domingo, 4 de dezembro de 2011

CONCLUSÕES PRECIPITADAS

          Certo cidadão japonês tomou  um dia o trem, para ir a Tókio.
      O vagão estava vazio. Ele sentou-se e começou a conferir a agenda da semana.
      Algumas estações depois, ele percebeu que o trem ficara lotado. E bem à sua frente, estava uma senhora de pé carregando um bebê.  Mais que depressa, o cidadão levantou-se  e ofereceu
 o lugar para ela.
      Ela agradeceu e, ao invés de se acomodar, puxou uma menina de uns sete anos de idade, 
e fê-la sentar-se.
      O cavalheiro ao ver o desenrolar de sua boa ação ficou decepcionado. ( Ofereci  o lugar para ela por causa do bebê, e ela o cedeu
 para essa garotinha ? 
Que mulher tola!)
      Alguns instantes depois,  enquanto o homem remoía a sua frustração, a menina perguntou : 
"_ Mamãe, onde você está?"  e estendeu as mãos para o lado contrário da mãe. 
E esta "_ Estou aqui, filha, fique tranquila."
E tocou no ombro da menina.
      Foi então, que o cidadão percebeu que a menina  não enxergava. E ao constatar isso, foi tomado de remorso por ter pensado mal da mulher.  Intimamente, pediu perdão a Deus,
 pela conclusão precipitada.
      Logo, a passageira e  seus filhos chegaram à estação de seu destino.
 A  mãe pegou na mão da menina e disse 
 "_ Filha, vamos descer aqui".
 E, voltando-se para o homem,
 agradeceu novamente  
a cessão do lugar.
      Agora mais  tranquilo, enquanto elas desciam, ele pediu a Deus, que abençoasse
 a mulher e sua família.
      Muitas vezes, nós cometemos enganos semelhantes, por julgamentos precipitados.
 E às vezes, isso acaba provocando atritos e situações desastrosas, que levam a desentendimentos e até,
 a rompimentos de velhas amizades 
e de relações familiares.
      Todo ser humano é capaz de ajuizar mal algumas situações. E isso acontece amiúde, porque é humano e não consegue enxergar
o outro lado da moeda.
      Esses fatos ocorrem no dia a dia, entre os familiares, com os colegas 
de trabalho, nas compras...
      Quanto a compras, eu mesma tive  uma experiência semelhante.
Comprei um produto, que em poucos dias apresentou um grave defeito.
 Sentindo-me lesada, fui à loja  e falei com o gerente. Ele foi muito atencioso, e pediu para uma funcionária tomar as devidas providências,
para me ressarcir.
      E a funcionária, ao receber a ordem do chefe, ficou irritadíssima, e me destratou como se eu fosse culpada do produto ter-se estragado. 
 ( Tenho 68 anos e não  costumo gritar com ninguém, e acho que mereço 
 um   mínimo de respeito)
       Fiquei muito surpresa com 
a  grosseria da mulher. Não polemizei com ela, 
 e nem a denunciei, porque achei que poderia custar-lhe o emprego.
 Ela ficou  de me ligar.
      Um mês após e sem nenhum  contato, fui à loja para saber do resultado. Nenhuma solução.
 O produto estava lá , esquecido num canto. 
E eu tive que repetir toda a história, 
para outra funcionária. 
      Em uma semana , me entregaram novo produto, e me pediram mil desculpas,
 pela humilhação que passei.
 A mulher irritada ? Não a vi mais.
     Ninguém tem o direito de, fazer pré-julgamentos sem ouvir as pessoas.
 Tanto é que, quando alguém comete grave delito, mesmo ele tem direito  à defesa.
     E nenhum Tribunal moderno e assentado em bases democráticas,
 condena ou libera um suspeito, sem ouvir as partes envolvidas no conflito.
     No caso citado da criança cega, tudo terminou bem, porque a obviedade da situação, despertou a consciência do homem , que
ajuizara mal a ação da mulher.
     No meu caso com a funcionária da loja,acredito que ela me julgou culpada pelo
 produto ter se estragado.
 E me atacou gratuitamente, talvez por outras razões que desconheço.
     Levadas pelas urgências do dia a dia, as pessoas não querem perder tempo, não escutam as outras,  e acabam criando situações 
desagradáveis e imperdoáveis. 
E estas situações são como nós 
em novelos enroscados -
 você vai puxando o fio da linha, e mais nós vão se formando, e embaraçando tudo.
    Enfim, uma conclusão precipitada  conduz a vários nós ou estrangulamentos. Por isso, é importante desfazer logo o primeiro nó,
 para evitar outros.
    Ou evitar o primeiro nó.
    Como?
    Prestando mais atenção nas falas das pessoas, nas razões que alegam,
 procurando a essência da questão, 
para ponderar com calma. 
    E só então, tirar uma conclusão.
    Os noticiários de tevê  diariamente, apresentam  fatos corriqueiros
 mal interpretados, que  acabam se transformando em boletins de ocorrência, nos distritos policiais.
 Ocorrências que, poderiam ser evitadas, se alguém não tivesse tirado conclusões 
 levianas e precipitadas.
    E é mais fácil evitar esses incidentes, se a gente se colocar no lugar do outro. 
Assim é possível analisar melhor a situação, sem cometer erros.
    E então ? Há alguma  questão martelando
 a sua ideia?
    Pare. Pense. Coloque-se no lugar do outro. 
    Pondere com calma.
    Tenho certeza que  a conclusão  será correta.
    E não haverá constrangimentos.

                           Mirandópolis, agosto de 2010.
                                       kimie oku

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