sexta-feira, 25 de novembro de 2011

LITERATURA - A MONTANHA MÁGICA


         Certo amigo confessou-me que o livro "A Montanha  Mágica"  de Thomas Mann (1875 - Lubek, Alemanha/1955 - Zurique, Suíça) mudara o seu caráter. De um homem afoito e cínico passara a ser mais tolerante e gentil com as pessoas.
          Li o livro.
          É uma leitura densa, chega a ser dolorosa, pois focaliza a vida num sanatório, para curar tuberculosos da região.
          O hospital estava localizado no alto de uma montanha. A vida fluía diferente. O tempo que demorava a passar era permeado de doentes que chegavam, que choravam , que se revoltavam. Era um mundo de tosses, febres,  termômetros, cobertas,  mantas... e a morte que sempre visitava os alojamentos.
          Lá só estavam os doentes, os  enfermeiros, os médicos; e a vida girava em torno de medicamentos, de injeções, de breves esperanças e grandes recaídas...
          E lá na planície, de onde vieram os doentes, a vida fluía num outro ritmo - cada dia era uma luta, cheia de esperanças, para vencer os problemas do cotidiano, na competição por um lugar ao sol.
          O sonho de todos os doentes era voltar para a planície, onde julgavam estar a verdadeira vida.. 
          Mas entre longas internações e breves altas do Sanatório, o herói da história vai percebendo a passagem do tempo: o tempo acelerado da planície e o lento escoar das horas tristes no hospital.
          E devagarinho, devagarinho, ele vai sentindo que as experiências da doença e da morte próxima  vão polindo o seu coração, levando-o a uma inesperada elevação, que não alcançaria jamais na vida na planície.
          A doença e a morte seriam passagens necessárias para o saber, para a saúde e para a vida.
          Na montanha, a elevação.
          Na planície, a mesmice da vida sem sentido.
          É difícil ler Thomas Mann.
          Tanto na  A  Montanha  Mágica como em  Morte   em Veneza, o seu estilo peculiar  que dá margem a dúbias interpretações, deixam o leitor abalado. Suas frases, suas asserções ficam martelando a cabeça por muito tempo, e não é fácil apagá-las.
          Mas,  A  Montanha   Mágica  tem realmente o poder de intervir  no comportamento das pessoas.
          Para melhor, felizmente.

                                       Mirandópolis, junho de 2011.

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