajardinados, chãos  bem calçados para o transeunte não tropeçar e cair, e bancos seguros para as pessoas se assentarem.
Gostaria de dizer que a nossa praça está bem tratada, mas seria uma mentira, porque  nos canteiros não há flores,  as árvores precisam de trato e poda,  e há bancos  assentados em chãos, cujas pedras estão se soltando.  Aqui e ali, as pedras soltas oferecem perigo constante aos transeuntes desavisados. É urgente recolocá-las porque as crateras estão crescendo, e logo, logo será impossível andar  no jardim. E  é mais econômico fazê-lo agora, enquanto  as falhas são menores. E antes também que os  acidentes se tornem constantes.
E acho estranho existir uma fonte que não funciona. Por que ela está tão abandonada? Falta de água ? O que aconteceu com as tartaruguinhas e os peixes que lá habitavam e encantavam as crianças?  Os passarinhos nem aparecem mais, porque além de não haver  frutas silvestres, agora nem água têm. Outro dia, vi uma fonte numa cidade vizinha,  lotada de passarinhos chapinhando e brincando. Pareciam crianças brincando em poças d’água,  depois de uma chuva de verão.
Houve um tempo em que a fonte tinha esguichos de água, que mudavam de cores conforme o ritmo da música. Era muito bonito. Por quê  tudo que é bonito tem que acabar ?
E os sanitários ?
Não somos tão atrasados assim, para deixar lugares de utilidade pública em completo abandono. Certa amiga minha passava perto de  uma  das praças, e foi abordada por duas senhoras  de fora, que queriam utilizar um banheiro. Disse-me a amiga que ficou tão constrangida, que  não soube o que dizer,  porque era um pecado mandá-las para aqueles sanitários impossíveis...
Sei que um administrador não dá conta de tudo sozinho. Mas para que servem os assessores? Será que ninguém se preocupa com  o bem estar do povo? Os encarregados  brincam de faz de conta ?
Estive olhando o busto do nosso fundador, arte de um mestre de maior respeito. Está totalmente abandonado no meio de um chão seco, sem um canteiro de flores. E não está na hora de se fazer justiça ao Professor Walter Víctor Sperandio, colocando sua assinatura na  obra ?  E de que vale eternizar  o busto do fundador, se está tão abandonado e descuidado? Desventurado senhor Ataíde....
Lembro que  uns anos atrás  havia um  zelador que trabalhava no bosque. Era um jardineiro que gostava do serviço, e sabia cuidar  bem do lugar. Varria os caminhos, recolhia os galhos quebrados  e enterrava as folhas secas. Cuidava das árvores com extremo carinho, e o Bosque sempre estava acolhedor. O mesmo não se pode dizer da praça. Está desolada e com aparência de total abandono.  E se fala tanto da Amazônia...A nossa Amazônia está aqui em nossos jardins, em nossas praças. Se não somos capazes de cuidar delas, como poderemos salvar a Amazônia?
Um jardim ou uma praça numa cidade deve funcionar como um oásis no deserto, oferecendo sombra, muito verde, bancos, água  e sanitários. Parece que  descaracterizaram essa função deles em nossa cidade.  Fonte não há. Só há um grande buraco sem função. Há sanitários em estado lastimável. E o verde  parece que migrou para outro lugar. Para onde foram as flores ?  Jardim que se preze tem que ter flores, ou não é jardim ! Não há flores, não há borboletas, beija-flores, pássaros....
As nossas praças  estão longe de se parecerem com oásis. Fala-se tanto em defesa da natureza, do meio ambiente  e    a praça  nunca chamou a atenção desses projetos. Muito estranho, porque é possível  transformar o nosso jardim num cartão postal da cidade. Não é preciso muito. Boa vontade e funcionários,  que  amem a natureza  farão a diferença.
Acredito sinceramente que há  gente competente,  para realizar um bom trabalho de recuperação de nossas praças. Só é preciso  um plano bem elaborado  e a colaboração de clubes de serviço.  Porque, vejo sempre os clubes e sua ala jovem se envolvendo em ações sociais louváveis.
Mirandopolenses, que tal   todo mundo se envolver nessa empreitada? Vamos recuperar a nossa praça ?
        Antes que ela morra.
                                        Mirandópolis, novembro/2011.
                        Kimie Oku  (kimieoku@hotmail.com)
      

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