quinta-feira, 24 de novembro de 2011

LITERATURA - CONVERSA NA CATEDRAL




      Finalmente, a Academia Sueca de Ciências concedeu a Llosa, o Nobel de Literatura..
              Demorou, mas enfim, tiraram o chapéu a esse extraordinário escrevinhador peruano, que há décadas vem sendo lido em várias línguas no mundo todo.
             Quando se fala em Llosa, lembro-me sempre que, há mais ou menos vinte anos atrás, li a sua  "Conversa na Catedral". Fiquei tão impressionada com sua maneira de narrar os fatos históricos ali relatados, que acabei doando o livro para o Fred, a esse mesmo Jânio Alfredo, Redator-mor do semanário Meu Jornal.
             Lembro-me que anotei tanta coisa em suas páginas, destacando expressões que me tocaram, e ainda  fiz 
uma dedicatória ao amigo. 
            O Fred por sua vez, também impressionado pelo conteúdo da obra, não conseguiu guardá-la no armário.
 Passou-a  a amigos comuns nossos, que também se comoveram com o relato dos fatos ocorridos nos bastidores 
da História Oficial do Peru. 
            Agora com o Nobel, que mais que tudo justificou a nossa velha admiração por Llosa, 
queríamos fazer o caminho inverso e recuperar  a Conversa,
 mas foi impossível. 
Deve ter ficado em alguma curva dos caminhos percorridos..
            Aquela Conversa na Catedral, aquele volume em si mesmo, 
para nós tem um valor histórico, 
pois passou de mão em mão,
como obra preciosa e 
emocionou tanta gente diferente. 
Hoje seria uma relíquia das emoções vividas por nós , há quase duas décadas,
 quando a leitura de um bom livro 
era a maior curtição.
Mesmo lamentando a perda, espero que esteja em boas mãos, e que faça a felicidade  de outros tantos.
            Mário Vargas Llosa,
peruano e espanhol, cidadão do mundo, 
põe no papel os mesmos
 sentimentos de inconformismo, 
que transbordam de nossas almas,
 diante das atrocidades cometidas 
 pelo homem contra o homem.
            Mário Vargas Llosa escancarou para o mundo, a selva, os vilarejos, as matas inóspitas, os povoados e os pequenos rios escondidos e esquecidos.. Mostrou que o Peru não é só  Macchu   Picchu  e  os  incas.
           Mário Vargas Llosa se dissolve de compaixão e ternura pela vida miserável 
dos índios peruanos,
 dos  pequenos ladrões,
 das pobres prostitutas 
 e dos homossexuais tão discriminados...
           Mário Vargas Llosa,
 defendendo  sua pátria e seu povo, 
sonhou um dia ser Presidente, 
para corrigir os desmandos  e 
desvios dos outros.
           Mário Vargas Llosa  viu seu povo preferir os desvios e os desmandos 
de um Fujimori...
Desventurado povo...
           Mas, Llosa foi laureado.
           Foi laureado por tudo que semeou, pelos ideais que defendeu,
 pelas razões que combateu, 
por tudo que escreveu e pregou.
          Às vezes,a Academia acerta.

                  Mirandópolis, novembro de 2010.
kimie oku

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